Capítulo VIII

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Melissa Cooper

Passaram-se semanas e desde então Caleb parou de me irritar. Falava comigo quando necessário, mas esse silêncio dele me deixou atormentada. Ele aparecia na empresa, quando tinha algo importante, nos dias em que não vinha me pedia os relatórios. Até ele parar de receber minhas mensagens ou chamadas. No começo eu não me importava, afinal, eu o odiava. Mas aquilo começou me preocupar e hoje estou decidindo se vou pro apartamento dele ou não.

Agora não tinha como voltar atrás, estava batendo na porta dele, nada dele responder. Havia uma música muito alta do outro lado da porta. Percebi que a porta não estava trancada, então eu entrei. Caleb estava tocando um piano, sem camisa e havia muitas garrafas de bebidas alcoólicas no chão, ele não estava bem.

-Oi Caleb, vim entregar esses relatórios. Você não está recebendo minhas ligações e nem olhando as mensagens.

-Saia e leve esses papéis com você.

-Senhor Miller, precisa olhar esses documentos, é muito importante.

-Pra mim, isso não é importante agora!

-O que aconteceu com aquele homem frio, elegante e "irritante" ?

-Sumiu Melissa, sumiu.

Larguei os papéis sobre o piano e perguntei.

-Quer conversar?

Ele ficou em silêncio.

Eu respirei e expirei.

-Tinha por volta de 17 anos. Eu era uma garota muito doce, gentil e até mesmo boba. Minha mãe  tinha ficado viúva então se casou novamente, com um homem que no começo sempre achava estranho. Ele tentou mostra-se ser um bom rapaz, então, dei uma chance a ele. Minha mãe nunca foi boa comigo, sentia falta do seu carinho, sua atenção seu amor. Comecei a arranjar desculpas, como depressão pós parto, ansiedade, problemas no trabalho ou até mesmo uma doença que sei que ela nunca teve.

Minha mãe sabia que ele era... Ruim, mas tinha medo de perdê-lo... Talvez porque ele era a garantia de comida na mesa todos os dias.

Não consegui conter as lágrimas que corria em meus olhos.

-Enquanto ela se drogada e gastava dinheiro por ai esse monstro, e... e... ele  me estuprou. Minha mãe disse que não era pra denunciar ele. Que o amava. Isa minha amiga me ajudou ir na delegacia denunciá-los, e então fui embora de casa. Eu morei um tempo com minha amiga e após, comprei um cantinho pra mim. Prometi a mim mesma, para nunca mais ser aquela garota doce e gentil com todos. Tenho medo de confiar cegamente, como confiei naquele filho da puta.

Caleb ficou pálido, então ele me abraçou, um abraço que me senti confortável, protegida aos seus braços. Não queria sair dali.

-Eu sinto muito Mel. Não se culpe por algo que você não tem culpa.

Eu o abraçei mais forte.

-Tive uma briga com minha família. Meu irmão mais novo irá dar um herdeiro para a família Miller. Meu pai disse que sou inútil até pra conceber uma criança.

Ele se abriu

-Seu pai é um idiota, Miller.

-As vezes

-Mais o que mais me doeu, foi ele disser que minha mãe merecia a morte. Ela morreu dando a luz ao babaca do Dominic. Agora ele vai dá um festão para Dominic e sua esposa. Eu não vou dar a satisfação de ser o bastardo da família.

-Você vai sim. Você é o primogênito, não dê esse poder de vitória pra ele.

-Tenho pena do filho dele.

CEO - No rules Onde histórias criam vida. Descubra agora