Capítulo 2

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Assim que ele sai do elevador olha em minha direção.

- Bom dia, senhor Campbell. – Me ponho de pé.

Ele apenas balança a cabeça em resposta e entra direto em sua sala. A língua dele vai cair se der um bom dia, mal-educado. Alto, bonito, cheiroso e rico, mas sem educação. É, não se pode ter tudo na vida.

Ethan Campbell é o filho mais velho do senhor Larry Campbell, em seguida vem Nicholas e Amélia. Nicholas também trabalha na empresa diretamente na execução dos projetos, portanto é difícil vê-lo por aqui, ele diz que prefere pôr a mão na massa ao invés de ficar em um escritório sendo enforcado por uma gravata. Já Amélia ainda está na faculdade de administração e isso é tudo que sei sobre ela, nunca conversamos diretamente

Me sento e fico esperando ser chamada por ele para receber as tarefas do dia. Não demora nem dois minutos e o telefone na minha mesa toca. Atendo.

- Na minha sala. – Desliga.

Respiro fundo, passo a mão no meu vestido tirando um amassado imaginário e sigo até sua sala. Bato duas vezes e entro.

Me coloco em frente a sua mesa, ele olha para mim por um segundo e desvia o olhar para a prancheta em sua mão.

- Quero essas informações digitadas até meio dia, me envie por e-mail – Me entrega a prancheta. – Agende uma reunião com o setor financeiro da construção do hotel em Orlando, as dez horas quero todos na face time.

Ele termina de falar e se encosta na cadeira de forma relaxada me encarando. Fico em silêncio esperando que ele diga mais alguma coisa, não é o que acontece.

- Entendi. Mais alguma coisa? – Pergunto esperando que ele diga não, ficar muito tempo em pé não é bom para mim.

O senhor Campbell balança a cabeça negando ainda sem tirar os olhos de mim. Ponho uma mecha de meu cabelo atrás da orelha sem jeito.

- Com licença. – Me viro para sair da sala, mas ele me chama. Me viro – Sim?

- Nicholas talvez apareça na empresa hoje, assim que ele chegar peça para ele vir falar comigo. – Fala.

Assinto com a cabeça.

Me viro para sair novamente e consigo dar só um passo antes que ele me chame de novo.

- Mais alguma coisa senhor? – Pergunto educadamente.

- Ligue para o local da construção do hotel e peça um relatório da obra. – Pede apoiando os cotovelos na mesa. Olho para ele uns segundos a mais esperando que diga mais alguma coisa. Silêncio.

Entendo seu silêncio como um sinal de que não tem mais nada a dizer.

Vou em direção a porta a passos lentos, não sei por que tenho a impressão de que ele vai me chamar de novo. Giro a maçaneta e quando estou prestes a abrir a porta ouço sua voz.

- Senhorita Becker.

Sabia.

Olho para ele que segura um pequeno sorriso cínico nos lábios. Dessa vez não falo nada, espero que ele fale primeiro. Ficamos nos encarando não sei por quanto tempo.

Ele ergue uma sobrancelha. Eu faço o mesmo.

Decido falar.

- Algo importante, senhor? – Indago. Desta vez não faço questão de ser educada, nunca consigo controlar meu tom de voz quando estou irritada.

Seu sorriso fica mais proeminente.

- Sim, é algo importante. Me traga um café. – Respiro calmamente.

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