À tarde, jogamos jogos de tabuleiro no sofá.
— Não sou boa em perder — digo. — Não como você é, pelo menos.
O homem em minha frente semicerra os olhos, insatisfeito.
Ele move seu bispo, uma péssima decisão. Sorrio. Serkan é horrível no xadrez. Devo dizer que, apesar disso, o maldito é excelente em todos os outros jogos que disputamos. Ele me fez perder em Monopoly, Scrabble e Gamão. Eu fali em Banco Imobiliário. Apelei nesse último, porque o desgraçado pegou uma carta de sorte muito infeliz... para mim. Com ela, Serkan pôde exigir que eu vendesse para ele uma propriedade que já era minha. O patife tocou em um tópico bem sensível nesse movimento.
Ele teve a coragem de dizer que gostaria de poder fazer isso na vida real.
Fiquei meia hora o ignorando. E é possível que Serkan esteja perdendo feio agora para me deixar contente, mas não gosto de pensar muito nessa possibilidade.
— Você fica péssima quando ganha — ele comenta, ácido — e quando perde... também.
Estreito os olhos.
Nas vezes que perdi — vergonhosamente, não foram poucas — aceitei a derrota com classe. Só no Banco imobiliário que as coisas ficaram difíceis.
Mas isso foi culpa dele.
— Ah, nem inventa! Você só ganha porque me deixa com raiva e eu me desconcentro fácil! — retruco, guinchando. — E tirar a camisa naquela hora? Foi baixo até mesmo para você, senhor!
Serkan sorri.
— Nesses jogos, vale usar tudo. — Ele tira um fiapo invisível de sua calça, atraindo meu olhar para lá. — E estava quente.
Sem vergonha mentiroso!
— Vale tudo mesmo? — Brinco com meu peão. — Se você quer adicionar distrações ao jogo, vamos fazer isso direito.
O patife me encara, seus olhos brilhando.
Ele quer rir de mim:
— Por favor, amor. Diga como vamos fazer isso direito.
Posso ficar um pouquinho animada demais quando faço listas com regras, muitas vezes descabidas.
E pode ser que Serkan já saiba identificar isso, porque temos uma lista — ligeiramente inútil — sobre assistir a nossas novelas brasileiras. Mas, por tudo o que é mais sagrado, eu precisava inventar uma penalidade para aplicar quando ele perguntasse quantos minutos faltam para o episódio acabar. Serkan nunca resiste.
— A cada vez que você derrubar uma das minhas peças no xadrez...
— Você tira uma peça de roupa? Gosto disso.
Reviro os olhos e concluo:
— Eu tenho que responder uma de suas perguntas. E vice-versa.
Ele observa o tabuleiro.
— Qualquer pergunta? — Seu tom é desconfiado.
— Qualquer uma — respondo, sorrindo.
O jogo ganha uma atmosfera diferente. Tenho muito o que perguntar para ele, mas não achei que Serkan se interessaria em saber algo de mim.
Os próximos movimentos dele são mais calculados. Primorosos, até.
Mesmo assim, pego seu bispo.
— Por que você quis tanto cuidar de mim? — disparo de imediato.
Serkan ergue as sobrancelhas. Sorri, balançando a cabeça.
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Sem Honra | Edser
Romance🔞🔞🔞🔞🔞🔞🔞 Ela tem algo que ele deseja desesperadamente... Quando Eda soube que ganhara uma herança, ela não esperava nada além do bom e velho dinheiro - um último insulto do homem que a criou. Ao invés disso, recebeu uma fazenda abandonada e qu...