Capítulo 3

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Exausto. Essa era a palavra certa para definir como Guilherme estava se sentindo, havia terminado uma cirurgia complicada que durara horas. Tudo que o médico queria era poder tomar um banho relaxado e deitar-se. Mas não foi bem isso que aconteceu, quando entrou em seu quarto chamou pela esposa, mas como não houve resposta constatou que ela não estava em casa, foi quando um papel chamou sua atenção, não conseguia acreditar no que acabara de ler, outra advertência da escola, agora Antônio havia passado dos limites, essa era a terceira advertência apenas naquele mês. Saiu furioso do quarto em direção ao do filho com o papel nas mãos.

– Mas que droga Antônio, no que você está pensando? – perguntou o doutor ao adentrar o quarto do garoto como um furacão, o filho assustou-se com a entrada repentina do pai, mas não esboçara nenhuma reação – Acha que tudo é brincadeira, moleque? – gritou jogando o papel no colo do garoto.

– Qual foi... isso não foi nada! – respondeu o garoto sem dar muita importância. Virou-se novamente para o videogame.

– NADA? – exclamou Guilherme – Você acha que eu vou ficar pagando colégio caro pra você brincar e desperdiçar o seu futuro? – perguntou irritado.

Com a falta de resposta do filho ele foi em direção a televisão e puxou os fios conectados a fim de ter a atenção do garoto, que por sua vez ficara irado com a atitude do pai.

– Qual o seu problema? – o garoto, levantando-se da cadeira e encarou o pai.

– Meu problema? – Guilherme irritou-se com a ousadia do jovem – O meu problema é VOCÊ.

Sabia eu se arrependeria depois da forma como estava tratando o filho, mas naquele momento o menino precisava entender que não podia continuar agindo como um menino mimado, que toda vez em que cometia um erro ou aprontava alguma os pais iriam lá e consertar a burrada feita.

– Que gritaria é essa? – não ouvira Rose chegar – Alguém pode me explicar? – perguntou novamente, esperando uma resposta de ambos.

– Isso aconteceu! – respondeu Guilherme virando-se para ela, a entregando o papel que pegara da mesa – Outra advertência, é a terceira só esse mês.

– Eu já conversei com ele Guilherme, não vai mais acontecer. – respondeu a mulher deixando o papel na estante ao seu lado. Ele não acreditara no que tinha acabo de ouvir.

– Você sabia? – a olhou incrédulo, ela apenas acenou com a cabeça como se isso não fosse nada demais – Sabe qual o problema Rose? – ela negou com a cabeça – Você mima demais ele, tudo que ele faz de errado VOCÊ vai lá e passa a mão na cabeça dele, desse jeito ele nunca vai aprender com os próprios erros.

– Como você? – retrucou ela.

Estava nervoso, isso era fato. Mas aquela discussão não levaria a lugar nenhum. Olhara em direção ao filho, que não falara mais nada e viu a raiva em seu olhar, mas sabia eu os dele transmitia o mesmo sentimento. Saiu do quarto do garoto e seguiu em direção ao seu novamente e pode ouvir os passos da esposa atrás dele e sabia eu a discussão não tinha acabado.

– Não vem me culpar pelo jeito que eu crio o Tigrão – sua voz quebrou o silêncio – Você nunca está presente na vida dele, sempre ocupado demais para uma conversa com o seu filho, ele sente sua falta Guilherme, ele sente falta do pai dele.

Depois disso ela seguiu em direção ao banheiro. Definitivamente isso não era o que Guilherme achava que seria seu fim de noite, cansado te toda aquela discussão o doutor saiu em direção ao seu escritório. Agradecera mentalmente pelos pais não estarem em casa naquela noite ou ainda teria que ouvir a mãe encher ainda mais sua cabeça. Sabia que a mãe não gostava de Rose e usava qualquer situação para convencer ele em pedir o divórcio.

Óbvio que seu casamento com Rose já não era o mesmo, já perdera a conta de quantas vezes brigaram e ela ameaçou pedir o divórcio, mas ele sempre a convencia do contrário. E agora a relação ia de mal a pior, além da discussão de minutos antes ainda tinha o assunto da Ala Infantil que ela queria montar, não concordava com aquilo mas apoiava a esposa independente de qualquer coisa. Amava a esposa e não desistiria do seu casamento tão fácil assim, afinal são dezoito anos juntos, eles tem uma história e uma linda família.

Despejou o uísque no copo e sentou-se no sofá que tinha na sala, e seus pensamentos voltaram a três anos atrás, quando Rose pedira um tempo no casamento, em como se encontrara sem rumo, não conseguia entender em como ela poderia estar desistindo de tudo em que viveram e desistindo DELE.

E foi nesse momento que lembrara DELA, a menina de peruca rosa do qual não sabia o verdadeiro nome. Havia anos que não pensava nela, nos meses seguintes aquela noite não conseguia parar de lembrar-se da textura dos seus lábios, da sensação de sua pele em contato com a dele, de seu perfume adocicado, mas depois de sua reconciliação com a esposa obrigou-se a esquecer a bela dançarina.

Tratou logo de afastar esses pensamentos. Não percebera a hora passar, decidido a lutar novamente pelo casamento, Guilherme levantou-se e deixou o copo em cima da mesinha de bebidas e dirigiu-se ao seu quarto, onde Rose já dormia. Entrou no banheiro para tomar um rápido banho, trocou-se e deitou na cama devagar para não acordar a esposa, demorou um pouco mas ele finalmente conseguiu dormir.

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