Loving you is the best part of me.

Shut up, mom.

Lauren POV.

05:02 da manhã. Deveria ser a vigésima vez nessa madrugada que eu pegava o celular para conferir a hora. Eu já havia levantado para ir ao banheiro duas vezes, já havia descido até a cozinha para pegar um copo de água e já havia observado Camila dormir por um longo tempo. Mas ela também não dormia profundamente, não como sempre, naquele sono que podem cair as paredes e ela não acorda - mas acorda se eu saio da cama, vai entender. - . Camila se mexia inquietamente na cama, já havia puxado o cobertor apenas para si, me deixando descoberta, já havia murmurado e choramingado algumas coisas, até que eu a cutuquei de leve, temendo que ela estivesse tendo um pesadelo, por quê mesmo estando mal, eu queria ter a certeza de que Camila estaria bem.

Desde a conversa com meus pais e os pais de minha namorada, eu estou com uma angustia sem tamanho. Um aperto no peito, um nó na garganta, um choro que teimava em descer, mas eu não deixava. Durante essa madrugada inteira que passei feito zumbi, eu só tentava achar uma solução para tudo isso. Eu pensava em falar novamente com meus pais, tentar colocar na cabeça de minha mãe que eu amo Camila e que nada irá mudar isso. Mas do que adiantava enganar a mim mesma? Do que adiantava me iludir? Eu sabia que isso não adiantaria. Já tentamos conversar e se minha mãe não quis me ouvir antes, não será agora que ela irá querer. Além disso, tem Alejandro. Alejandro. O homem que sempre me tratou bem, que sempre me acolheu, para mim, era como um tio, e agora, quando eu a sua filha, sua própria filha, mais precisamos, ele age assim. Eu estava decepcionada. Decepcionada com minha mãe e com Alejandro. Ao mesmo tempo eu me sentia mal por ser o motivo de Camila ter escutado tantas palavras duras de seu próprio pai.

Ah, esses pensamentos! Minha cabeça estava um inferno, eu senti que iria enlouquecer. O que eu mais queria era poder sumir com Camila para qualquer lugar, qualquer lugar que fosse apenas ela e eu, esquecendo o mundo a nossa volta. Mas não tem como. Todos nós precisa encarar certas coisas na vida, por mais dolorosas e cruéis que sejam.

Depois de mais algum tempo me revirando na cama, minhas costas já doíam por tanto tempo que eu estava parada ali, sem fazer nada. Me levantei calmamente, com a maior cautela do mundo, para que Camila não percebesse e segui para o banheiro. Assim que entrei, fui para em frente ao espelho. Olheiras, olheiras, e mais olheiras. "Você está um caco, Lauren.", pensei para mim mesma. Assim como em um flashback, pude ver nitidamente em minha mente, minha mãe gritando como uma louca, gritando com Camila, gritando para que ela não me tocasse, para que ela não secasse minhas lágrimas, lágrimas essas que estavam sendo causadas pelas palavras dolorosas que ela mesma estava falando. E eu senti. Senti as lágrimas novamente se formando e enchendo meus olhos. "Você não vai chorar agora, Lauren, não vai." Pensei comigo mesma, já que não podia falar. Não queria que Camila acordasse. "Você não passou a madrugada inteira segurando isso para chorar agora. Não seja ridícula.". E como se meu corpo debochasse de meus próprios pensamentos, ele permitiu que minhas lágrimas fossem liberadas. Caindo incessavelmente, elas banhavam meu rosto. Não quis parar. Não me castiguei por isso. No fundo, eu sabia que isso não iria passar enquanto eu não colocasse para fora.

Joguei-me no canto no banheiro, abraçando minhas próprias pernas e repousando a cabeça nos joelhos. Chorei. Chorei, talvez, como nunca antes. Coloquei para fora minhas lágrimas e junto com elas toda angustia e rancor que eu estava. Talvez fizesse uma meia hora que eu estava ali, daquele mesmo jeito. Já podia perceber os pequenos raios de sol pedindo passagem pela pequena janela do banheiro.

Eu estava tão inerte em meus pensamentos que mal percebi quando a porta se abriu, mostrando a imagem da garota dos olhos castanhos. Ela vestia uma camiseta cinza enorme que ia até a sua coxa, e nos pés uma pantufa cor de rosa, os cabelos desajeitadamente presos em um nó frouxo e no rosto uma expressão que não consegui decifrar. Ela parecia assustada, parecia preocupada e ao mesmo tempo me lançou um triste olhar.