Capítulo 3: Seja educado e o amor baterá na sua porta...ou na sua cabeça.

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"...Essas são apenas algumas das coisas monótonas que aconteceram por aqui nesta primeira semana.

Com amor, Sigrid.

Para: Nikki e Kat."

-Sigrid, são mais de oito e dez, vai se atrasar!!!- Vovó Margit grita através da porta do meu quarto que cheira a naftalina e madeira velha.
-Estou indo vovó, estava escrevendo uma carta porque...espere?! São mais de oito e dez?!-Me levanto, guardo meu estojo rosado em minha mochila laranja desbotada e abro a porta com força. Vovó não está mais lá. Então, acabo descendo as escadas como quando eu era criança, deslizando pelo corrimão. Meus pais odiavam.

-Bom dia Dušan, preciso que você me deixe...-O homem alto me interrompe enquanto joga cartas com Alfred, o mordomo da vovó.
-Desculpe senhorita Holt, sua avó sai em alguns minutos para o bingo semanal dela.- Ele entorta a cabeça e erge o lado esquerdo de seus lábios e sobrancelha.
-Oh, droga! E agora como eu posso ir pra faculdade?- Soltei meus braços e ergui minha cabeça fazendo careta.
-Pegue o ônibus das oito e quinze na entrada do condomínio, ele te deixará no centro e depois você terá que pegar outro ônibus para chegar a faculdade, ele fica na esquina do correio.-Ele gesticula com as mãos e eu tentei entender.
-Okay, obrigada Dušan.-Agradeci e saí correndo até a porta e depois pelo extenso jardim da casa.

Hoje é meu primeiro dia na faculdade, não estou animada. Não é oque eu queria, e eu vou me arrepender a cada período por não ter me imposto mais fortemente.
Quando cheguei ao ponto de ônibus, meu coração saltitava do peito até a garganta, e eu me pergunto inconscientemente por que estou fazendo isso?
Será que obedecer meu pai ainda é necessário?

Quando me dou conta, já estou no ônibus, ele está chegando perto do centro, mas ainda assim, vou chegar muito tarde na faculdade já que tenho que ir aos correios deixar minha carta para Nikki e Kat.
Apesar do misto de sentimentos que estou tendo, dentro de mim dizia uma coisa, como se algo muito bom fosse acontecer, e apesar disso, eu ainda penso naqueles sonhos que tive dias at...Cheguei no ponto final.

Desço as escadas do ônibus correndo e a neblina toma conta de toda a cidade, é impossível ver algo, mas eu tenho que correr.
De repente senti minha cabeça doer como nunca, sinto minhas pernas fraquejarem e caio no chão derrubando meus livros e minha carta.

-Ai!-Aquela voz...ela era a mesma...a mesma do sonho. Pude a ouvir mesmo com tudo girando a minha volta.- Você é cega, por acaso?- Quando consigo abrir meus olhos, o céu abriu e vejo um homem lindo. Seus olhos são azuis como o mar, seu cabelo grande e desgrenhado é loiro, mas em uma tonalidade única. Seu rosto tem uma forma quadrangular, ah...e aquele queixo repartido...ele é tão lindo que parecia ser um anjo.
-O-oque?- Perguntei quase babando.
-Eu perguntei se você é cega... Você derrubou todos os meus desenhos, lápis...tudo o que eu estava segurando.-Ele responde esbravecido e gesticulando, era impossível não notar seu rosto descontente.
-O que? Você que esbarrou em mim!-Eu estou tremendo, ele é mais alto e aparentemente mais forte. Talvez ele precise de um banho, ele tem um cheiro forte de whisky barato e suor.
-humph!-Ele resmunga algo inaudível e começa a recolher as coisas dele.
-Não vai me ajudar a levantar?-Segurei alguns livros olhando para as folhas dele, tinham desenhos estranhos e rabiscados, mas pareciam bem feitos e únicos.
-Não...-Ele responde seco e exita por alguns segundos, mas logo puxa minha mão e terminamos de recolher nossas coisas.
-Acho que isso é seu..
-Acho que isso é...-Respondemos ao mesmo tempo enquanto entregamos papéis um ao outro. Sorrimos e então virei o rosto com vergonha.
-Desculpe pelo... esbarrão...-Disse eu ofegante.
-Tudo bem...me desculpe também...- Ele resmunga e continua sorrindo, mas sem olhar pra mim, então ele seguiu pela rua atrás de mim e eu fui a enorme fila dos correios.

Meu coração estava saltitante, a voz dele ecoava em meus ouvidos. Era a mesma do sonho, exatamente a mesma. Poderia isso ser um sinal?

