O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Entro no escritório de Ravi, olho sua mesa, é estranho estrar aqui e não ver ele, caminho até a cadeira "do patrão" e me sento, antes de abrir seu notebook, paro para pensar no apelido que Fellippo chamou Ravi na biblioteca.
Raposinha, era como se eu já estivesse ouvido antes, porém não me recordo, a lembrança parece querer vim, mas algo a impede, é sempre assim, nunca consigo lembrar das coisas que esqueci por causa do acidente, creio que não foram muitos acontecimentos, mas são passagens essenciais em minha vida, meus amigos de infância, por exemplo, não lembro o nome, o rosto, nada de fisionomia, apenas a carreira que queriam seguir, algumas coisas da minha adolescência também não lembro, são fragmentos soltos e sem sentidos, os médicos que fiz acompanhamento na época, disseram que em algum momento essas lembranças poderiam voltar, ou não, e eu teria que conviver com esse vazio em minha mente.
Balanço minha cabeça e abro o notebook, terminar meu trabalho logo e depois meu projeto de hotel sustentável, no protetor de tela, vejo uma foto de Ravi e sua esposa, eles se olhavam tão apaixonados, abro um sorriso de lado, espero que um dia, eu tenha um olhar apaixonado assim direcionado a mim, deve ser bom, amar e ser amado. Eu amo o Léo, tivemos um relacionamento, mas funcionamos melhor como amigos, e sabemos disso, nosso amor é de amigos, não de homem e mulher.
Levo um susto, quando desbloqueio a tela e surge uma foto de Alina e Ravi, foto essa que eu nem sabia que existia, os dois sorriem para câmera, um sorriso verdadeiro e iluminado, é linda essa foto. Fico uns segundos admirando a imagem, até que me toco e abro o sistema da empresa.
Isabella passou meu acesso, do computador que uso, baixei algumas imagens que vou precisar, o arquivo que estou usando, trouxe tudo para o notebook do Ravi, abri o projeto e dei continuidade a ele.
Uma última imagem e perfeito, marketing pronto, só enviar para aprovação, entro na área de fotos e vídeos do Ravi, e saio a procura da minha imagem, pelo caminho, vejo várias fotos dele com a esposa, em vários locais diferentes, no casamento deles, inauguração de alguma coisa, são muitas fotos, e em todos há muito amor. Achei minha imagem, clico para abrir, mas não sei como, acabei abrindo a janelinha que estava ao lado, não tinha imagem, só o nome "Ravi", tento fechar depressa, porém parece que o mouse trava e abre-se uma aba, a primeira imagem que aparece é de Celine, mas ela está debilitada, me lembra muito Alina no início do tratamento. Aperto desesperada tudo que é tecla, para ver se o vídeo sai, isso não é meu e me sinto invadindo a privacidade de Ravi assistindo, não consigo tirar e então o vídeo começa a rodar, olho para a tela.
— "Oi amor, creio que se você está assistindo esse vídeo, eu não me encontro mais aqui. — Celine diz com a voz baixa e olha para o lado. — Sei que está sendo difícil para você, me ver decair a cada dia que passa, ver que o tratamento não pode mais fazer o efeito esperado, mas quero que você seja forte, quando eu me for, quero que seja o Ravi cheio de vida que conheci e me apaixonei. — outra pausa, ela está cansada, e o choro a deixa mais cansada ainda. — Sinto muito por não termos mais tempo de ter nosso filho, sei que é seu sonho ser pai e me desculpa por não está aqui e realizar esse desejo seu, mas eu espero e desejo que você ame novamente e encontre alguém especial, que vá completar sua vida, a vida não para com a minha morte Ravi, apenas a minha que encontra o descanso, você ainda é jovem, cheio de vida, de sonhos, merece ter alguém ao seu lado, que te some e te ame, da forma como você merece. Então amor, viva, vai para o mundo e ache a sua outra metade, como você mesmo diz, temos duas almas gêmeas, sinto que partirei em breve, mas torço para que a vida lhe traga o seu primeiro amor, e se não for ela, que a vida te traga um novo amor.
