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--- Fiquei sabendo sobre o tal baile que vai ter em sua escola --- comentou mamãe.

--- Eu ia te falar hoje, mãe.

--- Podia ter me falado ontem a noite, mas, mudando de assunto --- ela estava chateada, mas logo começou a sorrir. --- Vai com que roupa?

--- Não sei, estava pensando em comprar alguma, mas não quero gastar o meu dinheiro, não agora.

Mamãe ficou quieta por um tempo, por sua expressão ela estava pensativa.

--- O que achas de usar o vestido que ia para o casamento?

--- Não é uma má idéia --- comentei olhando para o relógio, são 11:40. --- Mãe, desculpa, tenho que correr para me arrumar, estou SUPER atrasada.

Depositei um beijo em sua testa e corri para me arrumar.

[...]

São 12:07, estou atrasada, que legal. No meu segundo dia já estou me atrasando, fora que, nem passei creme em meu cabelo graças a correria, ele deve estar um "bagulho" --- como dizem.

Eu havia colocado um vestido bege um pouco cheio e um all star branco, já que eu não sou muito fã de salto.

Quando vou abrir a porta do restaurante, Matthew sai do mesmo, me olhando surpreso.

--- Achei que as meninas tinham te avisado --- disse ele, fechando a porta.

--- Sobre o que? --- perguntei confusa.

--- Mandei detetizar o restaurante, pois ontem quando vocês saíram apareceu algumas baratas e, não quero que aconteça isso quando os clientes estiverem aqui.

--- Ah, entendi --- falei, arrumando a alça da bolsa em meu ombro. --- Então acho que vou indo.

Não fazia sentido eu ficar lá, eu faria o que? Ficaria brincando de pique-esconde?

--- Não --- segurou em meu braço. --- Já que está aqui, não...não quer sair comigo? --- perguntou ele, coçando a nuca.

Senti meu coração acelerar e, por um momento, esqueci como falar.

--- Acho melhor não, eu nem...

--- Eu falo com sua mãe --- falou ele, rapidamente, não me deixando continuar.

--- Então, acho que tá tudo bem --- sorri.

Na verdade, não estava. Sair com meu chefe? No meu segundo dia de trabalho? Devo ter batido a cabeça.

Matthew passou por mim, indo em direção do carro e abrindo a porta do mesmo.

--- Primeiro as damas --- apontou para o carro, sorrindo.

--- Obrigada --- retribui o sorriso e entrei no carro.

[...]

--- Você tem duas empresas? --- perguntei boquiaberta. Ele concordou. --- Mas, por quê você não fica em nenhuma delas?

--- Não sei, prefiro Chicago, sabe? E meu sócio sempre fica lá. Geralmente só dou uma passada quando tem reuniões.

Ele estacionou o carro em uma vaga. Estávamos na praia, eu NUNCA vim para a praia.

--- Aqui é lindo --- comentei, observando as pessoas correndo pela areia, pulando no mar, mas, o que mais me chamou atenção foi as ondas, indo e vindo, como uma dança.

--- Você nunca veio à praia? --- perguntou, abrindo a porta do carro para mim.

Neguei com a cabeça e sai do carro sussurrando um "obrigado". Meus pais nunca me trouxeram para a praia por não terem muito tempo de sobra --- e quando tem, decidem visitar nossos parentes.

--- Então hoje te mostrarei tudo o que conheço por aqui --- disse ele batendo a porta do carro. --- Vamos lá, tire os sapatos.

Achei estranho, e então fiz uma expressão confusa, mas depois de algum tempo entendi o porque. Tirei meu all star, o colocando no banco de trás pela janela. Ele tira a blusa Hugo boss verde e preta que estava usando e, só assim, pela primeira vez, percebo as poucas tatuagens que ele tem em seu abdômen e algumas nos braços. Essas tatuagens o deixa tão... rebelde.

Matthew vai na frente e vou o seguindo. Era incrível, parece que aqui eu tenho mais ar livre, eu me sinto bem. Talvez seja por isso que as pessoas gostam tanto de vir à praia.

Matthew me guia até a areia, o que faz com que eu abra um sorriso de orelha a orelha, igual ao de uma criança quando ganha um brinquedo novo. A sensação de pisar aqui é tão boa que me dá vontade de deitar e não levantar mais, aquelas areia finas fazia cócegas em meus dedos.
Matthew pegou em minha mão, logo me puxando para a água, quando chegamos a beira do mar abri um grande sorriso. Era como estar no paraíso com toda essa areia, com o mar, com o Matthew.

Não sei como e nem porque, ele faz com que eu me sinta bem, talvez pela forma que ele me trata, pelo jeito que ele me cumprimenta ou, até por seu lindo sorriso.

--- Mel? --- chamou, com uma expressão confusa em seu rosto.

Foquei meu olhar nele, continuando quieta. Aqueles olhos castanhos claros me observando me trazia uma energia estranha. Talvez seja pelo motivo de eu ter namorado pela última vez a dois anos atrás, o que se torna tudo novo para mim, troca de olhares, sorrisos, beijos, palavras carinhosas... falando em palavras carinhosas, só agora percebi que ele havia me chamado de Mel. "Mel"? Ele nunca me chamou assim. Tudo bem que faz apenas três dias que nos conhecemos, mas, é estranho --- mas é bom.

--- Oi? --- respondi, acordando de tais pensamentos.

--- Você está bem? --- perguntou, se aproximando.

Assenti. Mas, na verdade, eu não estava bem, principalmente com tal aproximação. Percebi que ainda o fitava, e então tirei meu olhar dele para o pôr do sol que nascia lindamente. Olhei para o lado e percebi que ele estava mais perto do que eu esperava, mas, também percebi que haviam poucas pessoas na praia.

--- Que horas são? --- perguntei.

--- 19:45 --- falou olhando no relógio em seu pulso.

Por um momento dei uma risadinha sem graça achando que ele estava brincando, mas logo minha expressão mudou.

--- Eu tenho que estar em casa 20:00h --- falei em meio a desespero. --- Tenho que ir.

Saí andando pela areia fina e macia e indo em direção ao carro para pegar meu tênis.

--- Eu te levo --- falou ele, aparecendo do meu lado.

--- Não precis...

Pela segunda vez ele me interrompe hoje.

--- Faço questão --- falou abrindo a porta do carro para mim.

--- Obrigado --- sorri amarelo.

Enquanto ele entrava, eu limpei meu pé na calçada, peguei o tênis no banco de trás do carro e o calcei.

Ele ligou o carro e começou a dirigir, fazendo uma curva para sair da vaga em que parou o carro.

--- Você disse que tem que estar na sua casa 20:00h, não é? --- perguntou e assenti com a cabeça. --- Então hoje não vai, quer dizer, iria para a escola?

--- Eu deveria ter ido, mas, hoje meu pai volta de viagem e, não nos vemos a duas semanas e alguns dias. Então, minha mãe e eu vamos o buscar no aeroporto.

--- Entendi.

[...]

--- Pai --- gritei, correndo e o abraçando fortemente.

Juro que, naquele momento, eu estava parecendo uma criança de seis a nove anos, quando volta da escola toda feliz.

--- Tudo bem, princesa? --- perguntou, se soltando de meus braços.

--- Tudo ótimo, tenho ótimas notícias.

--- Não me diga que está namorando? --- perguntou assustado. Neguei com a cabeça. --- Então fale --- falou aliviado.

--- Só depois que o senhor falar com a mamãe --- apontei o dedo para atrás dele.

Meu pai se virou logo cumprimentando mamãe com um beijo demorado e um abraço.

Capturada por amor || Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora