Capítulo 19

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E D W A R D
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Eu sei que não era uma amiga falando com ela no telefone, pois de longe, muito longe, ainda consegui ouvir o timbre grosso do outro lado da linha. Tenho certeza que não estou ficando doido. Aquela loirinha não me engana!

Preciso descobrir o que está acontecendo, mas não sei por onde começar. Não quero pegar seu celular de novo, já estou me sentindo babaca o suficiente por ter feito isso mais cedo.

Entro no nosso apartamento e jogo as chaves em cima da mesa de centro. Estou exausto, destruído. Tudo o que preciso é tomar um banho e dormir um pouco para recarregar as energias depois do dia cheio que tive hoje — na verdade, ontem. Já são quase cinco da matina, o horário que meu amigo Peter e eu conseguimos deixar a delegacia.

Para o bem da humanidade aquele pedaço de merda foi morto e as reféns restantes saíram intactas. Eu amo o meu trabalho, e estaria mais feliz se o garotinho não tivesse sido assassinado. Não acho que há um "grande" sucesso para comemorar, apesar do nosso bom desempenho na missão de hoje.

Ainda cabisbaixo, começo a largar as roupas pela sala — coisa que nunca faço — e vou direto para o banheiro no corredor. A Sara provavelmente deve estar dormindo, não quero acordá-la, ainda mais agora que seus enjoos cessaram e ela está podendo se dar esse luxo.

Tomo uma ducha rápida, sentindo um peso sair das costas e o sono ser levado pelo ralo junto com o shampoo. Talvez eu ainda consiga fazer uma boquinha sem os olhos fecharem. Me seco e coloco a calça de moletom que deixei dobrada no banheiro da última vez, mas antes disso olho meu rosto de cachorro cansado no espelho: ainda estou bronzeado, com olheiras e precisando cortar o cabelo novamente.

Largo o reflexo para trás e me mando para a cozinha, abrindo a geladeira para ver o que tem de comestível dentro; encontro algumas folhas verdes, tomates, peito de frango congelado, doces e massas que fiz e esqueci aqui dentro. Opto por fazer uma salada fresca com muito alface. Preciso voltar à academia o quanto antes, estou perdendo meu tanquinho que consegui com tanto sacrifício. Ano novo, shape novo, e gorduras velhas!

Enquanto lavo as hortaliças, meu pensamento voa para nomes de bebês.
Louis, Conrad, John... Sempre gostei de como John soa, era o nome do meu avô, simples e fácil. Não sei porque ainda não definimos um nome para o bebê que já sabemos o sexo. O pequeno monstro que chamo de namorada é muito indecisa, nunca pensa em uma coisa concreta, sempre me aparece com milhares de nomes diferentes. Às vezes é até legal. Quem diria, eu, o cara da putaria, virando um pai. Essa porra é muito doida.

Solto uma risada sombria na pouca luz da cozinha e finalmente começo a degustar meu rango. Só quando dou a primeira garfada é que percebo o quanto estou faminto. Continuo devorando minha salada na bancada e quase me engasgo quando uma silhueta aparece de repente, saindo do corredor.

— Edward? — a voz sonolenta da Sara chega até meus ouvidos.

— Hum? — murmuro de boca cheia, deixando o prato vazio na pia. — O que está fazendo acordada a essa hora?

— Achei que fosse ratos batendo na cozinha.

— Aqui não tem ratos!

A encontro sentada no sofá, as pernas bronzeadas estiradas sobre uma almofada. Está usando uma camisa minha, mas a barriga protuberante faz com que mal chegue na metade das coxas. Acho que gosto dessa visão.

Depois do AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora