Capítulo 11: Lágrimas de sangue

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—O que? Que barulho é esse? Onde eu estou?

É aquele mesmo lugar, o barranco onde o Per me levou. Está nublado, minha roupa está suja de lama e sangue e ouço um bebê chorar desesperadamente.

—Per?! Vovó?!— Chamo, mas é como se ninguém me escutasse. Estou sozinha, apenas eu, o vento e esse bebê chorando.
—Oh, você está aí.

O bebê está em uma cesta perto das raízes externas de uma árvore morta, sujo de sangue e coberto apenas por um pano. Ele se cala quando o pego no colo.

—Mas quem será que te deixou aqui bebezinho? Isso é tão desumano.— Seus olhos pequenos e azuis se concentram em minha boca.
—Ele é seu.— Uma mulher velha e mal vestida aparece atrás de mim.
—Como assim ele é meu? Eu sou virgem.— Ela chega mais perto de mim e toca com suas mãos geladas em meus braços.
—Não é mais. Você sabe que esse bebê é seu...— Ela olha pro pequeno ser em meus braços com certa tristeza.— E dele também.
—Como assim dele? Per? A senhora sabe onde ele está?— Ela derrama algumas lágrimas vermelhas como sangue.—
—Eu sinto muito.— Ela limpa suas lágrimas e se afasta.
—Do que a senhora está falando?— Ela se vira e vai até a ponta do barranco.— Ei, volte aqui!
—Você não pode fugir ao que lhe espera. Seu destino é seu, ninguém pode mudar, nem mesmo você.— Ela toca na cabeça da criança enquanto olha no fundo de meus olhos.— Esta criança, te ajudará a seguir o caminho da verdade. Ele veio para te salvar.
—Que verdade? Eu não estou entendendo nada.— A velha cai do barranco sem poder se segurar.— NÃOOOOOOOO.

—AAAA!!!— Dei um grito enquanto abri meus olhos e me levantei da cama abruptamente.

Que sonho foi esse? Quem era aquele bebê e aquela mulher velha? O que o Per tem haver com isso?

—Sigrid querida?— Vovó bate em minha porta, provavelmente eu a assustei.
—Sim vovó, está tudo bem. Apenas tive um pesadelo.— Falei assustada ainda tentando recuperar meu fôlego.
—Vou lhe fazer um chá de camomila, assim você pode voltar a dormir em paz.— Ouço ela descer a escada, então coloco meus pés no chão gelado e abro a porta do meu quarto.
—Vovó, posso fazer companhia a você?— Ela procura em seus potes de ervas as flores de camomila.
—Sim, sente-se.
—Eu tive um pesadelo estranho.— Cocei meus olhos.
—Sobre o que era esse pesadelo?— A água na chaleira estava levantando a fervura, eu conseguia ouvir de longe.
—Eu via um bebê, na verdade o segurei no colo. Ele tinha olhos azuis como os meus, mas também tinha uma velha que dizia coisas como se eu não pudesse mudar meu destino e que algo ruim iria acontecer.— Vovó ouvia atentamente enquanto adoçava nossos chás.
—É apenas um sonho, não se preocupe.— Ela toca em meus cabelos.— Sigrid, estou preocupada com você.
—Sobre o que?— Assopro o chá.
—Sobre aquele rapaz que veio mais cedo à nossa casa. Não achei ele má pessoa, mas ele não tem bons modos.— Ela pega uma lata de biscoitos no armário.
—Ah vovó, por favor. Você está agindo igual ao meu pai.— Revirei os olhos.
—Sigrid, estou falando para o seu bem. Ele não estava sequer bem vestido, estava com machucados pelo rosto por se meter em uma briga e aquele cabelo... Há quanto tempo ele não o lava?— Minha cabeça dói, meu corpo esquenta de raiva.
—Você sequer sabe sobre ele. Não se importou em perguntar sobre a vida dele e nem sabe qual o motivo de ele estar com machucados! Achei que você era diferente vovó, mas agora vejo que você é tão crítica quanto meu pai.— Levantei o tom de voz.
—Sigrid, acalme-se. Eu sou sua avó e exijo respeito de sua parte.— Ela bate na mesa e me olha com braveza no olhar.— Aquele rapaz não é bom pra você, ele não se importou em se arrumar ao vir aqui, imagine como seria no seu casamento com ele?
—Boa noite, avó Margit.— Levantei da mesa e coloquei a xícara gentilmente dentro da pia.
—Boa noite, Sigrid Amelie.

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