capítulo 14

4 1 0
                                    


Voltamos para a empresa já no fim do expediente. Ficou tudo certo com o terreno escolhido, amanhã mesmo fecharemos o contrato de compra e venda.

Ando pelos corredores com a barriga roncando de fome, não é novidade para ninguém que esqueço de comer, ainda mais tendo passado a tarde toda fora do escritório.

Olho para ver se não tem ninguém no corredor e entro de fininho na copa. Vou direto até a cesta onde ficam os bolinhos bem embalados, só tem um... E é meu.

Quase pulo de alegria.

Escondo ele no bolso da calça jeans que uso hoje.

Ergo a cabeça olhando para a porta quando ouço barulho de passos se aproximando. Vou até a cafeteira e agarro uma xícara.

- Ah, não sabia que ainda estava aqui. Pensei que tinha ido embora. - Nicholas diz entrando no recinto.

Mexo o café com uma colherzinha me virando de frente para ele.

- Tive que fazer algo importante antes de ir - Dou um gole.

Argh!!!

- Eu estava pensando em tomar um café também, mas pela sua cara é melhor tomar água.

Solto uma risada.

Nicholas para na bancada que eu estava antes e olha para a cesta com o cenho franzido.

Tomo mais um gole.

- Procurando alguma coisa? - Pergunto como quem não quer nada.

- Eu pensei que ainda tinha daqueles bolinhos. - Levanta a cesta olhando atrás dela.

- Deve ter acabado. Você comeu muitos mais cedo. - Derramo o café horroroso na pia. 

Bem na hora ele olha pra mim.

- Que coisa feia. - Me repreende.

Abro um sorriso sonso.

- Tenho que ir resolver umas coisas, até mais. - Dou um tchauzinho.

- Até.

Quando chego na porta lembro de uma coisa.

- Nicholas. - Chamo sua atenção. - Você está vindo muito na empresa, devo achar estranho?

Ele solta uma gargalhada.

- Deve. Mas é só por enquanto, quando esse projeto acabar vocês vão ter que colocar detetives atrás de mim. - Sorri sínico.

Balanço a cabeça e saio da copa.

Hora de falar com o irmão mais velho.

Arrumo minha blusa azul de botões e dou duas batidinhas na porta.

- Entra.

A voz grave do meu chefe me autoriza a entrar. Já dentro da sala dele fecho a porta com cuidado para não atrapalhar.

Ele parece concentrado escrevendo alguma coisa num bloco de notas, adivinha a cor...

Reúno coragem.

- Desculpa atrapalhar. Mas preciso conversar sobre uma coisa com o senhor. - Tenho não deixar transparece o nervosismo.

Estou prestes a contar algo pessoal para meu chefe, algo que pode amolecer o coração dele para me deixar sair sempre... Ou contratar outra secretaria que não falte o trabalho.

Ele anota mais algumas coisas sem me dar atenção e eu agoniada de ficar em pé me convido a sentar na cadeira em frente a mesa.

Forcei muito a perna hoje. Depois que enfiei o pé naquele buraco, consideravelmente fundo, sinto pontadas no quadril.

Caminho do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora