Capítulo 3 - Problemas paternos.

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Voltei para casa com os passos duros e tensos, quando abri a porta Saulo estava me esperando sentado no sofá, a televisão não estava ligada.

- Onde você tava - disse ele depois de me ver e se levantar, seus olhos estavam alaranjados por provavelmente preocupação.

- Na biblioteca - minha cabeça está divida entre falar o que eu vi, ou guardar para mim mesma.

- E onde está Alicia? - ele cruzou os braços, não estava tão bravo, mas com certeza a saída de Alicia o deixou irritado.

- Eu não sei.

- Amélia, não minta pra mim, eu a proibi de...

- Eu vi um sentinela da Lith em uma cena de crime - interrompi o sermão de Saulo.

- Como é?

- Quando eu estava voltando da biblioteca, vi uma casa isolada, entrei lá dentro - agora que me toquei que fiz merda, eu quebrei a promessa de sem desvios que fiz para Saulo - e tinha um homem com o uniforme da Lith.

- Ele te viu? - Saulo estava pensativo.

- Não, ele saiu pouco tempo depois que cheguei.

Saulo me encarava, eu já estava me preparando psicologicamente para um sermão enorme, ele me abraça com força cortando totalmente minha linha de raciocínio.

- Achei que você estaria furioso comigo - O abraço de volta.

- E eu estou, muito, mas você está bem, e é o que mais importa pra mim.

Me sinto ainda mais culpada por ter quebrado a promessa, pode ser uma coisa simples, mas provei que Saulo não pode confiar totalmente em mim.

- A casa que você estava, é onde ocorreu o último assassinato dos cientistas da Lith - eu tinha certeza disso, o carta de quatro de ouros me confirmou que aquela vítima foi morta nas mãos do Valete de Copas, mas ainda quero escutar a explicação de Saulo.

- E como você tem tanta certeza disso?

- Dificilmente a Lith se envolve em crimes, se tem um deles nesse caso, é um assunto que podem prejudica-los - seus olhos voltam a cor castanho natural.

- E o que você tá pensando em fazer?

- Eu sinceramente não sei, não quero participar dessa confusão, mas vou ficar de olho aberto.

- Entendi - Fui em direção ao meu quarto mas Saulo não esqueceu do assunto inicial.

- Alicia foi pra casa do namorado? - Sua expressão era de decepção.

- Foi - Respondo.

Ele não diz mais nada, subo para meu quarto e me jogo em cima da cama, mergulho na minha playlist dos Twenty One Pilots

Chlorine preenche meus ouvidos pelo fone, meu estado imerso é interrompido pelo toque de ligação do celular: é Alicia.

- Alô - falei atendendo a chamada ainda largada em cima da cama.

- Já chegou em casa? - sua voz metálica saindo do fone parecia calma.

- Cheguei - respondi enquanto girava com magia no ar um livro que peguei hoje na biblioteca.

- Saulo vai me matar, meu deus por que diabos ele tá tão neurótico? Não entendo.

- Você não se arrependeu né?

- Não, acho ele tem que entender que não vai acontecer nada comigo se eu tiver uma vida normal.

- Não temos uma vida normal, e você fugir não vai provar isso pra ele, só vai mostrar que não pode confiar em você.

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