Seria Isso Um Amor?

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     Emiih tinha quase certeza de que seu dia de hoje não seria o melhor, e para completar ela não tinha muitos amigos, ela não sabia o que Sophie queria dizer com se despedir, o que estaria por vir? Ela deveria se preocupar? Ela pensou melhor na pergunta, examinou sua mente... Pessoas importantes... Em sua cabeça focalizou uma pessoa, não, seria essa, "A Pessoa". Ela pensou em como ela se sentia bem com ele, como o sentimento de se sentir à vontade estava tão presente naquela pessoa, o quanto a presença dele era calmante e boa para ela mesma.

     Sua mente se lembrou de quando acabara de se mudar para Canton, não sabia o que ia fazer de sua vida em plenos 9 anos de idade. Sua mente não era tão habituada a ter amigos, ou socializar. Ela nunca foi uma criança problemática, mas a morte de seus pais a tornou em outra pessoa, não seria como o grande morcego das telonas, que estaria apto a buscar  vingança por seus pais e se tornar algo sombrio, até porque nem tudo é como livros, filmes e quadrinhos. Parte de sua mente tornou-se sim sombria, seu mundo pareceu perder parte da cor presente, mas uma pequena fração de luz brilhara em sua mente, foi olhando para seus irmãos que percebeu que nem tudo estava perdido, mas ainda assim, sentia falta de algo, seus pais? Com certeza, mas outro algo importante jazia no mar de esquecimento. Em momentos súbitos parecia não ser a mesma, tudo nela mudava, até mesmo seu eu normalmente sem muitas emoções, que se tornava em uma menina energética e alegre.

    Sua luz foi aos poucos se perdendo, e fazer amizades para suprir seu vazio era cada vez mais difícil. As pessoas iam e vinham como a maré em uma praia, a amizade era como as pegadas, que quando a água passava fazia com que deixassem de existir. Sete primaveras atrás, com seus 11 anos, o inverno permanecia em sua vida, a mesma escola desde sempre, assim como a dificuldade de se sentir integrada naquele espaço. Estava no quinto ano, ainda sendo reclusa e tentando ao máximo não se destacar. No pátio andava apressada até a biblioteca da escola, com a roupa social característica da escola, ela sabia que era o emprego que seus pais tinham e quando estava lá dentro uma parte de si sentia-se completando-se, ou era o que pensava. Como de costume nas escolas, não haviam muitos os interessados realmente na beleza e o cheiro dos livros, ou nos segredos escondidos na literatura, nos romances e aventuras, até mesmo nos livros técnicos que podiam ajudar as mentes mais sombrias a como se libertar. Seu amor era o romance de época, quantos já não teria lido, o quanto não havia chorado em tão pouca idade, o quanto se identificou e refletiu, "as perdas do passado sempre trazem boas pessoas no futuro", pensou. Quem seria essa sua, "boa pessoa"? Naquele dia ao adentrar o local, percebeu algo diferente, alguém diferente, não porque prestava atenção em todos, - mesmo sempre prestando atenção em todos - mas porque o seu local de costume estava ocupado por um ser um tanto quanto desconhecido. Um garoto de olhos castanhos claros e brilhantes, e com um grande e lindo cabelo ondulado marrom escuro, que passava de sua nuca, estava sentado à sua frente, sua pele branca amarelada que causava um ótimo contraste com sua boca próxima a cor vermelha.

     Na biblioteca não existe algo como "marcação de lugar", é apenas um respeito mútuo pelas classes dos nerd's; os viciados em jogos de mesa; os estudiosos; os que precisavam urgentemente estudar ou até mesmo os que só estavam ali para uma simples leitura. Essas 5 classes sabem o quanto estar familiarizado com um assento perto de alguma prateleira ou bancada era... como se diz... especial ao seu modo. Desde os novos aos veteranos, era de senso comum esse tipo de utilização, mas aquele ser de cabelos castanhos e grandes, parecia não saber disso, estava sentado no lugar preferido de Emiih, lendo um livro gigantesco sobre fantasia: "O Segredo Da Caverna Escarlate". Emiih simplesmente parou a uns 5 passos de seu lugar habitual e observou aquele garoto, já havia lido aquele livro uma vez, não era o tipo de livro que qualquer pessoa gosta de ler, tanto pelo sentimento confuso causado por cada parágrafo, quanto pelo drama "exagerado", que para ela era uma obra-prima incompreendida. Ele levantou os olhos que estavam com as pupilas dilatadas ao máximo, como se devesse prestar também o máximo de atenção à leitura, logo seus olhos se acostumaram com a visão e se encontraram com a imensidão daqueles castanhos escuros da garota, Emiih desviou o olhar ao percebe-lo, notou que ele ia falar algo e com um passo para trás se afastou.

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