10 - Eda

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Estou tentando me convencer que essa casa não é mal assombrada, mas ser acordada de madrugada com o barulho de pancadas não ajuda.

Passo a mão no rosto e respiro fundo, tentando controlar meu coração apavorado. Demoro alguns minutos para perceber que alguém está batendo na porta da minha casa. Outros segundos preciosos se passam até eu me recompor e ver que, na verdade, são quase oito horas da manhã, o que significa que estou atrasada.

Merda.

Antes de ir trabalhar, nos últimos dias, tenho passado na confeitaria para tomar café da manhã e conversar com Melo.

Nossas reuniões matinais sempre acabam comigo na cozinha fazendo as coisas que mais gosto: comer, cozinhar e falar mal de Serkan.

Normalmente, detesto fazer qualquer coisa imediatamente depois que acordo, meu cérebro sempre demora um pouco pra ligar totalmente. Apesar disso, até eu chegar na confeitaria, meu corpo já teve tempo suficiente para despertar.

E é o único jeito de Melo deixar eu auxiliá-la na confeitaria: ajuda em troca de comida. Minha nova amiga acha que está me explorando. Mas não. A explorada é a coitada. Passo as manhãs comendo sua comida e usando sua cozinha maravilhosa.

Estou atrasada hoje, entretanto.

E alguém está na minha porta.

Ainda meio grogue, me levanto e vou para a entrada da casa.

Olho a área pela janela da sala de estar e franzo o cenho ao ver uma desconhecida na minha varanda. Ela está bem vestida e tem um celular enorme no ouvido. Na outra mão, ela segura... isso são flores?

— Posso te ajudar? — indago assim que destranco e abro a porta, nada receptiva. Não é pessoal, é que ainda estou dormindo.

A mulher sorri e agita um buquê enorme de rosas vermelhas em minha direção.

Preciso de uma casa mais segura, percebo. Qualquer um pode entrar.

— Bom dia! Meu nome é Elul, sou responsável pela equipe de construção do senhor Serkan. Ele marcou esse horário para eu averiguar o estado da casa e traçar os planos necessários, mas posso voltar mais tarde se desejar...

— Você deve estar brincando comigo — sussurro, balançando a cabeça em confusão.

—... e essas flores são dele. — Devo parecer muito desorientada porque ela esclarece: — Do senhor Serkan.

Olho as coisas vermelhas.

Depois, olho para a mulher.

Com instruções detalhadíssimas — acabei de acordar, estou com sono e irritada — digo exatamente o que Serkan pode fazer com essas malditas rosas.

Minha garganta se contrai.

Sei que se eu deixar a tensão dentro de mim sair, vou começar a chorar.

De raiva.

De raiva

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Sem Honra | EdserOnde histórias criam vida. Descubra agora