Capitulo 28

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Indicação da musica deste capitulo. NeideAlves9

 Cadê - João Carreiro e Capataz Part. Mato Grosso e Mathias


(****) TRÊS MESES DEPOIS. 

          POR JOÃO MORENO .

Uma voz mansa e doce me chama. Parece com a voz de minha mãe, minha Madrinha...  Deve ser ainda a droga fazendo efeito em meu corpo...  Desgraça,  troço horrível, eu juro que foi a ultima vez. 

 Abro meus olhos, tudo esta embaçado, me sinto enjoado e minha cabeça dói . A cidade pulsa, muito barulho e as pessoas passam desviando de meu corpo que esta jogado na calçada, como se eu fosse um monte de lixo. 

 Não é possível...  Acho que estou tendo alucinações, porque  estou vendo Madrinha e Padrinho.  

- Meu filho, o que você esta fazendo de sua vida?

 Marinha senta ao meu lado, acaricia minha face e chora. Eu deito minha cabeça em seu colo e choro perdido, sem saber se é real, ou estou tendo outra alucinação.

- João meu filho, você tem que levantar deste chão, venha nós estamos aqui e vamos cuidar de você.

- Madrinha é real, a senhora esta aqui?

- Estou meu menino, e vou te levar comigo, vamos pra casa.

Fixo meus olhos, e vejo Padrinho e Pedro em pé ao nosso lado. Eu estou deitado na porta do prédio onde eu moro, lembro que não me deixaram entrar quando cheguei, pois estava muito chapado e louco.

Sinto vergonha, olho para a Madrinha ela esta arrasada, com olhos vermelhos. Padrinho esta serio, e eu que nunca o vi chorar, vejo lagrimas escorrerem em seu rosto,olho para Pedro e vejo que sente pena de mim .

Tiro as mãos de Madrinha que me segura e me afasto rastejando pelo chão, balanço minha cabeça em negativa varias vezes.

- Não, eu não vou voltar, eu nunca mas volto para aquele lugar desgraçado.

Me levanto e saio correndo, Madrinha chama por mim, e Pedro vem correndo e me alcança. Lutamos e Pedro me domina... Eu passo a chorar como o fracassado que sou. 

- João seus padrinhos vieram te buscar, você não pode ficar levando esta vida.

Eu luto para escapar, tenho vergonha de encara-los.

- Você é um intrometido Pedro, quem disse que eu quero voltar? Quem te disse que eu quero viver ?

Pedro me segura firme para que eu não fuja e me arrasta para meu flet.

Posso ver o espanto na face de meus padrinhos e o quanto estão chocados, pela bagunça e sujeira de onde estou sobrevivendo todos os dias, um dia de cada vez.

- Eu vou limpar, é que passei uns dias fora.  Me justifico sem graça.

- Isso não tem importância meu filho, eu limpo para você...  Madrinha força um sorriso.

Padrinho anda pelo pequeno espaço do flet e observa tudo. Abre a geladeira que tem restos de comida comprada, alguns enlatados embolorados e algumas latas de cerveja. 

Pedro bate as mãos em minhas costas, me encara e diz:

- Eu sinto muito irmão, mas eu não podia te ver assim e não fazer nada...  Acena com a cabeça para meus padrinhos e nos deixa.

 Ficamos nós três em silêncio, sem saber por onde começar.  Ate que Madrinha pede para Padrinho se retirar. Ele esta tão chocado com tudo que vê, que não protesta. Arruma seu chapéu na cabeça, olha para mim com pena e sai batendo a porta. 

Califórnia a menina do sertãoOnde histórias criam vida. Descubra agora