Capítulo 13

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- Falta muito para chegar? - Nicholas pergunta pela terceira vez.

Estamos no carro da empresa a meia hora, Ethan escolheu dirigir ele mesmo.
Fui expulsa do banco da frente por Nicholas e tive que sentar atrás, segundo ele o banco da frete é reservado para a pessoa mais importante do motorista. No caso, ele.

Meu chefe não disse uma palavra, a revirada dos olhos foi suficiente.

- Não. - Meu chefe responde a pergunta.

Encosto a cabeça no encosto do banco olhando para a rua. Hoje o céu não dá sinais de chuva, mas por precaução coloquei um guarda chuva na bolsa e um casaco.
Trouxe até mesmo o carregador do meu celular, por precaução.

Como não queria carregar peso deixei a bolsa no escritório. Fiquei só com o celular e a câmera para as fotos.

Dez minutos depois o carro para numa rua larga, com casas semelhante as das celebridades. O lugar é tão rico que me sinto deslocada, não consigo me imaginar morando de fato em um lugar como esse.

Nessa parte da cidade as casas são ocupadas durante as férias ou feriados prolongados. É possível ver as janelas fechadas, jardins descuidados e nenhum outro carro além do nosso.

O silêncio é agradável, mas eu não aguentaria passar nem duas semanas morando num lugar deserto. Mesmo sendo as casas dos sonhos de qualquer um.

Andamos um pouco nos afastando do carro chegando a um lote de terra enorme. Na frente uma placa informa que está à venda, meu chefe se aproxima e salva o número de celular que estava pintado com tinta vermelha na placa, logo abaixo da palavra Vende-se.

Saco a câmera e tiro fotos detalhadas do lugar. A areia está fofa, preciso forçar um pouco a perna para andar pelo lugar, o que causa uma fisgada no quadril.

Procuro o melhor ponto de luz para fotografar, como estamos no meio da tarde o sol bate em pontos específicos. Não demoro a registrar tudo.

Enquanto isso ouço a conversa dos dois.

- É aqui? - Nicholas começa a perguntar.

- É, o que acha?

- O lugar é bom. Quase todo mundo de Manhattan vem passar as férias por aqui e brigam para alugar as casas.

- Foi o que pensei. Teríamos mais visibilidade, o design e tecnologia da nossa empresa chama atenção.

Termino de tirar as fotos.

- Tentei pegar pontos estratégicos de onde o sol bate. Eu não gostaria de morar em uma casa que o sol bate a cada centímetro. - Entrego a câmera ao meu chefe.

Ele olha as fotos enquanto anda pelo lugar, parece tão concentrado como se estivesse encaixando um quebra cabeça. Para não atrapalhar caminho para a entrada do terreno onde tem sombra.

- Aí. - Reclamo.

Pisei em falso num buraco. Logo com a perna ferrada. A dor sobe do joelho até o quadril.

Fecho os olhos controlando a respiração até sentir alguém me segurando pelo braço.

- Tudo bem?

Respiro fundo mais uma vez e a dor vai passando.

Nicholas me segura delicadamente, levanto a perna devagar tirando do buraco.

- Estou bem. Não foi nada. - Dou um sorriso tranquilizador.

Ele alterna o olhar entre meu rosto e minha perna.

- Tá mesmo? Não machucou o pé? - Pergunta preocupado.

- Está tudo bem. Não se preocupe. - O tranquilizo mais uma vez.

Ele parece acreditar soltando meu braço, disfarçadamente me encosto na parede do vizinho. Minha intenção é tirar o peso da perna para o sangue circular melhor, meu quadril reclama comigo.
É como se uma agulha bem fina estivesse me perfurando.

Vendo que eu estou bem, Nicholas volta para onde meu chefe, alheio a tudo, está. Os dois conversando apontando para as fotos e para o terreno.

Amanhã é minha quarta seção de fisioterapia e eu ainda não contei para meu chefe o motivo das minhas saídas.

Pretendo contar hoje, não tudo. Apenas o necessário torcendo para que ele me libere, não sei o que farei se ele não entender.

Ethan é muito compreensível, mas faltar uma hora de trabalho toda semana talvez não mereça tanta compreensão sem explicação alguma.

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