Tempestade III

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𝐿𝑒𝑒𝑑𝑠, 𝑌𝑜𝑟𝑘𝑠ℎ𝑖𝑟𝑒, 𝐼𝑛𝑔𝑙𝑎𝑡𝑒𝑟𝑟𝑎.
23h33.
-8º𝐶.
𝑉𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝑣𝑒𝑛𝑡𝑜: 89-102 𝑘𝑚/ℎ𝑟.

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Louis deu um suspiro alto e longo. Observou a pilha de louça pela metade e finalizou o trabalho de Harry, ignorando o próprio cuidado de ficar perto da janela. Assim que estava tudo limpo, Tomlinson colocou água pra ferver e foi responder Antony.

Ele disse a verdade para Harry, Antony era apenas o seu secretário e nos últimos meses, acabara se tornando um grande amigo também. Um dos seus únicos.

Desde que ele havia se separado do bombeiro, Louis perdeu um pouco o contato com os seus amigos, porque eles também eram amigos em comum de Harry. Não se sentia confortável em desabafar sobre o seu ex, quando o mesmo devia fazer a mesma coisa para os mesmos amigos. Portanto, Tomlinson encontrou em Antony alguém para desabafar sobre Harry, sobre morar sozinho e ter que cuidar de duas crianças, sobre ter que compartilhar os seus filhos com o seu ex. E Antony era ótimo em dar conselhos, Louis queria apenas conseguir os seguir. Sabia que se o seu secretário estivesse presente nesse momento, estaria mandando o médico ir tentar conversar mais uma vez com Styles.

Tomlinson preparou um chá preto, tomar café não fazia bem para o seu estômago, e ele queria passar a noite acordado para vigiar as janelas da sala e se certificar de que todos estariam bem.

Quando retornou à sala, bebericando o seu chá, encontrou Lottie dormindo com o celular na mão. Violet estava esticada em um canto do sofá, completamente apagada e esticada. Harry estava no outro canto, todo encolhido no cobertor, olhando fixamente para a árvore de natal.

Louis colocou mais uma lenha na fogueira e passou pelo carrinho de Charles para dar uma olhada no bebê que dormia relaxado. Então, sentou-se no único lugar vago, entre Violet e Harry.

Logo Styles se levantou do sofá e o médico fez uma cara de indignação, mas não disse nada, apenas o acompanhou com os olhos.

O bombeiro caminhou até a árvore de natal, se agachou pegando uma sacola de papel preta com laços em dourado. Estendeu para Louis antes de se sentar novamente.

— Antes que seja natal, aqui está o seu presente de aniversário. — Styles sorriu pequeno, voltando a se encolher — Esse é o meu. As crianças vão ter que dar o seu junto com o de natal, Violet jamais me perdoaria se não fosse ela a dar o seu presente.

— Não precisava, Harry, mesmo. — Tomlinson sorriu, abrindo a sacola — Muito obrigado!

Ele tirou um boné da sacola, era branco e o tecido era fofo. Virou, lendo os dizeres bordado em vermelho.

"#2 melhor pai do mundo"

O médico começou a rir, se controlando para não acordar os outros. Styles o acompanhou, feliz pelo outro ter entrado na brincadeira. Isso era algo deles, quando ainda estavam juntos, sempre que um deles não conseguia fazer as crianças pararem de chorar, dar banho sem molhar todo o banheiro ou quando no meio da madrugada esperava que o outro se levantasse para checar as crianças, eles diziam "segundo melhor pai do mundo". Nunca ouve uma briga para quem fosse de fato o primeiro, eles não eram perfeitos e ambos se consideravam o segundo melhor.

— Eu adorei, Harry. — Louis colocou o boné, ajustando para o tamanho da sua cabeça. Ainda sorria — Com certeza eu vou usar!

— Que bom que gostou! — Styles também continuava sorrindo, agora observando muito mais além do boné — Você é um ótimo pai para as crianças, Louis. Obrigado!

— Você não tem que agradecer. — Tomlinson se virou para o bombeiro, bebericando o seu chá.

— Eu estava agradecendo a mim mesmo sabe, por ter escolhido um pai maravilhoso para os meus filhos. — Harry começou a rir, sendo acompanhado do mais velho.

— Idiota. — Louis deu um tapa de leve no braço do cacheado. O seu coração estava transbordando por ter ouvido coisas tão queridas.

Quando o silêncio tomou conta do local, o médico continuou.

— Você também é um pai maravilhoso, Harry. Sempre foi muito dedicado. Eu e as crianças temos muita sorte de ter você.

— Muito obrigado. — Styles sorriu sem graça, estendendo a mão aberta na frente do seu corpo — Mas vamos parar por aqui, não quero ficar emotivo.

E novamente, o silêncio recaiu sobre os dois, apenas era possível escutar os uivos raivosos do vento e a lenha estralando na lareira.

Louis se virou completamente para Harry, dobrando as suas pernas em formado de borboleta.

— Você realmente não quer conversar? — Disse baixo, quase como um sussurro — Eu quero acertar as coisas com você.

— Eu ainda estou muito machucado para falar sobre isso, Louis. — Styles foi sincero, dando um sorriso quebrado para o mais velho.

— Então só me deixe dizer uma única coisa, por favor. — Tomlinson apoiou uma das suas mãos na perna do cacheado, quase que implorando — Está me matando não falar isso pra você.

— Aqui? — Harry olhou em volta, apontando para as crianças e Charlotte dormindo. Não parecia ser um lugar muito adequado para trazer velhas discussões átona.

— Podemos ir para a cozinha se sentir mais confortável. Posso fazer um chá para você também.

O bombeiro concordou com a cabeça e eles foram até a cozinha, carregando algumas velas. Enquanto Louis preparava o seu chá, Harry se preparava psicologicamente para o que o outro tinha a dizer. Ele prometeu a si mesmo que não choraria, independente do que fosse ouvir.

— Quer sentar? — Tomlinson estendeu a xícara para o maior e apontou para as cadeiras no meio da cozinha, afastadas da mesa que ainda estava servindo de apoio para a janela grande.

Harry negou, a enrolação do menor estava o deixando nervoso, suas mãos estavam começando a suar apesar do frio. Ele bebeu um gole do chá para tentar se acalmar.

— O que eu disse naquele dia, sobre não estar mais apaixonado por você, era mentira. — O médico disse olhando para a xícara na sua mão, sem coragem se encarar o ex — Desculpa ter mentido para você de forma tão dolorosa. Mas acredite, doeu muito mais ter dito isso.

— Como assim? — Harry estava sem entender nada, tentando olhar para os olhos de Louis que estavam escondidos.

— Eu estava completamente apaixonado por você quando disse que não estava mais. — O maior suspirou alto, então encarou o cacheado — Era pra eu ter dito algo mais brusco... como um eu não te amo mais. Só que, quando eu vi você na minha frente.... Harry, eu jamais conseguiria dizer algo assim.

O cérebro do bombeiro ainda tentava absorver toda aquela informação. Era difícil, quando ele tinha a completa certeza que Louis não estava mais apaixonado por ele; quando por meses ele havia chorado antes de dormir com um buraco enorme no peito por ter ouvido algo tão doloroso quanto "eu ainda te amo, só não estou mais apaixonado por você". Ele considerava isso muito pior do que um eu não te amo mais, porque aí o amor era apenas de amizade e Harry jamais conseguiria ser somente amigo do médico. Ele preferia que a história terminasse.

— Por quê? — Harry disse quase que em um sussurro. Apoiou a sua xícara em cima da bancada que estava próxima a eles, ele sentia que poderia a deixar cair com qualquer que fosse a resposta do menor — Por que você faria algo assim, Louis?

— É uma longa história. — Tomlinson estava mal. Era difícil olhar para o cacheado tão desnorteado e quebrado, era muito difícil. Ele sentia vontade de abraçar o mais novo e prometer que nunca mais o deixaria — Você tem certeza que quer ouvir?

A Christmas to remember ❄ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora