lights are on

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Nós andamos por provavelmente 15 minutos sem parar.

Até chegarmos em uma praça muito bonita.

Eli parou e olhou em volta.

— É um lugar bonito, não é? — Fiz que sim com a cabeça, tentando notar todos os detalhes daquele lugar em que eu nunca tinha ido. — Encontrei sem querer um dia.

— Que baita sorte. — Ele riu e eu também.

Nós nos sentamos em um banquinho que tinha ali e nos beijamos. Nos beijamos muito. Como se nós nunca tivéssemos feito aquilo. E foi bom.

Mas uma coisa me incomodava. Me incomodava muito.

Tentei deixar isso de lado e aproveitar.

Eli contava agora alguma coisa que aconteceu na infância dele. Eu ria de algumas coisas. E então ele começou a falar da cicatriz.

— É por isso que eu tenho essa coisa no rosto. — Encarei ele, e levei cuidadosamente minha mão até a cicatriz dele.

Minhas mãos tocaram a cicatriz, Eli fechou os olhos.

— Eu gosto da sua cicatriz. — Ele sorriu fraco. — É sério. Acho que posso até considerar uma das coisas que eu mais gosto em você.

— E por que você gosta tanto dela? — Ele perguntou, agora de olhos abertos que me encaravam curiosos.

— Mostra que você é forte. — Ele sorriu, um sorriso daqueles que nós damos quando ficamos "derretidos" por dentro por alguma pessoa. — A única coisa que prova mais força do que uma cicatriz externa é uma cicatriz interna.

— Por que? — Desviei o olhar para frente..

— Ah, algumas das cicatrizes internas não cicatrizam como as externas. As vezes ficam doendo como se aquele machucado tivesse acabado de ser feito.

— S/n... — Ele segurou meu rosto, fazendo com que eu olhasse para ele.

— Sim? — Senti minha voz falhar, e uma vontade imensa de chorar se aproxomar. Fechei os olhos com força esperando que passasse.

— Fala comigo. Você está bem? — Abri os olhos para encará-lo, eles estavam cheios de lágrimas.

— Não totalmente. — Ele me abraçou pela cintura e deixou um beijo na minha testa.

— Você não está sozinha. Eu estou aqui.

— Eu sei que você está... — Disse sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. — E as vezes eu desejava que não estivesse...

— O que? — Ele perguntou confuso. — Do que você está falando?

— Eu sou uma completa bagunça, Eli. Eu não quero que a minha merda te atrapalhe. — Ele negou com a cabeça, seus olhos marejados.

— Não atrapalha, é sério. Nem um pouco. — Ele forçou um sorriso, mas eu neguei com a cabeça.

— Eu não posso fazer isso com você...

— Não pode fazer o que? — Ele riu fraco. — Claro que pode. Eu te dou permissão para fazer o que quiser comigo. — Sorri, mas dentro de mim, eu já tinha tomado uma decisão.

— Eli... — Ele fez que não com a cabeça, com lágrimas nos olhos.

— Você não precisa passar por isso sozinha!

— E eu não preciso te arrastar por toda a minha dor e fazer você sofrer comigo!— Ele não disse nada. Suspirei e disse de uma vez: — É melhor a gente... terminar.

Eli não disse nada. Ele se levantou e nós começamos a voltar para minha casa. Eu sabia que ele não me deixaria voltar sozinha.

Eli chorava e eu também.

eu deveria ter feito isso desde o começo, deveria ter evitado a dor para nós dois.

Eu não posso fingir que estou bem, e que vou ficar bem quando sei que não.

E eu não quero prejudicar o Eli com isso.

— Eli — Disse quando chegamos na porta da minha casa e ele se virava para ir embora.

— Oi? — Sua voz era baixa e triste.

— Eu te amo. Muito. — Ele sorriu fraco.

— Eu também te amo muito, S/n. — Fui até ele e dei um abraço apertado.

— Me desculpa por ter que fazer isso.

— É claro que desculpo...

— Sabe... Não existe um amor que seja como o nosso amor. Mas eu não podia continuar... Espero que entenda. — Nós nos separamos do abraço.

— Um dia eu vou entender, e daí eu venho falar com você. — Sorri fraco.

— Faça isso. — Respondi baixinho.

ʟᴇᴛ ɪᴛ ᴀʟʟ ɢᴏ || ғᴀʟᴄᴀ̃ᴏ.Onde histórias criam vida. Descubra agora