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Laura Coimbra e Ethan Ferreira são amigos desde a infância, sempre moraram próximos e estudaram juntos, sabem tudo da vida um do outro. Agora falta pouco para irem a faculdade e o que mais os assustam não é qual curso escolher, mas sim se continuarão juntos.
- É estranho, não é? Digo, passamos tanto tempo adiando esse momento que agora ele chegou e não sabemos o que pensar. - disse Laura.
- É verdade. Você já sabe em que curso vai entrar? - perguntou Ethan.
- Não exatamente. Mas vamos garantir que estaremos na mesma faculdade. Certo?
- Certo. - Eles fizeram um toque com a mão fechada do tipo: "bate na pedra, explode a pedra".
A ligação entre eles era diferente, eram almas irmãs, como eles se denominavam. Nenhum laço de amizade teria sido tão forte entre duas pessoas tão diferentes caso essas pessoas não fossem eles. Era difícil explicar o que os conectavam, ambos tinham agora 18 anos. Laura sempre foi rodeada de amigos, era bonita e inteligente, se esforçava para ter as melhores notas, não por almejar um futuro brilhante com a carreira que quisesse, mas apenas para mostrar a todos que podia fazer tudo o que quisesse, assim como ser líder de torcida, e estar em festas aos sábados à noite com garotos que não gostava mas desfrutava de suas companhias apenas por serem bonitos. Na maioria dessas festas Ethan também comparecia, na maioria das vezes com seus primos Lucas e Carlos que eram os mais próximos e também amigos do colégio, no fim sempre voltavam juntos para casa. Ele não era exatamente um 'bad boy' mas pode-se dizer que ele faz o que quer, apenas. Laura estava sempre o salvando de encrencas e também da reprovação escolar. Ele não tinha as melhores notas embora fosse inteligente, apenas não se esforçava muito. No entanto, era esperto o suficiente para sempre se safar. Morava com sua mãe, Rosa Ferreira, não conhecia seu pai, ele tinha partido quando soube da gravidez dela, afinal aquilo não seria bem visto pela esposa dele, que na época também estava grávida. Ethan nunca teve nenhum tipo de contato com seu pai biológico. Sua mãe tinha namorados, mas ele não se apegava, eles sempre iam embora depois de um tempo e nunca voltavam. Ele trabalhava em uma oficina após a escola, o dinheiro que sua mãe ganhava trabalhando em uma lanchonete não era o suficiente para tudo que eles precisavam, mesmo ela se dobrando em turnos extras. Ele tinha alguns amigos também em sua maioria seus primos, que moravam no mesmo bairro. Era um bairro familiar, todos moravam ali tempo suficiente para saberem quem era novo e quem não morava ali, o que ajudou muito a manter a amizade entre ele e Laura, moravam ali desde que nasceram, suas famílias se conheciam, os pais não eram amigos próximos, pelo menos não mais, suas mães Rosa e Lavínia Coimbra aviam sido amigas próximas na adolescência até pouco depois de se tornarem mães, após a maternidade suas vidas mudaram completamente e o tempo se encarregou de afasta-las, mas tinha ainda um grande carinho uma pela outra e eram boas vizinhas. No entanto seus filhos eram muito proximo, ela saiam com ele e seus primos, era sempre divertido; as piadas, as brincadeiras, tudo aquilo tornava as coisas mais leves para ele, afinal, não era a melhor pessoa lidando com seus sentimentos e relações de qualquer tipo. Ele e sua mãe tinham uma convivência tranquila e se amavam, embora não demonstrassem em palavras ou qualquer tipo de afeto. Na verdade, eles tinham um jeito interessante de demonstrar carinho, por exemplo: quando ela chegava à noite cansada após um longo dia e ele tinha feito uma torta para que ela pudesse apenas jantar e descansar sem se preocupar com mais nada, era a forma dele dizer que a amava, sua mãe sabia e fazia o mesmo por ele. Suas ações demonstravam o quanto se amavam, mesmo isso nunca sendo dito. Rosa sabia que Ethan as vezes se metia em encrencas, andava com pessoas erradas por vezes, mas confiava no caráter do seu filho.
Eles nunca falavam sobre quase nada que envolvesse emoções e sentimentos, sair da zona de conforto incomodava a ambos. Ele não julgava o modo que sua mãe lidava com as coisas, os namorados que sua ela trazia para casa, na maioria das vezes, quando não gostava de nenhum tentava se manter distante, não interferia. Assim era a vida que ele levava. Precisava decidir uma faculdade, a verdade é que ele não fazia planos de ir para uma, mas Laura estava tão empolgada que ele não sabia como dizer a ela que apenas queria arrumar um emprego e viver sua vida em paz.

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