Capítulo 4 - Moral da história.

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Anos atrás...

Eu só tinha sete anos.

Sinto medo, tanto medo que não consigo reagir. O homem que matou meu pai me puxava impaciente para seu carro tentando sair de lá antes que algum vizinho saísse de casa pelos barulhos da briga, ele tinha acabado cometer um homicídio.

Como uma sombra Saulo o nocauteia, eu chorava, só que em silêncio, nem se eu quisesse eu conseguiria dizer algo. Ele se agacha para ficar da minha altura e olha em volta claramente buscando um plano, ele chegou tarde demais e não conseguiu avisar meu pai a tempo de fugirmos.

- Ei, já passou - diz ele limpando as minhas lágrimas, foi a primeira vez que escutei sua voz, acho que é por isso que quando a escuto me sinto segura, seu leve tom rouco me acalmava em momentos de desespero - vou te tirar daqui, e não vou deixar ninguém te machucar, ninguém.

Ele me abraça e me pega no colo, me levando para longe da minha casa, do meu trauma. Saulo nunca foi de demonstrar carinho, ele não me tratava como criança, mas nos momentos em que eu mais precisei ele estava lá.

•••

Atualmente...

Meus sonhos foram escuros, minha mente afunda no profundo vazio nesta noite de sono, isso é bom, a magia de Saulo deu certo, não sonhei com meus traumas. Lembro quando ele fez a primeira vez em mim, acordava toda hora com falta de ar, ataque de pânico, ele disse que faria só uma vez, mas nunca consegui ficar com essas memórias tão perto de mim.

Chego na biblioteca para começar meu expediente, Carlos e Felipe estão abraçados na escada.

- Não me faça chutar vocês dois - digo com carinho.

- Inveja por eu namorar um cara tão lindo assim - afronta Carlos beijando a bochecha de Felipe.

- Como foi o jantar ontem? - pergunto me sentando ao lado deles. Acompanhei todo o drama amoroso de Carlos por não saber se Felipe gostava dele também.

- Foi incrível, nunca imaginei ter uma noite assim - dava para ver sua felicidade refletida em seus olhos.

- A mãe do Carlos perguntou se tínhamos planos de ter filhos - disse Felipe, suas bochechas claras estavam rosadas pela manhã fria.

- Ela quer muito ter netos - contou Carlos.

- Vamos seus preguiçosos - disse Ana, cutucando minhas costas com a sua bota.

- Só se você me der um aumento? - negociou Carlos.

- Pra vocês ficarem fofocando atrás das estantes? Não mesmo - Ana entrou na biblioteca. Entramos logo depois de nos despedirmos de Felipe.

Comecei a juntar os livros para devolver as estantes, meus pensamentos vagavam nas conversas que escutei ontem, eu quero saber o que Saulo esconde. Quero saber quem é o assassino.

Depois de algumas horas vejo Alicia entrando na biblioteca, ela trajava um macacão verde escuro, por cima de uma blusa preta manga longa, seu cabelo estava amarrado em um coque.

Alicia olha para todos os lados, provavelmente me procurando.

- Posso ajuda-la madame? - a cumprimento, chegando atrás dela.

- AMY! - ela pula encima de mim me dando um abraço.

- Estamos em uma biblioteca - lembro Alicia. - O que você tá fazendo aqui?

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