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COMO PODERIAM REAGIR àquela história?

Como prometido, depois de uma boa refeição, Afrodite contara sua história. Contra sua vontade.

Bom, ninguém ali estava preparado para tamanha intensidade da narração, ou tantas desgraças. Exceto Alma, claro.

A matriarca da família se encontrou na situação de Dite. Tanto que, durante a fala da garota, lágrimas despercebidas escorreram de seu rosto.

Ninguém falou nada por longos momentos. Cansada do silêncio Afrodite disse:

— Olha, vocês que pediram para eu contar tudo isso, desculpa se a história os perturbou de alguma forma — ela deu uma olhada de canto em Alma — ou tocou em algum assunto muito sensível aqui. Mas agora eu preciso que cumpram sua parte do acordo. Eu preciso de ajuda!

Todos assentiram devagar com um aceno

— Como poderíamos ajudar? — uma garota de óculos perguntou, atenciosa.

— Primeiro tenho que cuidar disso aqui — Dite tirou do bolso de sua calça uma semente do tamanho da ponta de um dedão. — A planta do meu milagre. Ficou assim depois de me salvar, acho que se eu plantar ela vai nascer de novo para eu reconstruir minha casita. Mas deve demorar, suponho.

— Isabela, você não tem nada de jardinagem em seu quarto, não? — a mesma menina de antes perguntou para uma mais velha.

— Eu crio flores bonitas e saudáveis, por que iria precisar de itens de jardinagem, Mirabel?

— Ah, certo, não tinha pensado nisso. Acho que deve ter algo que sirva no meu quarto, lá tem de tudo. — Mirabel se virou para mim e estendeu a mão — vem comigo? Daí já plantamos sua semente em algum vaso que tiver lá.

Afrodite não pegou a mão estendida, porém seguiu caminho ao lado de Mirabel. Seu nervosismo diante de tantas coisas desconhecidas era fácil de ser percebido, devido ao cabelo mudando constantemente. O maior fator para as mudanças naquele momento era o cheiro daquela garota. Com anos e anos sentindo o odor de todos os tipos de amor e amargura possíveis, ela nunca havia sentindo esse que exalava de Mirabel.

Era como uma porta aberta esperando que alguém passasse. E por algum motivo soava como se essa pessoa deveria ser Dite. Sentir ele se assemelhava à sensação de ter uma grande e chamativa aventura bem à sua frente, te esperando. Era um mistério, e parecia arriscado. Prometia felicidade, mas poderia ser uma ilusão. Precisava-se de coragem para mergulhar em cheio. Procurava pela pessoa com a bravura de o fazer. Afrodite gostou do que sentiu. Para ela era intrigante. Ah, sim, aquele cheiro definitivamente a atraiu.

— Então... — Mirabel tentou puxar assunto, após chegarem à frente da porta de seu quarto. Fato que Afrodite nem percebera, estando extasiada demais com o novo cheiro de amor. — Seu poder é fazer isso? — ela apontou para o cabelo que se transfigurava.

— Ah, isso aqui? Seria um dom meio estúpido, não acha? — Dite sorriu, tentado se livrar daquele cheiro forte para se concentrar. — Só acontece quando fico nervosa. Na verdade, pode até ser parte do meu dom, posso mudar a hora que eu quiser além dos momentos de ansiedade. É interessante, eu gosto.

— Quer dizer que você está nervosa! — Mirabel mexeu as sobrancelhas de uma forma engraçada antes de completar — E, neste caso, eu te deixo nervosa.

Os olhos violeta se arregalaram e o sorriso saiu rapidamente de seu rosto, dando lugar para um careta assustada.

— O quê?! Não, não, não. — Afrodite gaguejou tentando se explicar — É só que... é... — Como explicar o cheiro, ela pensava — É o seu cheiro!

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⏰ Última atualização: Feb 17, 2022 ⏰

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HUELE A AMOR - Mirabel MadrigalOnde histórias criam vida. Descubra agora