CAPÍTULO 4- Bobona.

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POV JIHYO

Chegando no dormitório, tudo desabou.

Sana bateu boca com a Dahyun. Chamou ela de idiota, sem noção, e mais um monte de coisa por conta do que aconteceu no labirinto, e tudo o que a Kim fez foi apenas escutar e comer a janta, que era uma marmita mixuruca e ainda por cima estava gelada. Dahyun sequer falou uma palavra, só ficou quieta enquanto a Sana falava mil e uma coisas no ouvido dela.

Quando vieram dar a janta, teve gente que surtou e começou a gritar falando que quer ir embora, mas os guardas falaram que não podem, já que assinaram o papel e essa é uma das regras. E por causa disso, eles foram tentar abrir o portão, e os triângulos tiveram que atirar.
11 pessoas morreram, perdi até a fome depois de ver todo aquele sangue no portão. Depois os círculos vieram com uns caixões e colocaram todos os corpos mortos dentro.

Nessa hora, Nayeon e Tzuyu entraram em pânico e começaram a chorar de novo. Acho que foi exatamente nesse momento que deu um estalo na nossa cabeça, e nós percebemos o quão fodida a gente estava aqui dentro.

Eu queria chorar também. Queria chorar bem alto sem me importar com as pessoas ao meu redor, mas preciso me manter forte pelas minhas meninas e cuidar delas.

E eu sei que eu consigo. Eu sei que eu consigo manter minha cabeça erguida, e fingir que eu estou bem para passar força e coragem para minhas amigas, porque eu fiz isso a minha vida inteira.
Sempre arrumei soluções para os meus problemas sozinha. Eu sempre lidei com meus conflitos internos sozinha, sem a ajuda de ninguém, porque eu não quero e não gosto de encher os outros com minhas paranóias e problemas.

Apenas minha mãe me entendia. Eu contava tudo para ela, e ela sempre me dava conselhos e me ajudava, mas depois que ela se foi, eu não tinha outra pessoa para me apoiar a não ser eu mesma.

E eu sei que ter inveja é feio, porque minha mãe me ensinou isso, mas eu realmente invejo das pessoas que tem uma família unida e sempre tem pessoas ao redor para dar-lhe conselhos e ajudá-las quando precisarem.
Eu não tenho família, só tenho meu pai, mas eu sequer considero ele com parte de uma família. Até porque ele nem fala comigo direito, só trabalha e me responde no WhatsApp com emojis de joinha.
Então eu meio que aprendi a lidar com tudo sozinha.

É difícil, mas eu consigo.

Faz pouco tempo desde que as luzes se apagaram. A única fonte de luz que temos é o painel com o número de jogadores, que agora são 361.
Jeong, Nayeon, Chae, Dahy e Momo estão dormindo. Mina está sentada na cama dela com os braços cruzados e com uma feição fechada.
Ela foi ao banheiro para limpar sua calça logo após o jogo do labirinto acabar e voltou meio brava. Não disse o motivo até agora, mas deve ser coisa boba, acho que não conseguiu limpar a calça direito.

Sana estava deitada de lado, com a cabeça apoiada em sua mão, tentando fazer a Tzu dormir. Pelo o que eu entendi, Tzuyu está com medo de dormir e acontecer alguma coisa durante a madrugada.
Confesso que eu também estou com medo de fechar os olhos e aquelas formas geométricas humanas entrarem aqui e matarem todo mundo no meio da noite, mas creio que isso não irá acontecer.

Como eu não tinha nada para fazer, fiquei observando as duas conversando na cama ao lado.

—Eu quero ir pra casa, Sannie.— Tzuyu chorava silenciosamente enquanto abraçava a barriga de Sana.

—Todo mundo, minha princesa, todo mundo.

Eu não sei o motivo, mas eu fico muito mal quando a Chou chora. Talvez porque ela seja a mais nova entre nós, e eu sinta uma necessidade maior de protegê-la, mas ela já tem a Sana para isso, o que me deixa feliz e aliviada.

Squid Game • TWICEOnde histórias criam vida. Descubra agora