11/02/2020
Por Bruna.
Não era a intenção chegarmos ao mesmo tempo na cantina, mas por algum motivo isso aconteceu. E todo esses olhares e atenção... Meu corpo congela.
- Somos amigos ainda né? -ele pergunta e eu concordo com a cabeça. -Então age como sempre e vamos pegar juntos o lanche e fingir que só estamos conversando.
Ele sai andando e paro no meio do caminho e me olha.
- Você vem, Bruna? -ele estende a mão.-
Meu olhar se direciona ao Miguel que está claramente com raiva por algum motivo. Talvez porque eu disse que não demoraria, mas demorei.
- Eu vou nos meus amigos primeiro. -digo.-
- Tudo bem. -ele vai até a fila do lanche.-
Tiro forças não sei de onde e caminho até a mesa com as meninas e o Miguel. Meu olhar não se desvia do dele nem por um segundo e a cada passo, é como se seu olhar esfriasse.
- Oi. -digo tentando sorrir, ainda encarando o Miguel.-
- Onde você estava? -pergunta a Tori.-
- Biblioteca. -respondo ainda encarando o Miguel.-
- Esse tempo todo? Só na biblioteca? Sozinha? -Miguel questiona.-
Respiro fundo e sinto meu estômago pesar.
- Sim. -respondo.-
Eu realmente estava na biblioteca, só não estava sozinha.
- Vocês vão discutir? -pergunta a Carol.-
- Por que eles discutiriam? -pergunta a Tori. -Não tem motivo, não é Miguel?
E finalmente ele para de me olhar e encara a Tori.
- Clima pesado hoje não, por favor. -pede a Júlia.-
Penso seriamente em me sentar junto com a Grazi e as outras meninas, mas ao ver que a Ana e a Eve cochicham entre si e me olhando de vez em quando, desisto da ideia.
- Senta Bruna. -manda a Carol.-
Me sento ao lado de Miguel, de frente para a Tori.
- Não vai almoçar? -pergunta a Júlia.-
- Estou sem fome. -respondo.-
Realmente estou, essa pequena mistura de sentimentos causou isso. Porém, normal.
- A Carol estava falando que o Daniel a chamou para sair. -a Júlia fala.-
- Sério? Que legal. -me animo um pouco.-
- Sábado, vamos para uma sorveteria. Aquela perto da sua casa. -a Carol fala escondendo a animação.-
Sinto o olhar do Miguel sobre mim e o encaro. Indescritível define bem.
- O que foi? -pergunto.-
- O que? Nada. -ele responde.-
- Eu fiz algo? -pergunto já sentindo uma pontada de culpa.-
- Você fez? -ele questiona.-
- Miguel! -as três repreendem ele.-
Sinto minha respiração descontrolar e meu peito pesar.
- Eu estava na biblioteca. -digo tentando manter minha voz firme.-
- Cadê o livro? -ele se refere ao livro que eu falei que iria pegar.-
Sinto o nervosismo me invadir e olho para a Tori, peço socorro só pelo olhar.
- Chega disso, Miguel. -a Tori se levanta irritada. -Poxa! O que você tem? Do nada fica irritado e sai descontando nos outros.
Ele se levanta também e os dois se encaram, pesando o clima na mesa.
- Fala, o que foi? -ela insiste gritando.-
Alguns pessoas olham para a nossa mesa. Ele me olha irritado e sai da cantina andando, atraindo mais olhares.
Eu não sei o que aconteceu aqui, mas por algum motivo eu sinto que causei tudo isso. Sinto uma vontade imensa de chorar e minha respiração descontrola.
- Eu vou atrás dele. -digo me levantando. -Vou falar com ele.
- Tem certeza? -pergunta a Tori.-
Não.
- Sim.
Saio andando da cantina, tentando ignorar ao máximo todos os olhares e a vontade imensa de ir para meu quarto e chorar.
Paro no corredor e pego meu celular.
_ Onde você está?
_ Miguel?
Miel: Jardim dos fundos
Guardo o celular e corro até o jardim dos fundos. O encontro sentado na grama, debaixo de uma árvore olhando para o nada. Me aproximo e sento ao seu lado.
- Sinto que sou culpada por tudo isso. -confesso baixinho, falando mais para mim mesmo do que para ele.-
Ele permanece imóvel e em silêncio. Isso me tortura muito. Ele simplesmente me puxa para o lado dele, fazendo com que seu braço fique em volta da cintura e eu encosto a cabeça no seu ombro. Minha respiração vai se normalizando aos poucos.
- O que foi? -sussurro.-
- Dia ruim. -ele sussurra de volta.-
- Sorvete? -sugiro e um sorriso se forma nos meus lábios.-
Ele solta uma risada fraca, olha para a grama e seu olhar se direciona ao meu.
- Você paga dessa vez. -ele fala rindo.-
- Tudo bem. -acabo rindo também.-
Uma de suas mãos está na minha cintura, a outra ele leva até meu rosto e se aproxima mais ainda de mim.
- O que você está fazendo? -pergunto sussurrando.-
- O que eu queria ter feito há muito tempo. -ele sussurra.-
Seu rosto se aproxima mais do meu e eu o afasto. Ele suspira.
- Desculpa. -peço, não sei nem porque.-
- É por causa dele né? -ele pergunto e eu o olho confusa.-
- Ele quem? -pergunto.-
Ele se afasta de mim e se vira para olhar o jardim. Continuo o olhando.
- O Mark. -ele responde.-
Sinto meu corpo gelar e minha respiração se descontrolar.
- Eu vejo como você olha para ele, é o mesmo olhar que você me olhava. -ele fala e sinto um pontada de decepção na sua voz.-
- Não te entendo, porque isso agora? Depois de todos esses anos... -digo e me viro também para olhar o jardim.-
- Lembra do dia que eu briguei com o Everton? -assenti. -Então, naquele dia eu...
Ele para de falar e me encara. Um sorriso se forma em seus lábios.
- Naquele dia eu me apaixonei por você.
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O Amor Fala Mais Alto
RomanceSabe a velha história onde um casal se junta por causa de um desafio? Essa não é muito diferente. Mark não notava Bruna até seu amigo desafia-lo a conquista-la, como consequência, ele se apaixonou por ela. Talvez o destino mantenha eles juntos, o...