Numa árvore pousava um corvo. Preto, sedento e de olhos vermelhos fixados no seu alvo.
Ektos olhava-o de volta, tal como olhava em volta a calma floresta, com tranquilidade pouco duradoura. Outro corvo pousou numa árvore, e, com esse, outros mais vieram até Ektos notar que eram corvos a mais. A calma floresta passou de um sonho a um pesadelo. Um barulho de ramos de madeira a partir fez Ektos virar-se para trás, de onde viu jurou ter visto uma silhueta com asas de anjo a passar entre as árvores. Este episódio repetiu-se várias vezes, fazendo Ektos recuar até ao centro da clareira.-Quem está aí? - Ektos estava aterrado com a situação.
A silhueta saíu de entre as árvores, caminhando em direção ao centro. Agora Ektos tinha a certeza de que não era apenas a forma de um anjo, mas também de uma mulher que carregava um escudo e uma espada.
O anjo avançava em direção ao jovem soldado, enquanto este recuava também. Num último ataque de pânico, Ektos acordou suado na sua cama, com um pequeno grito, a qual apenas Iúlia foi socorrer, em vestes de dormir.
-Ektos, o que se passa?
-Nada, apenas um pesadelo...Iúlia não estava convencida que estava tudo bem com Ektos, mas foi dormir porque teria que acordar cedo no dia a seguir.
Á medida que o sol nascia e iluminava os telhados de tégulas da cidade de Elski, assim como o deserto vizinho, o barulho citadino aumentava, principalmente no fórum e no mercado.
Mais uma vez os irmãos Elvera saíam de casa para mais um dia de Álgebra e Astronomia, enquanto mais uma vez Iúlia ficava em casa. A mãe mais uma vez tinha saído e Iúlia escapou-se para o quarto de Ektos para ir buscar apontamentos de História e Filosofia. História era a disciplina que mais davam atenção a Iúlia e, em questão de minutos, Iúlia já estava a percorrer a terceira página de apontamentos.
A mente da jovem rapariga deliciava-se com imaginações de como Elski uma vez tinha dominado e conquistado as cidades vizinhas de Altra e Gale, as imagens de soldados e líderes que foram idolatrados como heróis do povo.
Mas, desta vez, Iúlia cometeu um erro. Desta vez extendeu o seu tempo e sua mãe havia chegado. A grandes passos procura a jovem filha no seu quarto, chamando por ela. Iúlia apercebeu-se e, atirou o pergaminho para o chão, pegando nos lençóis. Quando a mãe a procurou no quarto de Ektos, a filha estava a fazer a cama do irmão.
-Estás aqui! Não me ouviste chamar, Iúlia?
Iúlia sempre foi uma péssima mentirosa e mães, bem, toda a gente sabe que descobrem sempre de um jeito ou outro, o que a deixava com o dobro dos nervos.
-Não... hm... estava distraída! - disse soltando o "típico" sorriso nervoso.
A mãe apenas foi ajudá-la com a cama e, ainda incrédula de como foi salva, tentava manter-se firme. Quando acabaram, a mãe encaminhava-se para sair do quarto e viu um pergaminho no chão. Iúlia, apavorada, olhou o papel com uma sensação de horror. No canto superior direito, lia-se em palavras pequenas: História de Elski. No entanto a mãe apenas se limitou a colocá-lo de novo no baú, com o resto dos outros pergaminhos, e sorriu para a filha:
-Não vens?
-Sim, estou a ir! - Iúlia atrapalhou-se.Enquanto isso, os rapazes estavam na vinda de novo para casa. Uma vez mais, Lopos preferia a companhia dos seus colegas do que a do seu irmão, que ía, como acontecia frequentemente, mais atrás, sozinho. Os amigos de Lopos nunca gostaram muito de Ektos e viam-no de lado, o que influenciou até o seu irmão mais velho.
Assim que chegaram a casa, Lopos desafiou o irmão para um clássico duelo, o qual Ektos não poderia rejeitar.
Assim que os dois saíram para o pátio, Ektos concentrou-se e lutou corajosamente. O seu irmão era muito mais forte que ele mas Ektos era mais rápido, tanto no ataque como na defesa. No entanto, a rapidez de Ektos de nada servia, pois o seu irmão empurrava-o de cada vez que ele tentava esgueirar-se para um ponto fraco. Ektos estava a começar a ficar frustrado com os empurrões.
-Num duelo não vale empurrões, essas são as regras! - gritava Ektos e com razão. As regras de duelo de Elski não permitiam empurrões.
-Numa guerra tudo vale! - Lopos estava visivelmente furioso, com um olhar flamejante de vingança.
Numa nova tentativa, Lopos empurrou Ektos, desta vez com demasiada força, o que fez o jovem rapaz cair no chão com tanta força que lhe abriu a cabeça. O sangue escorria pelo chão.