Capítulo 16

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Fazia dias que não falava com Guilherme, toda vez que o médico ligava a garota evitava falar com ele, depois da confissão do cirurgião dizendo que ele queria aquele beijo, Flávia passara a evitar qualquer brecha que pudesse retornar ao assunto. Sentia-se perdida, sabia que havia se apaixonado por Guilherme mas aquilo era errado...né?

Ele era casado, por mais que não parecesse feliz naquela relação, ainda era casado e não havia nada que pudesse fazer.

Mais um final de semana chegara e seria difícil continuar ignorando o dono de seus pensamentos. Respirou fundo e levantou-se para atender a porta, Alice vinha logo atrás sabendo que seria o pai. Durante toda a semana a menina não parara de falar e tentar adivinhar a tal surpresa que o pai havia comentado, mal havia dormido na noite anterior. A jovem sorriu com a empolgação da filha, que dava pulinhos ao seu lado.

– Papai! – gritou Alice atirando-se no colo de Guilherme assim que a porta fora aberta.

O médico gargalhou com tamanha felicidade vendo a empolgação da sua princesinha, abraçou a menina forte em seus braços e aspirou o cheirinho de bebê que ela exalava.

– Oi, meu amor! – disse o pai depositando um beijo estalado em sua bochecha, o que fizera a garotinha gargalhar e entrelaçar os bracinhos em volta de seu pescoço.

Flávia achava lindo aquela conexão que a filha tinha com o pai, conexão esta que fora privada quando mais nova ao ser abandonada pela mãe, quando era apenas um bebê mas, que reacendera quando conheceu Paula. Recordou-se em como a empresária havia estendido a mão para ajudá-la quando mais precisara.

Dissipara esses pensamentos quando sentira que um par de olhos castanhos a fitavam. O cirurgião abrira o sorriso mais lindo que havia visto e fora inevitável não repetir o mesmo gesto.

– Oi, Flávia – Guilherme aproximou-se e depositou um beijo em sua bochecha – Como você está? – perguntara.

– Bem – trocaram olhares por alguns segundos, era evidente que estavam nervosos na presença um do outro após o acontecimento que ainda rondava a cabeça dos dois – Entra – convidara a garota dando um passo para o lado.

Guilherme entrara ainda com a filha nos braços. Seguiram até a sala, por mais que Alice quisesse conhecer seu quarto novo, o médico parecia querer falar alguma coisa antes.

– Princesa, antes da gente ir o papai queria conversar com a mamãe, pode ser? – perguntara docemente, colocando a menina no chão que apenas assentiu e logo se distraiu com suas bonecas. Ele abrira a boca algumas vezes parecendo não saber por onde começar, Flávia notando seu nervosismo, segurara sua mão e sorrira carinhosamente o incentivando a falar.

– Meu casamento acabou! – começara Guilherme sem muito rodeio. De cabeça baixa ele não vira a expressão de choque que tomara conta do rosto da mais nova.

Estava dividida, por um lado estava feliz com a notícia mas, por outro sentia-se culpada pela separação.

– Eu pedi o divórcio – declarara o homem apertando sua mão.

– Porque? – perguntara a garota ainda processando o que havia sido dito.

– Ela me traiu – confessara cabisbaixo – Já estava me traindo há meses – levantou a cabeça para fitá-la.

A jovem podia ver o misto de emoções em seus olhos, ele parecia triste e aliviado ao mesmo tempo. Levou suas mãos ao rosto de Guilherme, fazendo uma leve carícia. O médico afundara mais o rosto em suas mãos a fim de mais contanto.

– Mamãe, papai – a vozinha de Alice quebrara o momento no qual eles se encontravam, os dois encararam a menina – Já pode ver a supesa? – perguntara inocentemente. Os pais soltaram uma risada com tal pergunta e assentiram.

Alice voltara para o colo do pai enquanto se despediam de Flávia na porta. Quando fora tomada pelo silêncio total assim que pai e filha deixaram o apartamento, a garota começara a assimilar tudo que lhe fora dito. Como aquela mulher pudera trair um homem como Guilherme ela nunca entenderia mas, se tivesse uma chance com ele, nunca faria nada que pudesse o entristecer. Ele merecia ser feliz e ela podia o fazer feliz.

Foi desperta de seus pensamentos com a entrada de Paula em seu apartamento.

– Oi, garota – cumprimentou sentando ao seu lado – Que cara é essa? – perguntara ao perceber a expressai pensativa de Flávia.

– O Guilherme – dissera a fitando – Está se divorciando.

– Se divorciando? – repetira Paula – E por que? – perguntara curiosa.

– Ela traiu ele – contara – E parece que já acontecia há algum tempo – olhara para a mais velha – Eu só não entendo o por quê – dissera confusa.

– Às vezes as pessoas não dão valor a quem tem do lado – respondera pensativa.

Parecia eu Paula sabia do que estava falando e aquilo a deixara curiosa, já que a empresária nunca tocava no assunto sobre seus relacionamentos, a não ser se for com seu falecido marido.

– Você parece sabem do que fala – dissera a garota.

– É, eu sei sim – respondera Paula ainda com o olhar distante – Mas não quero falar sobre isso – voltara a esboçar um sorriso enorme – Eu vim te chamar para passar uma tarde só de garotas, eu, você e a Ingrid – dissera lhe dando um tapinha no braço.

– Vai ter direito a bebida? – perguntara divertida.

– A mais forte que eles tiverem – respondera Paula dando um pulo do sofá, o que fizera a menina soltar uma risada.

Enquanto estavam no SPA tendo tudo que mereciam, Flávia e Ingrid sempre tinham algum assunto na ponta da língua.

– Vai dizer que você não está gostando de ninguém no momento? – perguntara Flávia para a adolescente.

– Ah, ter tem né...só que ele nunca vai olhar para mim – respondera a garota tristonha.

– Que isso, Ingrid? – sobressaltou Flávia – Você é linda e é incrível – afirmara, a adolescente apenas dera de ombros – Ei, é sim! – reafirmara Flávia.

Paula que até então só prestava atenção no que elas conversavam, começara a estalar os dedos a fim de chamar sua atenção para si.

– Ingrid, você é uma Terrare, ninguém resiste a uma Terrare – dissera levantando o rosto da filha – Se ele não reparar em você quem vai estar perdendo é ele – declarou.

– Mas quem é esse cara que você gosta? – perguntara Flávia levantando a sobrancelha.

– O Murilo – dissera tímida. Flávia demorara apenas segundos para relacionar de quem falavam.

– Eu sabia que não estava imaginando coisas – dissera com um sorriso – Eu shippo, hein – cutucara divertidamente a garota, que sorriu timidamente.

A tarde havia sido incrível, amava a companhia das Terrare. Quando chegara em casa, largou a bolsa no sofá e foi para o banheiro, já de banho tomado e vestida com seu pijama mais confortável, Flávia deitou-se na cama e começou a procurar algo para assistir, enquanto revia sua serie favorita FRIENDS sentiu o celular vibrar, ao notar que era de Guilherme tratou logo de abrir a mensagem. Logo deparou-se com a foto da filha, toda enroladinha em um cobertor envolto por pelúcias da Disney, com uma frase em seguida:

"Acho que alguém gostou do quarto novo."

"Parece que sim!", respondera Flávia sorrindo.

Vira os três pontinhos formarem na conversa, com o coração acelerado esperava algo ser dito por Guilherme e um boa noite não era o que esperava.

Suspirando, deixou o celular de lado logo após responder à mensagem. Sabia que o divórcio nem tinha acontecido ainda, ela o entendia, parecia que ele travava uma guerra contra os próprios sentimentos e ela também. Voltara sua atenção para a série e nem sentira quando pegara no sono.

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⏰ Última atualização: Sep 04, 2022 ⏰

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