always

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Esse capítulo contém maiores gatilhos, cuidado!

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Entrei em casa e abracei minha mãe.

— O que foi? — Dei de ombros e sorri para ela. — Aconteceu alguma coisa?

— Não, tá' tudo bem. — Ela sorriu fraco.

— E como foi com o Eli? — Dei de ombros de novo.

— Foi como sempre....

— Então foi bom?

— É, foi... Foi bom.

— Fico feliz em saber disso. — Ela realmente estava feliz. Eu podia ver no seu grande sorriso genuíno.

E isso me deixou pior, porque o que eu planejava fazer... Tiraria aquele sorriso dali.

— Eu vou dormir... Estou cansada.

— Ah, ok. Boa noite, querida. — Ela deu um beijo na minha testa.

— Boa noite mãe, te amo.

— Eu também te amo. — Subi as escadas e quando cheguei no meu quarto tranquei a porta.

Meu coração estava pesado como uma pedra e minha mente parecia não funcionar, tinha muita coisa ali.

Eu sabia que um dia aquilo ia piorar, não importa o quanto ou quantas vezes Eli fechasse o buraco.

Lá estava eu, mal conseguindo respirar e tentando entender o que eu deveria fazer.

"Você terminou com o Eli e mentiu para sua mãe! Você não pode simplesmente se matar agora e não lidar com seus erros!" dizia uma parte da minha mente.

"Você fez muita merda e é por isso mesmo que você tem que se matar. Você não consegue lidar com tudo isso. E quanto mais você ficar, mais você vai atrapalhar, e mais vai acabar com a vida das pessoas que você ama!" dizia a outra parte.

Me sentei no banheiro do meu quarto, sem coragem nem de me olhar no espelho. Eu sei que estou acabada, e não queria que tudo isso tivesse chego a esse ponto.

Ao ponto de eu achar que eu deveria me matar. Ao ponto de eu querer fazer isso.

Meu corpo parecia não funcionar direito, eu tentava, tentava pensar nas coisas boas, como me disseram na terapia. Mas não conseguia.

Eu via o Falcão chorando, lembrava das noites em que ouvi minha mãe chorando no quarto dela. Só conseguia me lembrar das coisas ruins.

Sem me levantar, abri uma das torneiras da banheira e deixei ali enchendo.

Depois de fazer isso, abri uma gaveta e tirei dali uma gilete.

Fiquei um bom tempo encarando o objeto na minha mão.

Ao mesmo tempo pensando em como eu já deveria ter feito aquilo a muito tempo, e em como aquilo iria doer.

"Precisamos mesmo fazer isso?" Perguntava a parte A.

"Sim, precisamos." Respondia a parte B.

Antes que minha mente me confundisse ainda mais, escrevi uma carta.

Eu escrevi uma carta para o Falcão.

Eu vi como ele ficou quando eu terminei com ele hoje, mal posso imaginar como ele vai ficar quando eu....

Eu só quero o bem dele, e eu sei que uma carta não é a melhor maneira de conseguir isso, mas vai ser o máximo que eu vou conseguir.

Escrevi tentando fazer a letra mais bonita possível. E fui o mais sincera que consegui.

Assim que acabei, voltei para o banheiro, onde a banheira agora estava quase cheia.

Me olhei no espelho uma última vez e suspirei.

— Nós não conseguimos. — Foi a última coisa que eu disse antes de entrar na banheira com a gilete na mão.

ʟᴇᴛ ɪᴛ ᴀʟʟ ɢᴏ || ғᴀʟᴄᴀ̃ᴏ.Onde histórias criam vida. Descubra agora