Capítulo 35

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Um filme se passava em minha cabeça naquele momento, porque tudo que eu jurei para mim mesma nos últimos quatro anos estava se resumindo a pó. Eu prometi que Alfonso jamais se aproximaria de Alícia e agora estamos em uma sala de conciliação com ele esfregando uma foto de Nate com outra em minha cara, não era possível aquilo estar acontecendo, não naquele momento.

Alfonso: se o seu noivo fosse tão boa companhia assim, eu até aceitaria o acordo, mas eu não vou abrir mão de algo que você também não vá abrir, sendo assim, minha palavra final é que eu não vou aceitar essa condição ridícula - falou com um sorriso torto

Maite: Alfonso, isso é sobre vocês dois, o foco aqui é Alícia, não sejam infantis - falou profissional

Alfonso: não estou sendo infantil, Maite. Anahi está sendo desde que decidiu impor condições desnecessárias, eu estou apenas no meu direito de recusar.  - falou nervoso - estou há alguns meses tentando resolver isso da forma mais pacífica possível, as pessoas que me conhecem sabem que eu vivo para o meu trabalho e atualmente, estou querendo mudar isso para passar o tempo que me foi privado com minha filha, mas eu nunca, e eu digo nunca, dei motivos para que falassem nada de mim, vocês podem perguntar para qualquer pessoa do meu círculo de trabalho ou social. Então, não faz sentido essa condição que está me sendo imposta e por isso eu não vou aceitar - falou firme

Anahi: vamos lá, Alfonso, você sabe que está querendo sujeitar a minha filha a qualquer pessoa e isso eu não irei permitir que isso aconteça. Desde que Alícia nasceu eu sempre ofereci o melhor pra ela, sempre zelei pela segurança e bem estar dela de todas as formas e agora você vem de repente querendo que eu permita que ela fique dentro de uma casa cheia de estranhos - falei nervosa

Advogado: se me permitem - falou interrompendo a discussão - vocês precisam chegar a um consenso, ou então, iremos a juízo, talvez seja o mais viável, levando em consideração que vocês não conseguem se entender - suspirou - eu não sei mais como ajuda-lo hoje, Sr. Herrera.

Maite: assim como eu não sei mais como ajuda-lá, Anahi - me cutucou - essa é a via mais segura e tranquila que temos e vocês não chegam a lugar nenhum, então concordo com o Dr e de repente seja melhor levar isso a juízo, enfrentar uma disputa judicial exaustiva, sujeitar Alícia a tudo isso, sem contar na midia que vão ficar feito abutres em cima de você - falou pensativa - talvez seja isso que vocês estejam querendo. 

Houve um momento de silêncio naquela sala, eu não falei nada, Alfonso muito menos, mas ele me olhou, olhou no fundo dos meus olhos e eu senti o seu olhar incendiar meu corpo, era como se ele quisesse invadir meus pensamento

Alfonso: eu estou aqui te pedindo por favor, Anahi. Por favor, vamos resolver isso hoje, por favor me deixe passar um tempo com nossa filha, por favor. Eu não quero brigar! - suspirou - 

A verdade era que eu estava magoada e eu sabia que estava, não beirava a magoa do passado, não mesmo, mas eu sentia ela bem ali, incomodando, querendo me fazer berrar isso pra ele, querendo me fazer enxergar que talvez ele não fosse tão insignificante assim pra mim e por isso eu queria tanto que ele não visse outras mulheres, eu não queria admitir, mas aquilo ali definitivamente não era somente sobre Alícia, mas naquele momento eu precisava focar no que era o bem mais importante pra mim e levar isso a um tribunal seria extremamente exaustivo e eu não queria passar por isso, não seria bom pra mim, não seria bom pra Alícia, não seria bom pra ninguém 

Anahi: tudo bem, vamos acordar - falei em meio a um suspiro 

Maite: ótimo! - falou empolgada - como será um período de adaptação, a proposta de Anahi para os dias em que Alícia estaria com Alfonso são finais de semana alternados, assim, ela ficaria com ele todo um final de semana a cada quinze dias, além disso, Anahi gostaria que Alícia pudesse ser acompanhada por sua babá durante o período de adaptação 

Alfonso: e quanto aos dias da semana? - perguntou ansioso - 

Advogado: seria interessante que o meu cliente pudesse ver sua filha durante os dias da semana, até mesmo para que seja estabelecida uma convivência mais rapidamente - disse fazendo anotações

Anahi: permito que ele veja Alícia duas vezes na semana, depois do colégio pelo período de duas horas para que as atividades dela não sejam prejudicadas - falei olhando Alfonso

Alfonso: perfeito! - respondeu empolgado

Maite: então vamos por tudo no termo de conciliação que ficará pré-estabelecido entre vocês, caso exista, e eu digo exista no sentido de ser muito necessário, podemos voltar a nos reunirmos e ajustar o termo. 

Eu apenas assenti com a cabeça, fechando os olhos por alguns minutos, colocando a cabeça entre as mãos e respirando fundo, estava feito e eu ainda precisava tentar explicar da melhor forma possível isso tudo para a minha pequena, não seria uma tarefa fácil. 

Assim que o termo ficou pronto, assinei duas vias e Alfonso fez o mesmo, ele estendeu a mão para que eu apertasse a mesma, mas aquilo era demais pra mim, sai da sala me despedindo de Maite do advogado dele e enquanto esperava o elevador senti suas mãos tocarem meus braços 

Alfonso: qual o seu problema, afinal? - perguntou me encarando 

Anahi: você conseguiu o que queria, não é? Então me deixa em paz! - falei entrando elevador a dentro, apertando o botão que me levaria até a garagem

Alfonso: Anahi, eu não estou te roubando Alícia, pelo amor de Deus - falou alto

Anahi: você está roubando a minha vida, destruindo tudo, acabando com tudo, até o meu relacionamento você ta usando pra isso - disse impaciente

Alfonso: eu não tenho culpa se o seu noivo perfeito te trai, mas digo que não acho certo - me encarou 

Anahi: como se você já não tivesse feito o mesmo - falei dando uma última encarada nele - me poupe, Alfonso e só volte a me dirigir a palavra se for algo relacionado a Alícia, caso contrário, me deixe em paz!

Falei saindo do elevador e caminhando até o meu carro. 

Seria uma noite longa aquela e Anahí estava focada em uma única coisa., resolver tudo com Nata ou destruir ele de vez.


De volta ao Lar - AyAOnde histórias criam vida. Descubra agora