A noite parecia inocente, eu estava desenhando no chão da sala, dava para escutar meu pai na cozinha tirando alguns produtos da sacola.
Era uma borboleta no papel feita com giz de cera, eu estava feliz naquela hora.
A campainha toca.
Meu pai foi atender a porta, eu não me importei muito, queria colocar mais cor naquela borboleta.
- Boa noite, como posso ajudar? - disse meu pai, recebendo um homem com um uniforme estranho.
- Estou com um mandato, iremos levar Amélia Vega para estudos da L.I.T.H. - ele levantou um papel para meu pai.
O homem estranho ia entrando na casa mas meu pai entra em sua frente.
- Não vai leva-la a lugar nenhum.
- Isso não é uma questão de escolha, sai da frente que eu não quero te machucar.
- Fica longe dela, já tentaram levá-la uma vez, a L.I.T.H. não vai usá-la. - aquele empurrão do meu pai foi o suficiente para o homem partir pra cima.
Estava paralisada vendo meu pai brigar na minha frente. O homem puxou uma arma e apontou para meu pai que pela ameaça levanta os braços rendido. Consegui ver o medo dele em seus olhos. Se afastando devagar do meu pai o homem foi em minha direção, meu coração acelera, estou com medo.
Meu pai dá um mata-leão, o homem tentava sair de todo custo, mas meu pai estava colocando toda resistência que tinha. O homem atirou no pé do meu pai que cambaleou para trás, sem hesitar deu outro tiro na cabeça, meu pai caiu pra trás, o chão foi se colorindo de vermelho. Igual ao meu desenho.
O homem me pegou pela mão e me levou até o carro, eu não conseguia falar, nem recusar a ir com ele. Eu estava paralisada de medo, sentia as lágrimas escorrerem pela minhas bochechas, meu pai acabara de ser morto em minha frente e eu não sei quem estava me carregando.
•••
Levantei agitada da cama, mais uma noite onde meus traumas invadem meus sonhos. Minha visão ainda parece turva.
Levanto, preciso me movimentar. Antes de ficar pronta e sair do quarto, Alicia praticamente arromba minha porta.
- É HOJE! - ela pula para deitar na minha cama, seus cabelos loiros, longos e ondulados, se espalham no meu travesseiro.
- Qual o seu problema? Não sabe bater na porta não? - terminei de vestir meu sueter azul.
- Vou encontrar o Pedro hoje. Lembra?
- Não tinha como eu esquecer, você ficou me lembrando ontem o dia inteiro, falou com o Saulo?
- Não, mas ele vai deixar. - Saulo tinha receio de deixar eu e Alicia sairmos sozinhas, duvido que deixaria ela passar o dia com o namorado.
- Até parece que você não o conhece.
- Você vai me levar né? - ela levanta e se senta na cama agarrando meu tigre de pelúcia.
- Nem pensar.
- Mas Amy, Saulo não vai querer me levar.
- Por que o Pedro não te busca? - comecei a guardar meus livros de exatas, separei o que terminei de ler para levar de volta a biblioteca.
- Ele não tem carro.
- Nem eu.
- Mas o Saulo tem, e você sabe dirigir.
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Avelar
FantasíaEm uma cidade mergulhada em caos mágico, uma jovem precisa enfrentar as consequências cruéis dos atos de seu pai adotivo. Amélia e Alicia, quando crianças, foram acolhidas por um antigo soldado mágico, Saulo Avelar. Os três vivem na elite longe da d...