Capítulo 13

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Minhas lágrimas molhavam o nó de minha capa em meu pescoço.

Eu soluçava, a neve batia em meu rosto e não me incomodava. Continuei a subir a colina, por entre os pinheiros... Seguindo em direção as montanhas proibidas.

De alguma forma, eu sabia que encontraria respostas nas montanhas.

Meus pés estavam congelando, nem as botas de pele de coelho me protegiam mais, o frio só aumentava.

Meu ventre, já inchado o suficiente para fazer minhas vestes ficarem apertadas, começava a pesar. Era como se eu carregasse pedras pesadas em uma bolsa... E começou a doer.

Uma dor que foi crescendo a cada momento... Mas continuei a subir a montanha.

Horas se passaram... Olhei para o céu, e a noite chegava. Eu estava faminta, sozinha, com frio e dor... Em meio à mata, sem nenhuma proteção.

Apenas a maldita capa vermelha.

Em certo momento, meu corpo cedeu à fraqueza. Meus pés já não suportavam mais... Meu ventre doía demais.

Recostei-me num velho e alto pinheiro e deslizei até que estava sentada, de cócoras. Percebi, com pavor, que sangrava. Entrei em desespero.

– Alguém me ajude! – Gritei para a noite.

Um corvo sobrevoo, grunhindo acima de minha cabeça. Era um agouro, um aviso da morte, pensei.

Meu choro se tornou gritos, misturado a desespero e a dor que cortava-me o ventre. Eu soube, instintivamente, o que estava acontecendo.

Seja lá o que carrego no ventre, humano ou lobo, estava morrendo. E eu iria morrer junto a ele, sozinhos, abandonados na floresta escura.

– Sven... – chamei por ele. – Nos ajude... – não conseguia mais gritar, estava fraca e beirava a inconsciência.

Deite-me sobre a neve. Meu rosto sobre o gelo, queimando. Puxei a longa capa por sobre meu corpo e protegi-me como pude.

– Estou pronta... – Murmurei, estando completamente entregue ao Deus da Morte.

E, antes que meus olhos se fechassem de vez, eu ouvi o chacoalhar desconhecido, parecia mil miçangas, pedrarias, ou muitas joias... Não poderia saber. Mas, uma persona pequena, rechonchuda e curvada se aproximou, baixou ao meu lado cheirou meu ventre.

– A lua te recebe. – Disse a voz anciã. E fora tudo que pude ouvir antes de ser absorvida pela escuridão.

A Sombra do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora