Capítulo 10

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Era estranho para Flávia não ter a presença da filha pela primeira vez, havia hesitado em deixar a filha com Guilherme, afinal estava na cara que a mãe, a mulher e o filho não tinham gostado da presença delas no jantar, ao contrário do pai do doutor que a acolhera como parte da família. Quando vira o mesmo olhar pidão da filha em Guilherme ficara impossível negar o pedido dele e, faria bem a filha passar um tempo com o pai, nunca iria tirar esse momento deles.

Quando entrara no apartamento tão silencioso sem a presença de Alice, a jovem sentira um vazio enorme, mas sabia que a menina estava em boas mãos. Foi em direção ao quarto, tomou banho, vestiu-se e seguiu em direção a cozinha, pegou o vinho e uma taça e sentou-se na varanda, admirando a paisagem à sua frente e sentindo o brisa gelada tocando seu rosto enquanto bebericava o vinho. Perdera noção do tempo, pensava em tantas coisas e uma delas fora a sensação de seus lábios no rosto de Guilherme, não conseguia explicar a sensação de paz quando está perto do cirurgião, fechou os olhos e soltou um suspiro.

– Devo estar ficando louca – dissera levantando-se da cadeira e entrando novamente.

Deixou as coisas na cozinha e caminhou até seu quarto, não conseguiria dormir nem tão cedo. Deitou-se na cama e pegou o celular para verificar se tinha alguma mensagem do médico...nada. Pelo jeito tudo ocorria bem na casa do doutor, ligou então a TV com o intuito de assistir algum filme, mesmo que não prestasse atenção na história.

Fora acordada com o barulho alto de relâmpago e trovada, naquele mesmo momento a única coisa que conseguia pensar era em Alice, pegara o celular novamente e...nada, nenhuma mensagem sequer, bufando jogou o telefone novamente no criado-mudo ao seu lado. Virou-se em direção a janela enquanto observava os pingos de chuva molharem o vidro, enquanto assistia a chuva tocar a janela permitia pensar nos acontecimentos de horas atrás, em como Alice se sentira tão feliz em estar na presença do pai, ver o brilho no olhar de sua pequena lhe dava a certeza de que estava fazendo tudo certo. Não demorou muito para adormecer ao som da chuva que caia lá fora.

Aproveitara o domingo para visitar o pai na Tijuca, sabia que teria que aguentar as implicância da madrasta, mas tinha tanto tempo que não via o pai que faria um esforço em ignorá-la. Quando tocara a campainha fora recebida por Odete que a olhou com cara de poucos amigos. Típico dela, pensara a jovem.

– Ah, é você garota – adentrou novamente em casa e sentou-se na mesa.

– É sou eu Odete – respondeu Flávia indo em direção ao pai – Oi pai, estava morrendo de saudade – abaixou-se e beijou seu rosto.

– Oi, meu amor – respondeu Juca sorrindo para a filha – Também estava morrendo de saudade – olhou para a filha novamente – Cadê minha netinha? Não veio com você? – perguntara sentindo falta da presença da pequena.

– Não, a Alice não veio comigo pai – contara a garota sentando ao lado do pai – Na verdade eu tenho que te contar uma coisa – segurou sua mão.

– O que foi Flávia? Aconteceu alguma coisa com ela? – perguntava afoito.

– A Alice está bem – tratou logo de acalmá-lo.

– E onde ela está? – questionou Juca.

– Com o pai dela – respondera a garota.

Quando vira a confusão no olhar do pai tratou logo de explicar à ele que havia reencontrado o pai de Alice, que tinha apresentado os dois e que a menina passaria o final de semana com ele e a família.

– Então quer dizer que o pai da pirralha é casado? – perguntara Odete que até agora havia se mantido quieta, soltou uma risada sarcástica – Mas é igualzinha a mãe mesmo – dissera ela.

– Não chama a minha filha de pirralha entendeu – Flávia levantou-se e ficou de frente para a madrasta apontando o dedo em seu rosto – E não me comprara à minha mãe, eu não sou igual à ela – gritou a garota.

Juca então puxou a fila pelo braço, afim de acabar com a discussão que aconteceria a qualquer momento. Flávia decidiu ignorar Odete pelo resto do dia, tinha ido lá para passar um tempo com o pai e não deixaria que a madrasta estragasse sua tarde com ele.

Já passava das cinco da tarde quando despediu-se do pai, quando saia de dentro do prédio dera de cara com Murilo, que soltara um largo sorriso quando a vira, já tinha tanto tempo que não se viam.

– Murilo – a garota abraçou o rapaz – Meu Deus, quanto tempo – dissera ela o soltando com um sorriso no rosto.

– Pois é, você sumiu – disse o rapaz a olhando admirado – E como a Alice está? – perguntara procurando pela menina – Afinal, onde ela está?

Era impressionante em como Alice conseguia cativar qualquer pessoa por onde ela passava.

– Ela está com o pai – assim que declarara, percebera o espanto no rosto do músico.

– O-o pai dela? – perguntara ainda em choque.

– É, eu reencontrei ele a pouco tempo – sorrira para o rapaz – Eles estão se conhecendo, ela está tão agarrada a ele Murilo, você tem que ver – dissera ao amigo em tom alegre.

O rapaz somente sorriu para ela, mas com o olhar perdido. Ela sabia que ele gostava dela, os dois namoraram por no máximo dois ou três meses, antes de Flávia conhecer Guilherme e sabe que ele era apaixonado por ela desde então, tinha até se oferecido em assumir Alice, mas seria injusto com ele se aceitasse, afinal só o via como amigo e nada mais e Alice já tinha um pai mesmo que ele não soubesse de sua existência na época.

Despediu-se do rapaz e pediu um carro por aplicativo, enquanto esperava viu o músico se distanciar, sentia muito, mas não podia alimentar um amor que ela nunca corresponderia.

Quando chegou em casa, aproveitou o resto da noite assistindo séries que estavam atrasadas, afinal no dia seguinte Guilherme levaria Alice novamente para ela. Mal podia esperar para poder ver a filha de novo, abraçá-la e ouvir como foi o final de semana dela com o papai.

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