Avelar

Prólogo

Mais uma noite afundado na poltrona, a brisa lá fora estava leve, o barulho da televisão chegava em seus ouvidos como chiado, a imagem do episódio daquela noite já estava embaçada, os efeitos dos narcóticos estavam em ação. Era a única coisa que o tirava daquela angústia, sua agonia era esvaziada de seu corpo junto com a fumaça que saia de sua boca. O baseado estava entre seus dedos. Era relaxante.

Os momentos que esse homem passou o perturbava até hoje, suas decisões o enchia de culpa, memórias vinham como flashes que ele não podia controlar, e o peso de seu passado voltava a tona a cada minuto de seu dia.

Observando a fumaça subir acima de sua cabeça, o homem ouviu um barulho, estava tão absorto em seus pensamentos que nem conseguiu pensar em fazer algo.

Longe da realidade, um indivíduo que o homem não conseguiu reconhecer surgiu em sua frente.

- Quem é você? - disse o homem, com a voz dando sinal que já estava chapado.

- Encontro um pior que o outro - o comentário veio da figura sombria em sua frente, parece encapuzado, o homem estava drogado o suficiente para não conseguir focar no indivíduo - queria poder te torturar, mas pelo visto você se tortura sozinho.

Antes de ter uma reação ao perceber que sua casa foi invadida, uma lâmina encosta embaixo de seu queixo.

- Você não vai para lugar nenhum - sua cabeça esvaziou, seus demônios pareciam ter devorado tudo que restava, ele queria sair daquela situação, levantou sua mão para segurar o braço que empunhava uma espada, conseguiu a levantar cortando um pedaço de seu rosto. - você acha mesmo que tão drogado assim vai conseguir fugir?

Seus pensamentos estavam acelerados, mas não o suficiente, a lâmina da espada atravessava seu corpo, não conseguiu se segurar em pé, caiu de joelhos até deitar-se em seu próprio sangue.