Prólogo

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Três anos antes

- Você não pode fazer isso irmão! Você não pode nos separar! O que você quer de mim? - Giorgianna fala em meio a um misto de emoções, explodindo o que parecia desespero, ódio, tristeza, dor... - Eu não vou sair daqui!

Darcy procurava forças em meio a devastação. Sua irmãzinha, seu bem mais precioso no universo...

"como poderia encará-la assim? O que ele poderia dizer que a fizesse sair dali sem olhar para trás?"

Giorgianna andara estranha nos últimos dias. Parecia rebeldia de adolescente ou mesmo uma fase advinda do luto pela morte dos pais. Havia pouco mais de seis anos que seus pais faleceram e esse assunto ainda era um tópico sensível entre eles. Ela sentia falta dos pais e era compreensível.

"Como uma menina tão jovem tem que enfrentar uma dor tão grande?"

Darcy acreditava que a falta de apetite, o temperamento instável e o desejo de se isolar estavam relacionados ao luto e a saudade dos pais. Ela andava cada vez mais estranha, agindo com hostilidade e seu comportamento ia de um estremo a outro em questão de minutos. As vezes muito irritada ou prestes a explodir em lágrimas.

Aquilo não era fácil para Darcy também, mas ele era o adulto responsável. Reconhecia seu lugar e seu papel como tal. Ele não poderia permitir que o crápula do George Wickham destruísse a vida de sua irmãzinha.

- Você tem duas opções - Darcy olha diretamente para Wickham, ignorando a imagem de uma Georgiana drogada e seminua na cama daquele crápula. Ela estava fora de si. Era perceptível o efeito de alguma droga que ambos usaram. O ódio era crescente em Darcy e ele tinha que fazer um tremendo esforço para não acabar com a vida daquele miserável - Você pode continuar o... relacionamento de vocês e enfrentar a justiça, pois irei denunciá-lo! Você será preso e terão que esperar até que ela complete a maioridade, pois até então, ela não pode dispor de muito além da sua mesada

- Não! Você não vai denunciá-lo! Ele... Ele pode ficar comigo d.depois. E... - ela mal consegui formar uma frase direito, mas o que ela pede causa repulsa em Darcy - irmão, eu o amo! Eu... Por favor?

Darcy estremece com a ideia de sua irmã continuar a viver naquele lugar imundo, privada de qualquer conforto. Tendo qualquer contato com... Ele?

"Não! Eu não poderia permitir essa monstruosidade com minha irmãzinha"

- Qual a segunda opção? - Wickham fala com um sorriso irônico que era sua marca registrada para provocar os piores sentimentos em Darcy. Ele sempre provocava os maiores desastres e sempre corria atrás dele quando precisava de ajuda e Darcy nunca se negava a ajudar. Era sempre ele que pagava as dividas que ele fazia enquanto Darcy trabalhava.

"Essa será a última vez!" Ele continua

- Ou você pode deixar minha irmã em paz, esquecer que um dia você nos conheceu e eu o deixarei ir. E esquecerei que eu também o conheci. - Darcy sabia que não seria tão fácil e que ele não sairia sem vantagens financeiras

- Vamos, Darcy... você pode fazer melhor do que isso!

- Você não vai... aceitar, né? - ela olha para George com os olhos chorosos, suplicando para não ser abandonada como um cachorrinho que está sendo abandonado na rua - Ele só está querendo nos separar... Você sabe que ele só quer nos separar... Voc. - ela engasga com o soluço de choro - você ainda me quer, né? Nós, nós ainda nos amamos

Aquela a afirmação mais parecia uma pergunta. Pergunta que George deu importância fingida. Ele a olha, abaixando-se para tocar o queixo dela e fala - Eu sei docinho, ele só quer nos separar! Ele está fazendo isso para destruir nosso amor

Darcy encara Giorgianna com tristeza, vendo-a tentar se cobrir. Ela o olha com um pouco de vergonha, mas com muita raiva. Darcy se odiava por vê-la assim e odiava Wickham por jogá-la contra ele.

"Ela está me culpando por separá-la dele? Ela realmente estava iludida e... apaixonada por ele?"

Com os olhos marcados pela maquiagem borrada, seus cabelos desgrenhados e extremamente magra... aquela figura não lembrava em nada a menininha loira que corria pela casa pedindo para brincar de pique-esconde. Aquela Giorgianna doce e sorridente que pedia por beijos e histórias antes de dormir... Não se podia encontrar nenhum traço daquela garotinha inocente. Agora só restava uma figura devastada, marcada pela dor e sofrimento. Com olhos que parecem ter perdido o brilho, emoldurados pelas profundas olheiras e um corpo fragilizado pela magreza.

Darcy sente seu coração afundar de tristeza e sua visão fica embaçada pelas lágrimas que se acumulam em seus olhos. Com muito esforço, ele se volta a figura masculina ao lado de sua irmã.

- Pare de tentar jogar com as palavras - ele fala tentando desviar do olhar irado de sua irmã - Você está conseguindo uma opção melhor do que merece.

George passa o braço em volta de Giorgianna e sorrir.

- Acho que não está me dando escolhas muito prazerosas, Darcy - ele ironiza com o duplo sentido da palavra, fazendo Darcy cerrar os punhos com força e seus olhos escurecer de raiva - tenho melhores sugestões

- A escolha não é sua, irmão! Eu posso tomar minhas próprias decisões - ela choraminga e Darcy chega ao seu limite. Não aguentando mais aquela conversa, ele pega o talão de cheques, preenchendo com um valor consideravelmente alto. Aproximando-se do criado mudo ao lado de Wickham, ele mostra o celular e o cheque

- Essas são suas duas opções, enfrentar as consequências dos seus atos para ficar com Giorgianna, sem dinheiro e na prisão! - Eleva o celular com o número da polícia exibido na tela, fazendo o mesmo com o talão na sequência - ou você pega esse dinheiro e some de nossas vidas para sempre!

Giorgianna cai no choro segurando o braço de George que a afasta, puxado o braço como quem espanta um bicho peçonhento. Ele se levanta pegando o cheque e olha para Darcy com deboche depois de conferir o valor.

- Você nunca decepciona, irmãozinho!

Darcy trava os dentes com o ódio que sente ao ouvir aquelas palavras e Giorgianna se agarra as pernas de Wickham implorando para que não a abandone

- Você não pode me deixar, meu amor! Eu... Eu quero estar com você! E... eu... eu preciso... de você, meu amor. Eu preciso - ela mal consegui terminar a frase em meio ao choro de desespero. Então Darcy entendeu que não era apenas do George que ela precisava.

Darcy engole em seco o nó que se forma em sua garganta ao encarar aquela cena humilhante para sua irmã.

George a encara com desprezo

- Você não vale o esforço, querida!

Ele se desprende das mãos que o seguravam pelas pernas com um movimento brusco, sem proferir nem mais uma única palavra. Dar as costas e some pela porta.

Deixando uma garota completamente destruída e seu irmão disposto a juntar colar seus cacos.

Orgulho e Preconceito: Primeiras ImpressõesOnde histórias criam vida. Descubra agora