-Oh meu Deus, eu fiquei com o desenho dele!

-Oh meu Deus, eu fiquei com o desenho dele!

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Minha cabeça dói um pouco ainda, mas...por algum motivo, aquela garota chamou a minha atenção, além de por ter batido na minha cabeça, o jeito dela, o cheiro de alfazema, as poucas palavras que tocamos, enfim, tudo nela me fez querer por alguns segundos, viver mais.
Gostaria de talvez encontrar ela mais uma vez, acho que fui muito duro com minhas palavras. Mas ao mesmo tempo, me pergunto por que uma garota bonita como ela iria querer ver alguém sujo e triste como eu?
Enquanto penso sobre isso, conto alguns trocados que sobraram dos últimos shows que fizemos. Acho que dá pra tomar um café e comer um pãozinho no restaurante do Mhanuel.
Faz alguns dias que não o vejo nos shows, acho que o pai dele está cada vez mais severo quanto a essa questão de deixar ele sair, mesmo que ele tenha 19 anos.

-Pelle!- Mhanuel me vê a pelo menos 2 metros e chama meu nome com os braços abertos, enquanto todos em volta olham pra mim. Odeio essa atenção.
-Mhanuel.- Tentei esboçar ao menos um sorriso, mas eu não consigo ser emotivo como as outras pessoas. E isso é um problema.
-Veio tomar um café? Aproveite, meu pai não está aqui.- Ele põe a mão nas minhas costas, então eu entro no restaurante e sento perto da bancada. A irmã dele me serve um café quente e um pão macio com uma fatia de queijo suíço.-Como têm sido esses dias? Outro dia vi Euronymous dizendo coisas...ruins sobre você na loja dele, simplesmente por você não ir aos shows. Acho que ele realmente não entende como é difícil estar na sua situação.- Ele senta ao meu lado, mas fica de costas para a bancada, encostando seus cotovelos na mesma.
-Você já sabe como me sinto. E também eu não me importo mais com oque Euronymous pensa de mim ou não, ele é apenas um imbecil querendo atenção.- Fechei os olhos ao beber o café.
-É por isso que eu perdi a vontade de ir à loja dele.
-Eu gostaria de poder voltar pra casa. Esses dias recebi cartas da minha família, mas eu não posso. Pelo menos ainda não.- Passei a mão entre meus cabelos.
-Por que não pode?- Ele me pergunta intrigado.
-Estarei aceitando que me humilhem denovo.-Fechei o rosto ao terminar de beber meu café.-Mas também, acho que coisas boas estão para acontecer...
-A...morte...te contou?- Ele me pergunta um pouco assustado.

Mhanuel acredita, bom, ele diz que acredita quando eu falo sobre a morte. Eu tento evitar falar sobre.

-Sim, um pouco. Mas, hoje eu vi uma garota muito bonita quando estava vindo para cá. Na verdade nós demos uma cabeçada.- Vi com o canto dos olhos Mhanuel rindo.
-E como ela era?- Ele pergunta com as mãos cruzadas e um sorriso.
-Branca, tinha olhos azuis, cabelo liso e castanho mas curto. Ela parece normal, mas, pra mim ela era muito bonita.- Sorri ao falar dela, mesmo não sabendo seu nome.
E como vocês se esbarraram?- Ele pergunta ainda sorrindo, parecia realmente estar interessado na história.
-Acho que ela estava apressada, parecia perdida. A cidade estava com névoa, acho que ela não me percebeu e quando tentei desviar, era tarde demais. Ela parecia estar indo para a faculdade ou algo assim, estava cheia de livros e...pa...péis...- Abri minha pasta de desenhos e percebi que um dos papéis era uma carta, não era minha, mas tinha uma letra bonita e no fim estava escrito Sigrid.
-O que aconteceu?- Ele pergunta também observando minha pasta de desenhos.
-Ela ficou com o desenho que eu fiz da capa daquele próximo álbum que eu te falei outro dia e eu fiquei com a carta dela.- Suei um pouco, mas tentei ler o que a carta dizia. Estava escrito em inglês.
-Acho que você não deveria ler, talvez seja algo muito pessoal.

Mhanuel sempre teve esse jeito de fazer tudo certinho. Talvez eu não deveria ler, talvez ele estivesse certo, mas algo naquela garota me chamou muita atenção. Cada vez que relembro aquela cena...dolorosa, sinto meu coração bater um pouco mais rápido, é como se eu voltasse a viver.

-Eu acho que vou guardar, se um dia ela aparecer denovo, eu entrego a ela.- Guardei a carta no bolso, paguei meu café e me despedi de Mhanuel.

Amo-te morteOnde histórias criam vida. Descubra agora