Capítulo 9

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O clima do jantar não era um dos melhores, Daniel era o único que puxava assunto com Flávia e Alice, enquanto Celina, Rose e Antônio julgavam a jovem em seus pensamentos e aqueles olhares estavam começando a incomodar o doutor, não queria que elas se sentissem desconfortáveis.

– Então Flávia, né? – perguntara Celina em tom de desdém – Você ainda trabalha dançando para os homens naquela boate?

– Mamãe! – repreendera Guilherme irritado com a pergunta.

– É só uma curiosidade meu filho, essa menina não pode criar uma Monteiro Bragança nesse tipo de lugar – respondera a senhora.

– Não – Flávia finalmente respondera – Na verdade Dona Celina, eu sou Vice-Presidente das Cosméticos Terrare.

Rose e Antônio não disseram nenhuma palavra durante todo o jantar, era como se ignorassem elas ao máximo, em certo momento Antônio pedira licença da mesa e seguiu em direção ao seu quarto. Guilherme sabia que levaria tempo para o filho aceitar a irmã e para Rose aceita-la também, mas não deixaria ninguém o distanciar da filha. Não cometeria o erro de ser um pai distante, queria sempre estar do lado da menina.

Quando terminaram o jantar a família foram para a sala de estar, Flávia engatou uma conversa com o pai, era bom ver que ambos teriam uma relação boa, sua mãe e Rose se mantinham distantes. Queria que Alice se sentisse acolhida pela família e naquele momento o pai era o único se esforçando para que aquilo acontecesse.

Alice estava no chão brincando com alguns brinquedos que Flávia havia levado, o médico sorriu ao observar a filha tão absorta à tudo que acontecia naquele ambiente, sua única preocupação era colocar sua boneca para dormir, sua pequena era tão inocente e ele faria o possível e o impossível para protege-la de todo o mal do mundo.

Se esforçaria ao máximo para ser o melhor pai do mundo, afinal não era perfeito, tinha suas falhas e cometia seus erros, que não eram poucos. Fora tirado de seus pensamentos quando sentira pequeninas mãos em sua perna, olhara para baixo e viu o rostinho delicado da filha, a menina segurava um ursinho de pelúcia e pedira colo para o pai. Guilherme então pegara a menina no colo e a aconchegara em seu peito, sensação nenhuma seria melhor do que a de ter sua pequena em seus braços, beijara sua testa e encostara o nariz em sua cabeça sentindo o cheirinho de seu shampoo, fechara os olhos e apreciou aquele momento.

– Acho que já está na hora de irmos – declarara Flávia assim que percebera que a Alice havia adormecido no colo do pai.

A jovem caminhara em direção ao sofá em que o médico estava sentado com a menina. Guilherme intercalara o olhar entre Flávia e Alice, não queria que sua pequena fosse embora, foi quando uma ideia passara em sua mente.

– Será que ela poderia dormir aqui hoje? – perguntara esperançoso, não queria ficar longe da menina – Talvez passar o final de semana comigo? – olhara para Flávia com um olhar de súplica.

Viu a garota hesitar por um momento, provavelmente pela filha nunca ter passado a noite longe dela, em uma casa que até então é desconhecida para ela. Flávia olhara para a filha que estava encolhida no colo do pai, ela parecia tão menor em seus braços.

– Não sei Guilherme – hesitou a jovem – Ela nunca dormiu fora, pode estranhar estar em uma casa diferente quando acordar – Flávia olhara em volta da sala antes de deixar recair o olhar para a menina novamente.

– Por favor Flávia – pedira Guilherme – Só quero poder passar alguns dias com ela, conhecer ela mais um pouco, brincar – dera de ombros e sorriu para a jovem.

