Capítulo 9

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-Senhorita Becker? - Ethan me chama quando estou saindo para organizar a sala de reuniões no terceiro andar. Viro minha atenção para ele que segura algumas coisas na mão que não consigo identificar o que é, por serem objetos pequenos. - Segure o elevador, vou até minha sala buscar o que esqueci e descemos juntos. - Assinto no lugar e chamo o elevado para adiantar. 

Não sei como cheguei para o trabalho hoje, meu corpo está todo dolorido desde que comecei a me exercitar para ficar em forma e não cansar tanto. Posso ver resultados no meu andar e nas sensações de cansaço no quadril e nas pernas que diminuíram. Consegui agendar minhas seções com a fisioterapeuta para toda quinta feira ás treze horas, quando termina a seção venho direto para o escritório dar continuidade ao meu dia. 

Já faz duas semanas e ainda não contei ao meu chefe o motivo das minhas saídas semanais, desde que saí pela primeira vez ele apenas me olha estranho e permite minha saída. Me pergunto o que passa na cabeça dele. Não houve nenhum questionamento quanto a isso e preferi deixar por isso mesmo, mas não posso arrastar por mais tempo, não é ético da minha parte. 

O elevador dá seu bipe anunciando sua chegada, as portas se abrem e fico em baixo do sensor de presença para que ela não se feche enquanto ele volta. O que não demora muito, logo vejo Ethan voltando com uma maquete relativamente grande em mãos. Dou espaço para que ele entre no elevado tentando não encostar naquele negocio que ainda não entendi do que se trata. Parecem prédios pela metade, alguns carrinhos dão referencia onde deve ser uma estrada, arvores nas laterais dão um ar leve ao ambiente criado. É incrível, mas confuso. 

- Ainda não entendeu o que é? - Meu chefe pergunta olhando para mim. Acho que encarei demais. - Não consigo idealizar exatamente o que eu quero, tentei chegar o mais próximo possível. Apresentarei na reunião de hoje... - Ele parece encabulado.

- Está ótimo. De verdade, você parece ter jeito pra isso. O problema sou eu que não consigo ter uma visão mais ampla. - Ele me olha confuso. É... vamos lá explicar. - Você... como posso dizer isso... Você é alto e eu cheguei atrasada na fila do fermento, então... - Mordo os lábios nervosa, ele parece ter entendo que eu quis dizer já que abriu um sorriso de canto, quase imperceptível para quem está observando de longe. Mas pela minha proximidade consigo notá-lo. 

Não tive tempo para receber uma resposta, o elevador chega ao destino e meu chefe faz um sinal com a cabeça para que eu saia primeiro da caixa metálica. Sigo até a sala de porta transparente entrando na mesma, meus braços estão cansados de tantos papéis que carrego. A tecnologia ainda não chegou aqui, pelo visto eles não conhecem algo pequeno, retangular e preto na maioria das vezes, chamado Pen drive. 

Matadores de arvores miseráveis. 

Meu chefe entra na sala depositando a maquete na grande mesa de reuniões. Agora sim posso ter uma noção do que está projetado. Parece uma casa de campo, moderna, mas a estrutura do lugar não tira a essência de um lugar aconchegante e vasto. 

É linda. Se eu gostasse do campo poderia me mudar facilmente para um lugar assim. 

Observo o criador da maquete olhando para ela minunciosamente tentando encontrar alguma falha. Olho para a maquete com mais atenção, para mim está perfeita. Mas o que eu sei sobre isso não é mesmo? Se eu construísse um negocio desses seria com peças de lego e olhe lá. Era capaz das pecinhas se desprenderem umas das outras e a construção desabasse. 

- Você esta olhando demais. Achou algo fora do lugar? - Indago enquanto distribuo as pautas da reunião em cada lugar que deve ficar os convidados. 

- Não sei. Ainda não decidi se devo mostrar hoje ou não. - Ele parece nervoso, já o tinha visto calmo, estressado, debochado e até mesmo sonolento. Mas nervoso tipo ansioso é a primeira vez. 

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