Capítulo 25

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Era final de tarde e o sol não iluminava completamente o ambiente fechado. Não haviam janelas no corredor. A luz estava com defeito e oscilava com frequência, como se estivesse prestes a entrar em curto e apagar completamente. Vozes infantis eram reproduzidas não muito próximo ao local e mal se podia notá-las. Uma voz gutural quebrava o silêncio, maldizendo a iluminação e abafando completamente os ruídos provocados pelas crianças.

Seu olhar tenta dar um rosto aquela voz, mas falha miseravelmente. Não havia mais ninguém ali e ela continua sua tarefa desbravando o ambiente, que apesar de familiar, era um tanto solitário e assustador. Um corredor longo e silencioso que marcava a entrada de muitas salas cujas portas ainda fechadas, caracterizavam um certo padrão. Estava sozinha e por mais que tentasse, não enxergava nenhuma figura humana no local. Um vento frio advindo da única porta aberta perpassa entre ela, fazendo sua pele arrepiar-se. A luz do sol que se projetava pelas janelas iluminava a sala e ela sente que deveria entrar para alcançar aquela claridade. Não estava muito distante daquela porta e era possível ouvir o som de galhos de árvores balançando pelo vento enquanto alguns galhos arranhavam o vidro do qual ela sabia que compunha a fileira de janelas daquela sala.

Uma centelha de esperança nasce em seu peito, mas o susto provocado pelo barulho da porta se fechando de repente a faz dar um salto, renovando seus receios. Seus dedos alcançam a maçaneta, mas não consegue abrir.

Elizabeth sente seu medo crescer e não consegui entender o porquê. Aquele lugar lhe era familiar, muito familiar, mas não conseguia pensar direito. Já estava cansada. Usara todos seus esforços para abrir aquela maldita porta, mas nada parecia adiantar.

O ranger de outra porta a faz olhar para traz de forma imediata. Era uma porta que se abria e dessa não vinha nenhuma fresta de luz ou esperança, apenas uma sensação estranha que a fazia suas pernas vacilarem, sentido o peito arder pela dificuldade de respirar. O corredor estava ainda mais escuro e mesmo que não saísse ninguém, ela sentia uma presença assustadora. Como se olhos gigantes e curiosos a observassem de forma invasiva. Aquela presença era forte, sentia vontade de gritar e perguntar quem estava ali, mas um nó se formara em sua garganta e a impedia de gritar.

Passos fortes quebram o silêncio. O barulho seguia um ritmo lento, porém seu barulho era marcado pelo som que assumia em seu próprio peito.

Ela não era do tipo que sentia medo das coisas, mas não podia evitar temer uma presença marcante e desconhecida. Os passos se tornavam mais fortes e o barulho provocado pelo atrito entre os sapatos e o assoalho, fazia seus cabelos arrepiarem a medida em que se aproximava. Suas mãos estavam frias e molhadas de suor enquanto suas pernas davam sinais de fraqueza.

Relutante, Elizabeth levanta o olhar na direção do barulho, na expectativa de identificar a identidade da pessoa que se aproximava, mas a luz fraca e oscilante a impediam de formar uma imagem focada. Uma silhueta de estatura sobre-humana começa a tomar forma. Era alta, muito mais alta do que podia imaginar.

O coração dela vacilava, sentia as batidas fortes em seu peito, reverberando em sua carótida que latejava pelo medo. Um suor frio se acumulava em sua testa e seus olhos arregalavam ao notar a silhueta tomar uma forma masculina, aumentando a sensação de pavor e ansiedade.

Mesmo próximo a ela, seu rosto não tomava forma, tampouco a pouca luz conseguia iluminá-lo. Mocassins de couro marrom era a única coisa que seus olhos conseguiam distinguir em meio a escuridão que circundava aquele ser. Não precisava reconhecê-lo para sentir a energia que emanava e a natureza de seus desejos. Queria lhe fazer o mal!

Um sorriso se formava no rosto escurecido pela falta de luz e ela podia sentir. Sabia que era o momento de correr, fugir daquele homem imediatamente, mas suas pernas vacilavam e sua voz parecia perdida em meio a confusão em sua cabeça, provocada pelo terror daquele momento.

Orgulho e Preconceito: Primeiras ImpressõesOnde histórias criam vida. Descubra agora