Capítulo 9

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28/01/2020

Por Bruna.

Odeio o fato do Miguel falar as coisas parecendo que sente algo por mim, mas no fim ele não sente nada e fala que eu estou vendo coisas onde não existe. E o pior é que isso mexe comigo, e eu odeio muito isso.

- Bruninha? O que foi? -a Grazi me tira do mundo da lua.-

Estamos nós duas na biblioteca, ela está lendo e eu estou tentando pensar no trabalho de artes. Nós não andamos juntas sempre, porém sempre nos ajudamos e bem, ela é uma das mais próximas e esta sempre que eu preciso. Estamos com tempo livre, tivemos quatro aulas pela manhã e agora a tarde estamos sem aula, pois está tendo uma reunião com todos os professores e a direção sobre alguma coisa ai.

- Miguel. -respondo e olho para o nada.-

- Ele está fazendo aquilo de novo? -ela fecha o livro.-

- Sim. -respondo. -Eu odeio isso, odeio que ele tenha tanto efeito em mim.

- E o plano de esquece-lo? -ela me abraça de lado.-

- Ele fazendo essas coisas eu não consigo. -suspiro derrotada.-

Ficamos conversando mais um pouco ela voltou a ler o livro. Não sei o que fazer para o trabalho de artes, na verdade, eu até sei. Eu tive muitas ideias, porém eu não quero ter que compartilha-las, gosto de manter parte da minha vida em segredo.

Meu celular vibra, sinal de mensagem.

Miel: Oi

_ Oi

Miel: Onde você está?

_ Biblioteca, com a Grazi

Ele só visualizou e não respondeu mais nada.

- Eu preciso ir, combinei de me encontrar com as meninas. -a Grazi se despede e sai, levando o livro com ela.-

Olho em volta da biblioteca, todos os livros... Quase ninguém vem aqui, está quase sempre vazio.

- Oi. -escuto e me viro.-

Miguel.

- Oi. -sorrio e ele sorrir de volta.-

Droga!

- Lendo "A culpa é das estrelas" de novo? -ele pergunta rindo.-

- Não, estou pensando no trabalho de artes. -respondo.-

Ele se senta na cadeira do meu lado.

- O que você anda lendo? -pergunto reparando que ele está segurando um livro.-

- "O menino do pijama listrado". -ele me olha sorrindo.-

- Parece que alguém me escuta. -comento sorrindo.-

Eu recomendei a ele esse livro, antes das férias.

- Sempre te escutei. -ele sorrir mais ainda.-

Sinto meu rosto queimar. Droga! Olho para o chão e um sorrio involuntário se forma no meu rosto. Ele rir percebendo o que causou.

- O que você pensou para o trabalho? -ele pergunta olhando para minha folha em branco.-

- Não sei, pensei em muitas coisas, mas ainda não achei algo que eu queira compartilhar. -respondo. -E você? Já sabe o que fazer?

- Sim. -ele me encara de novo e sorrir mais ainda.-

- O que? -fico curiosa.-

- No dia você descobre. -ele pisca um olho.-

- Chato. -reclamo e ele rir.-

Ele abre o livro e começa a ler, eu volto a tentar me concentrar no trabalho. Estou só tentando mesmo, porque com a presença dele é impossível. Efeito Miguel Mendes.

Observo ele de canto de olho, seu expressão está concentrada, ele olha fixamente para o livro. Pego meu caderno pequeno (é praticamente um diário) debaixo dos livros ao meu lado. Pego um lápis e começo a rabiscar algo.

Sinto ele colocar sua mão livre por cima da minha, com a outra ele está segurando o livro. Olho de canto de olho para ele e um sorriso se formou em seus lábios. Volto a encarar meu caderno e respiro fundo, ele percebe meu nervosismo e aperta delicadamente a minha mão.

- Não faz isso. -peço num sussurro.-

- Isso o que? -ele sussurra de volta.-

Respiro fundo e conto mentalmente até 10. É sempre isso, sinais vermelhos disfarçados de verdes. Por mais difícil que seja, tiro minha mão debaixo da dele e o escuto suspirar. Sinto um calafrio no meu estômago e meu coração dispara.

Não conversamos mais nada, o silêncio tomou conta do local, apenas aproveitamos a companhia um do outro, ou pelo menos eu aproveitei a dele.

Por Miguel.

Eu não sei o que fazer, não sei como falar ou demonstrar para ela. Agora foi uma tentativa, porém ela recuou e não entendo bem o porque. Talvez porque quando eu demonstrava, dois segundos depois fingia que nada aconteceu.

Não consigo me concentrar no livro com ela perto de mim. Esse silêncio é horrível, apesar da companhia ser ótima. Eu não sei como falar com ela, como puxar um assunto, parece que não tem nada o que conversar.

Cinco minutos de silêncio já, estou na mesma página faz tempo. Ela continua a rabiscar seu caderno, tento olhar de canto de olho, sua expressão demonstra que ela está claramente confusa, conheço bem esse rosto.

- Bru... -ela me corta.-

- Não fala nada, por favor. -ela pede.-

Eu fecho o livro e olho em volta da biblioteca. Sorrio porque tive uma ideia brilhante de como melhorar as coisas entre a gente.

- Vamos tomar sorvete? -falo de uma vez para ela não me cortar-

Nos encaramos e um pequeno sorriso se forma em seus lábios.

- Napolitano? -ela pergunta se animando.-

- Napolitano. -concordo.-

Ela junta as coisas dela e eu pego meu livro. Saímos da biblioteca e caminhamos até a cantina, fomos até a parte de máquinas de venda automática.

- Você paga dessa vez. -ela fala animada.-

- Ta bom. -eu concordo rindo.-

Coloco o dinheiro na máquina e digito o código do sorvete de napolitano, um pote de quase 500ml. Ela pega duas colheres e sentamos ao redor de uma mesa, dividimos o sorvete.

- Está melhor? -pergunto a vendo mais animada.-

- E quem disse que eu estava mal? -ela me olha arqueando uma sobrancelha.-

- Te conheço muito bem, Bruninha. -respondo rindo um pouco.-

- Você é ridículo. -ela comenta rindo.-

- Você me ama que eu sei. -comento rindo também.-

- Só um pouco. -ela coloca outra colher de sorvete na boca.-

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