{8} Acertos de contas

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Malfoy não disse nada. Aquele maldito brilho de triunfo falou tudo. Girando em seus olhos. Provocando Harry. Dizendo-lhe que ele havia vencido.

Faça isso, a magia negra sussurrou para ele. Apenas faça.

Ele viu vermelho. A raiva pulsou em sua corrente sanguínea.

Ele merece.

Por trás de seus olhos. Contorcendo seus músculos. Raiva. Uma cobra, pronta para atacar, morder, mutilar, rasgar.

Matar.

Apontando para a morte. Harry levantou a mão, ainda segurando a faca. Um movimento do pulso, a linha tênue entre a vida e a morte.

Você merece isso. Vingança.

Os lábios de Malfoy se contraíram. Um sorriso. Um desafio. Um maldito convite.

Faça isso, porra!

Harry fez sua mira. Ele a enterraria bem em seu crânio. A faca. Ali e agora. Nada de julgamentos fictícios, nada de farsa chamada justiça.

Faça isso logo, seu covarde de merda.

E então ele viu. O rosto dela, o lábio inferior trêmulo, os olhos castanhos arregalados, sombreados pela confusão. Desamparo. Seu sorriso. Ele ouviu sua voz, sua risada. Ele os sentiu. Fragmentos de um passado quebrado, como se chovesse sobre ele do céu. Um vestido vermelho e um buquê de rosas brancas. Uma dança no meio de uma floresta. Em um corredor escuro. Bolos de caldeirão e cartões de sapo de chocolate.

Ele não podia fazer isso com ela. A eles.

"Foda-se!", ele gritou.

Girando, ele jogou a faca, enterrando-a na parede já rachada, observando a teia de veneno da aranha negra se espalhar apenas por alguns segundos antes de deixar a corrente cair no chão. Respirando fundo algumas vezes, ele se dirigiu ao canto onde Hannah havia se encolhido. Ela ainda estava inconsciente. Ele sussurrou um silencioso Rennervate. Os olhos dela se abriram.

"Harry?", perguntou ela, depois de se sentar e sacudir a cabeça. "Como? O que..." E então seu queixo caiu quando ela olhou ao redor da cela. "Você me deixou atordoada", disse ela, levantando-se com dificuldade.

"Sinto muito" respondeu Harry em voz baixa, enxugando o suor da testa. Ele não estava arrependido.

"O que você fez?!"

Ele deu de ombros, resistindo à vontade de gritar com ela. "Nada."

"Isso não é nada?", perguntou ela, apontando para a parede rachada.

"Eu não toquei nele", disse Harry. "Precisamos oferecer um acordo", acrescentou, com os dentes cerrados. A sensação era de estar abrindo caminho para dentro de si mesmo e torcendo seus próprios órgãos internos com as próprias mãos. "Ele tem a cura."

Duas semanas depois

Dessa vez, ele havia escolhido uma sala de interrogatório diferente. Cores mais claras, cadeiras mais confortáveis. Sem algemas. Ele preparou duas xícaras de café. Acendeu um cigarro e franziu a testa para a pilha de papéis sobre a mesa entre os dois. Era como conversar com um amigo.

"Nunca pensei que o último depoimento que eu faria no DMLE seria o seu", disse ele, dando uma longa tragada no cigarro.

"Sim", disse Ron, soltando uma risada amarga, coçando a nuca. "A vida é engraçada assim às vezes. Posso ficar com um?"

Harry franziu uma sobrancelha e empurrou sua mochila na direção dele. Ele estava sem mochilas novas.

"Pensei que você não fumasse. Parece que sou uma má influência para as pessoas."

Our Memory, Unbroken | HarmioneOnde histórias criam vida. Descubra agora