Lar, karaokê e decisões

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- Vovó!? – A garota que recém chegou da escola se surpreendeu em ver a mais velha sentada na poltrona em frente a porta. Ao lado esquerdo da mais velha, sua mãe segurava a mão dela sorrindo para a filha. – Meu Deus! Não acredito!

Aquele abraço carregava saudade, afeto, acolhimento e carinho. Dona Lourdes afagou a cabeça da neta, que chorava em seu peito e ao mesmo tempo agradecia por ela estar ali. Queria poder resguardá-la de qualquer mal que pudesse haver nesse mundo. Ficaram assim por alguns minutos, quando a senhora deu leves batidinhas em suas costas, sinalizando que a garota deveria olhá-la.

- Estou aqui, minha filha! – Sorriu genuinamente. – Vamos conversar?

Liz assentiu com a cabeça e pegou a avó pela mãozinha, a conduzindo para o seu quarto. Secou suas lágrimas e simplesmente não conseguia parar de sorrir para ela.

- Conseguiram me enganar direitinho. – Ela riu. – Não suspeitei que vinha.

- Eu sou boa em fazer surpresas, sabes disso! – Deu uma piscadela. – Seu avô foi fazer compras, logo estará aqui.

- Vovô também veio!? – Seus olhinhos brilhavam. – Que ótimo! Como eu amo vocês! – Ela beijava o rosto da velhinha sem parar, fazendo-a rir com o desespero da garota em ter as pessoas que mais ama com ela.

- Preciso saber como você está, já estou sabendo das coisas que estão acontecendo...

- Mas hein? – A menina acomodou-se em sua cama, cruzando as pernas e prestando atenção.

- Eu sei o quanto você está saturada de todas as situações que vêm acontecendo no casamento dos seus pais. Sei também como está desgastada, frágil e triste. – Lourdes acariciou o rosto da neta. – Eu quero que você seja feliz, minha Flor de Liz.

A menina sentiu o cheirinho de pêssego nas mãos da mais velha. Amava o perfume que ela exalava e poderia ficar horas falando de tantas outras coisas incontáveis que ela gostava nela.

- Não consigo mais viver nesse pé de guerra. Eu os amo, a senhora sabe... Mas desse jeito não dá. Eu sinto que eles podem ser felizes separados, assim eu também vou conseguir ficar feliz, vó.

- Eu concordo com você! Você tem razão, porém só eles podem tomar essa decisão. Vamos dar tempo ao tempo, que tal? Aos poucos, quem sabe, eles não decidam isso? Nesse meio tempo, eu quero te contar uma coisinha. – A senhora instigou a curiosidade da mais nova. – Eu não consigo ficar mais um minuto longe daqui. Não sou do mato! Não consigo ter sossego com silêncio!

- O que está querendo insinuar, Maria de Lourdes!?

- Eu e seu avô... – Falou baixinho, no pé do seu ouvido. – Vamos voltar para Madureira.

Um largo sorriso emoldurou-se no rosto da menina. Uma surpresa tão boa que não conseguia disfarçar a sua felicidade e a explosão de alegria que seu coração emanava.

- Eu sabia! Sabia! Não dava muito tempo para a senhora ficar longe da Portela!

- Agora toda vez que algo te magoar, a vovó estará pertinho para te acolher. Não que eu não estivesse lá de longe, mas voltei para ficar. Só saio daqui para ir direto para o cemitério! – Riram juntas. – Hum, quem é esse menino?

A mais velha pegou o porta-retrato que estava em cima do gaveteiro de Liz. Na foto estavam ela e Jungkook numa festa junina da escola do ano passado. Eram quatro fotos de cabine, onde eles faziam caretas, seguravam milhos, sorriam e se encaravam com cara feia.

- Esse é o Jungkook. Ele é meu amigo... Era, eu não sei muito bem. Não consigo me desfazer dessa foto.

- Ele é bonito! E por que era? Não são mais?

seu par • jeon jungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora