Capitulo 42

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POR JOÃO MORENO .

Paramos na estrada em um desvio, dispensei os capangas, pois agora a missão será de paz, mas Venâncio se negou em me deixar sozinho, e usou de argumento que eu irei precisar de mais carro para levar a família de Cali para Ilhéus . Eu acabei cedendo porque era verdade, e também eu sabia que o teimoso me seguiria de qualquer forma, e não só por mim, mas por Madrinha que lhe pediu isso.

Paramos em uma pousada, Adriana ficou em um quarto, eu e Venâncio dividimos outro . Estávamos muito cansados, eu tomei um banho e antes de deitar, tentei ligar pra Cali, mas o celular não pega aérea nesta região. Ate achei melhor assim, por mas saudades que eu estou dela e queira ela ao meu lado, falar com ela agora não seria uma boa ideia. Estou muito abalado com tudo que ouvi sobre nosso filho, minha vontade é de sair correndo a sua procura, bater em todas as casas ate encontra-lo. Nunca mas em minha vida vou ter paz se eu não encontrar o meu menino, e posso imaginar a angustia de Cali, a dor com que a vi chorando quando acreditava que ele estava morto, e agora saber que em algum lugar neste mundo Inácio esta crescendo, longe de seu amor e proteção... Senhor cuide de meu filho, proteja meus amores, e me guie...

NO DIA SEGUINTE.

Levanto cedo e estou impaciente, não consigo me comunicar com a Cali, e onde estamos é meio isolado, não consigo ter acesso aos jornais. Mas com certeza os jornais devem estar infestados com  os acontecimentos de ontem, pois havia muita gente influente naquele lugar e muitos crimes sendo cometidos. E pelo que eu conheço do Alexandre ele jogara toda a sujeira no ventilador.

Espero dar oito horas da manhã, vou ate o quarto de Adriana e a chamo, cada hora que passa é pra mim um tempo precioso perdido. 


(***)

Chegamos em Maruá, a cidade é pequena parece muito com Sertãozinho só que menos pobre. Há alguns comércios, correio, e uma escola, e logo fico sabendo que a uma fabrica de velas na zona rural que emprega a maioria das pessoas daqui. Pergunto por Dona Conceição e infelizmente é um nome muito comum, então o meu foco vai para a escola, e dela a fabrica de velas. Pois acredito que os meninos estudem, isto sempre foi a vontade deles e Dona conceição não trabalhava por falta de oportunidade .

Infelizmente na escola, eles não podem dar informações de alunos para estranhos e a saída será ir ate a fabrica e se não conseguirmos nada lá, ficar de plantão na porta da escola . E depois disso sair batendo de porta em porta ate ter alguma pista. 

Em um armazém conseguimos o endereço da tal fabrica, e pegamos uma estrada estreita de terra toda esburacada, passamos por casas, muitas vazias, outras só com crianças que esperam seus pais voltarem da lida. Como a viagem é ruim, devido a estrada estreita e esburacada, temos que ir devagar e perdemos muito tempo, não paramos mas e vamos rumo a fabrica. Passando por uma casa vejo, uma mulher varrendo o quintal  de uma casinha branca, ela esta de costas para a estrada e esta longe, e mesmo assim eu a reconheço. O coque no alto da cabeça a estatura esguia e delicada . Paro o carro e sorrio para Adriana que esta ao meu lado. Venâncio para logo atrás de mim e buzina fazendo a mulher virar e constato....  É ela.

- Eu não acredito João, por seu sorriso só pode ser ?

- É Adriana, é a mãe da Cali, eu tenho certeza.

A insuportável me da um abraço e esta toda emocionada, e abre a porta do carro para descer, eu seguro em seu braço e lhe aviso:

- Não Adriana, eu conheço a dona Conceição, e como tudo aconteceu e por tudo que ela acredita, é capaz dela nos escorraçar daqui sem mesmo me ouvir, vamos com calma sim? Eu desço e falo com ela e depois vocês entram .

Califórnia a menina do sertãoOnde histórias criam vida. Descubra agora