Flávia mais uma vez olhou para os dois e acenou com a cabeça concordando com o pedido de Guilherme. Seria difícil passar o final de semana sem a filha, o cirurgião sabia disso, mas sabia que ela não afastaria a menina dele. Alice despertara com a conversa que acontecia entre os pais, coçou os olhinhos e levantou o olhar para a mãe. A jovem sorrira docemente para sua menina, ajoelhou-se no chão para falar com a filha.

– Meu amor, a mamãe já vai para casa – fez carinho em sua cabeça – Você vai dormir aqui com o papai e vai passar o final de semana coladinha nele, isso não é legal? – perguntara para Alice.

– O dia todinho com o papai? – Alice perguntara alegre.

– Todinho – Flávia respondera com um sorriso, feliz com a animação da pequena.

A menina então passara seus pequenos bracinhos sobre o ombro da mãe a abraçando se despedindo, beijou seu rostinho e levantou-se. Despediu-se de todos e seguiu em direção a porta acompanhada de Guilherme, que deixara a filha brincado com o avô, que estava nas nuvens com a nova netinha. Quando chegaram no jardim a jovem então deixou orientações de que se acontecesse alguma coisa era para ligar, não importasse a hora, que viria o mais rápido que pudesse, o cirurgião sorriu com a preocupação excessiva da garota, mas concordara com ela.

– Então eu já vou indo, está ficando tarde – ela inclinara um pouco e depositou um beijo em seu rosto, afastando-se devagar do médico.

Naquele momento Guilherme não entendera o porquê de seu coração ter errado a batida, mas a sensação daqueles lábios macios em seu rosto era maravilhoso. Quando vira que Flávia começava a se afastar, impulsivamente segurara seu braço a impedindo de continuar o trajeto até o portão.

– Vou pedir para o meu motorista te levar para casa, já está tarde pra você ir sozinha – demonstrara preocupação, afastou-se para ir à procura de Odailson, o encontrando na cozinha com Deusa. Pedira para o motorista a deixasse em casa e foi prontamente atendido pelo empregado, aproveitara e pedira para que Deusa aprontasse o quarto de hóspedes para Alice.

Quando voltara para a sala encontrou somente o pai e a filha brincando, a menina sentiu a presença do pai e sorriu docemente e coçou os olhinhos em sinal de sono. Guilherme prontamente pegara a menina no colo, despediu-se do pai e seguiu ao quarto de hóspedes onde a pequena dormiria, assim que o final de semana acabasse contrataria a melhor agencia de decoração para preparar o quarto da sua princesa. Alice já dormia em seus braços, com o rostinho escondido em seu pescoço, adentrara o quarto e depositara a menina na cama, ajeitara os travesseiros em volta dela para proteção. Sentou-se devagar na ponta da cama e passou minutos admirando a beleza daquele pequeno ser que o chamava de papai, levantou-se e depositou um beijo em sua testa, saíra deixando o abajur aceso e a porta entreaberta

Assim que entrara em seu quarto Guilherme seguiu em direção ao banheiro para tomar banho, já pronto voltou para o quarto e deitou-se na cama, pegando rapidamente no sono. Foi acordado com um toque leve em seu rosto e a voz doce e baixa de sua princesinha.

– Papai – chamara a pequena.

– Alice? – indagara o médico ainda grogue – O que aconteceu, meu amor? – abriu os olhos já em sinal de alerta, o que teria acordado a filha às três da manhã perguntava-se.

– Tá chuveno e tem tovão – respondera a garotinha já com voz de choro.

Guilherme então se dera conta de que estava chovendo muito e que aparentemente sua pequena tinha medo de relâmpago e trovoada. Levantou então um pouco do cobertor, afastou-se um pouco da beirada da cama e pegou sem esforço algum a menina, deitando-a ao seu lado, cobriu-se novamente e passou os braços em volta de Alice, que se aconchegara em seus braços Queria que a filha se sentisse protegida e pelo jeito estava conseguindo, encostara o nariz no topo da cabeça da menina e sorriu, adormecendo novamente com a filha nos braços.

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