{4} Estranhos

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Domingo, 24 de setembro de 2006

No Beco Knockturn, Harry esvaziou seu copo de café de papel e rapidamente o jogou em uma lixeira próxima, lançando olhares furtivos ao redor enquanto Malfoy tomava seu próprio café em um ritmo vagaroso, como se eles tivessem vindo para o submundo decadente do Mundo Mágico para nada mais do que um passeio à tarde. Como era domingo, a rua estava vazia. Um exemplar perdido do Profeta Diário, levado pelo vento, era sua única companhia visível.

"Beba isso mais rápido, Malfoy, ou eu o farei engolir, com copo e tudo", disse Harry, com os dentes cerrados.

Malfoy revirou os olhos. "Um dia desses, os membros da sua equipe vão se cansar de você mordendo a cabeça deles a cada oportunidade que tiver, Potter. Não conte com uma simpatia infinita por sua situação."

"Não quero saber de simpatia", respondeu ele, passando a língua sobre os lábios secos. "Não espero que ninguém me agradeça quando essa merda acabar. Eles podem me criticar, podem até me denunciar. Caramba, quer saber, os superiores podem até me demitir. Contanto que eu leve esses pedaços de merda à justiça no final, ficarei satisfeito. Isso alivia suas preocupações?"

"Sim, estou sempre tranquilo", respondeu Malfoy, finalmente terminando sua maldita xícara de café e jogando-a no lixo. "Vamos embora. A loja deve estar aberta. Sempre está."

"Adorável" disse Harry.

Eles se dirigiram à Borgin & Burkes e ele empurrou a porta, entrando, com Malfoy logo atrás dele. A loja escura e empoeirada parecia ter vida própria. Os itens expostos, as máscaras que se erguiam das paredes, os instrumentos pontiagudos pendurados no teto, tudo era um turbilhão de magia. Escuro, insidioso, venenoso. Quase uma canção, um lamento. Harry exalou e pôde ver sua respiração. Mas não porque estava frio. Atrás do balcão, Borgin estava fazendo anotações em seu livro de registro.

"Auror Potter", disse ele, com uma voz entediada, sem olhar para cima. "A que devo esse prazer?"

"Fico feliz em saber que é um prazer para você, Sr. Borgin", disse Harry, aproximando-se dele. Ele decidiu pular as gentilezas e ir direto ao assunto em questão. "Precisamos que nos conte sobre sua recente viagem a Belgrado."

"Para que?" disse ele, pousando a pena e finalmente olhando para cima. "Não consigo imaginar por que o DMLE poderia querer saber sobre minhas viagens de negócios desinteressantes."

"Nós decidimos por nós mesmos o quanto elas são interessantes" respondeu Harry, sacando a varinha. "Quem você encontrou lá e por quê?"

"Apenas um comprador estrangeiro interessado em um dos meus itens", disse ele, sem demonstrar nem um pouco de desconforto. "Viajei até lá, fechamos o negócio e eu voltei. Nada fora do comum. Não verifico o histórico de meus parceiros de negócios. Na verdade, prometo a eles discrição, portanto, não há muitas informações que eu possa dar."

Harry sorriu. Um sorriso frio que não chegou a seus olhos. Nesses casos, o elemento surpresa era crucial. Ele não sabia o quanto Borgin era capaz de proteger sua mente, mas também não queria esperar para descobrir. Com uma rapidez praticada, ele agitou sua varinha.

"Legilimens!", disse ele.

Foi fácil localizar a memória. Na verdade, ela estava pulsando bem na frente da mente de Borgin. Apesar de sua aparência externa, ele estava nervoso com isso. As imagens passaram rapidamente na frente dos olhos de Harry. O luxuoso bar de um hotel de Belgrado. Um jovem desconhecido, com o rosto meio envolto em sombras por causa do capuz de sua capa, que ele havia colocado sobre os olhos. Um pacote trocando de mãos. Uma voz aveludada, com um pronunciado sotaque do Leste Europeu.

Our Memory, Unbroken | HarmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora