Haler queria acabar com a batalha e, por isso, estava a dar tudo. Tudo o que o professor Wilson estava a dar era desafiante mas, quando Haler se fartou, começou a usar movimentos ainda mais rápidos, o que levou o professor a fazer o mesmo. No entanto, o jovem rapaz tinha sido perspicaz. Uma vez que o professor atacava agora rapidamente deixou-se defender e adotou um ritmo mais lento, para testar a destreza do inimigo. Ele tinha a certeza que Wilson ía cometer um erro, até que cometeu mesmo. Num ataque rápido, Haler esquivou-se mais rapidamente, surpreendendo o inimigo, dando meia volta e um golpe abaixo da parte de trás da coxa. Com este golpe, Wilson caíu com um joelho no chão, enquanto Haler lhe apontava a espada.
Wilson havia sido derrotado.
-Posso não praticar todos os dias, mas ainda assim bato muito homens da sua idade. Subestimação é a arma dos convencidos, porque pensam que todo o mundo está abaixo deles. - dizia friamente Haler na cara de Wilson, com uma expressão neutra, séria e calma.
Toda a gente estava a olhar para o que acabara de acontecer, boquiabertos. Haler desceu tranquilamente e saiu assim do campo de treino pelas ruas, levantando de novo o seu capuz mal chegou à rua principal. Optou por ir para casa estudar.
Mal chegou, a sua mãe já sabia das novidades. Na mesa de madeira, estava ela sentada com o irmão, que estava ao lado a rever manuscritos de Direito de Elski.
-O que aconteceu no campo de treino?
-O quê? Como é que já sabem?
-O vizinho, juntamente com muitas outras pessoas viram a tua luta e vieram-me contar assim que acabou. Ele magoou-te?
-Bem que tentou, mas não, mãe. - mostrou-lhe a espada ainda com o sangue do corte ligeiro na perna de Wilson.
-Não gosto nada que vás a essas aulas, mesmo sendo obrigatório dominares a arte do combate!
-O combate não é uma arte, mãe. - explicava Haler, manobrando a espada devagar - É uma necessidade! Nunca se sabe quem se pode apanhar, ou mesmo quando.
Skally concordou.
-Temos de preparar as pessoas, mãe! Uma guerra, embora improvável, ainda tem sempre uma chance mínima de acontecer.
-Não digas isso, Skally! - ela parecia apavorada com essa ideia. - Vá, os dois ponham a mesa. O jantar está pronto e dentro de momentos o vosso pai chegará.
Skally e Haler obedeceram e, de seguida, Haler aproveitou para ir para o telhado. Ali ficou a observar o pôr do sol no deserto. Aquela bola ardente gigante no céu a cair vagarosamente do horizonte, enquanto as casas da cidade se deliciavam com os últimos dias de sol. Olhou para baixo, onde pessoas ainda passavam nas ruas mais à frente. Quando voltou a olhar para a paisagem, viu homens a acender as tochas da cidade. Elski tinha um encanto próprio durante a noite. Aquelas tochas traziam luz até à noite mais obscura. A temperatura estava normal: nem frio, nem quente.
-Elski tem realmente um encanto.
Haler virou-se para ver de onde vinha a voz. Era o seu pai, vestido de armadura de malha, capacete numa mão e espada noutra. Levantou e acenou respeitosamente e dizendo "Pai". De seguida, o pai cruzou-se com o filho.
-Já ouvi as notícias que circulam para cidade de que um filho meu venceu o seu instrutor num duelo. - Haler não deixou escapar um pequeno sorriso convencido. - Certamente impressionante meu filho!
-Obrigado, meu pai.
-Por muito que isso seja impressionante, guerra não é um bom caminho. Traz todo o tipo de desgraças. Apenas quero que saibas isso, pois eu sou um homem de experiência nesse campo, meu filho. - Haler sabia que ele estava a falar da enorme cicatriz que ele tinha do lado esquerdo da cara.
-Tenho a certeza de que sabe do que fala, meu pai, mas ficaria fascinado, se não se importar, em ouvir a história dessa cicatriz que tem no rosto.
Assim, o pai lhe concedeu o desejo, sentando-se no telhado da casa.
-Senta-te. - ordenou e assim lhe obedeceu Haler.