vanilla latte

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"Tempo, tempo, tempo, tempo...
Vou te fazer um pedido."

caetano, oração ao tempo

°°°

O tempo é uma incógnita. Se quatro dias atrás alguém me contasse que hoje eu estaria preparando o café da manhã na cozinha de um cara e vestindo apenas uma de suas camisas, com certeza eu só sorriria em negação e voltaria a viver minha vida metódica de sempre.

Mas o tempo brinca com a gente, ele só nos deixa acreditar que temos o controle do que estamos fazendo ou do que iremos fazer, enquanto nas nossas costas ele já tem traçado todo nosso destino. Quando percebemos, estamos envoltos numa teia de acontecimentos que nos leva a um ponto de virada em nossas vidas...

E é assustador. Muito assustador. Em um momento você está vivendo sua rotina normal, no outro você conhece alguém que te tira do eixo e mexe com o seu corpo, seu coração e sua mente. Você passa a perceber que não sabe mais em que ponto você está, mas sabe que qualquer novo passo pode transformar a sua história. Você não sabe se o que está vivendo está certo, mas sabe que viver aquilo é muito bom. Você sabe que as coisas estão se desenvolvendo rápido demais, ao mesmo tempo que você sente que não está vivendo aquilo o suficiente e quer mais. Muito mais.

E é assim que eu me sinto. Acelerada, fora de controle…

Dançando na cozinha de Serkan, não percebo quando ele chega e me assusto um pouco ao notar que ele provavelmente me viu no meu posto mais enérgico: bebericando minha xícara de café e ouvindo minha música favorita.

No entanto ele se diverte comigo, se aproximando de mim e me puxando para uma dança a dois, mais lenta… e eu sinto cada palavra da canção preencher minha mente, porque descreve o que eu estou sentindo.

Eu quero que Serkan seja alguém que fique na minha vida.

Minutos depois começamos a tomar o nosso café da manhã e conversar aleatoriedades, eu adoro conhecer novas coisas sobre ele. Hoje ele me mostrou a cicatriz que tem no tornozelo, que ele "ganhou" quando Engin estava o ensinando a andar de bicicleta e ele simplesmente despencou ladeira abaixo. Também contou sobre a mãe dele ser uma boa designer, mas que se afastou da área depois que o pai dele faleceu.

Certa hora ele diz, "Minha mãe provavelmente vai te amar, só pelo fato de você estar me alimentando bem às nove horas da manhã… quando eu te apresentar a ela e você contar que também trabalha com moda ela nunca mais vai te largar" e assim eu sou totalmente tomada pela paranóia novamente.

Quando estamos só nós dois, eu esqueço o mundo lá fora. Faço e falo coisas que em situações diferentes eu não me comprometeria... mas quando eu paro pra pensar que posso estar assumindo coisas de maneira rápida demais, sinto como se um grande relógio estivesse olhando pra mim e me desafiando a contrariar o que o tempo e o destino colocou na minha frente.

Acho que consegui disfarçar o meu choque e Serkan não percebeu o dilema que rondava a minha mente. Então terminamos o café da manhã, brincamos um pouco com Sirius mas eu precisava voltar para a minha realidade.

Agora estou no meu apartamento sozinha e tomada pela insegurança. Me sinto idiota por pensar demais, mas é difícil não estar no controle. Preciso conversar com alguém…

"Fifi, tudo bem que eu vá até a sua casa hoje a noite? Preciso conversar com alguém e acho que só você vai me entender melhor" deixo uma mensagem privada para ela.

"Mi casa es tu casa! Pode vir aqui a hora que quiser"

Com sua resposta positiva, saio e vou trabalhar. A tarde é cheia, muitas coisas sendo revisadas nesse período do mês, o que alivia um pouco minha cabeça sobre o tópico: pensar no Serkan.

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