02 - Incêndio.

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Jeongguk acorda e ouve apenas a respiração lenta e tranquila de Yoongi dormindo em sua própria cama, sorrindo ao ver como os seus lençóis estavam bagunçados ao redor de seu corpo.

A festa não havia acabado muito tarde, mas Jeongguk demorou até conseguir dormir. Mesmo assim, sua primeira noite em Epiphany foi tranquila.

Eles ficaram até dez e meia da noite dentro do armário — e não, Jeongguk nunca conseguia se conter em fazer piadas sobre o nome do local da festa quando tinha a chance. Yoongi o apresentou para vários bruxos muito interessantes, e também o mostrou o resto do espaço. Lá dentro ele havia visto quatro portas no total, a porta de saída e de entrada, a porta para o espaço da segunda biblioteca da escola — porque por algum motivo alguém achou que o lugar perfeito para ler e procurar livros seria no meio de uma festa — a do banheiro, e a porta que levava para a última parte do jardim. Jeongguk não saiu porque Yoongi achou o clima muito frio lá fora, e ele não iria ficar lá sozinho, por isso aproveitou a festa o máximo que pôde.

Também não sentiu mais o seu corpo ter aquelas reações estranhas que sentiu mais cedo, e isso tinha uma explicação. Jeongguk não queria acreditar que aquilo tinha alguma coisa a ver com Taehyung, mas era impossível negar, pelo menos não depois do que Yoongi falou.

Jeongguk sempre teve duas vozes que ele mesmo criou conversando em sua mente. Uma delas era a voz que seguia o lado racional, a que dizia o que ele deveria fazer, e a outra era a que dizia o que ele queria fazer. A primeira falava para ele se afastar, que esquecer da existência de Taehyung seria mais seguro para ele e para todos, e a outra gritava para Jeongguk conseguir mais informações sobre ele. Mas para isso ele não teria que necessariamente falar com Taehyung, teria?

Foi esse o pensamento que o consumiu por cerca de dez minutos seguidos, depois Yoongi o chamou para a pista, já perdido nas próprias palavras pelo efeito do álcool, e Jeongguk não teve mais tempo para pensar naquilo.

Eles chegaram no quarto às onze da noite. Antes disso, Jeongguk andou com o braço de Yoongi apoiado em seus ombros, e lá estava ele: Song Jungseo, o monitor de Epiphany, dormindo em uma cadeira no meio do pátio.

Não podiam ser vistos. A diretora havia autorizado a festa, mas não deveriam estar até agora lá fora. Não podiam acordar ele de jeito nenhum.

Eles tinham que passar pelo pátio para chegarem nas escadas que levavam para os quartos, então não haviam muitas opções. Com o maior cuidado do mundo, começaram a andar em direção às escadas. A sua sorte era que o espaço era enorme, por isso passaram a cerca de seis metros de distância do rapaz, que nem se mexeu. Jeongguk acharia que estava morto se não visse o seu peito subir e descer, a respiração calma enquanto dormia.

Chegarem até às escadas sem fazer nenhum barulho, mas quando já estava cruzando o primeiro corredor para chegar ao segundo andar, Yoongi acabou tropeçando na escada e aquilo causou um eco enorme.

Jungseo se levantou em um pulo.

Ele apontou a varinha para nenhum ponto específico, começando a procurar de onde veio o barulho. Parecia tão ofegante que chegava a ser engraçado. Felizmente, quando o monitor virou a varinha para as escadas, Jeongguk e Yoongi já estavam correndo para o terceiro andar, sorrindo silenciosamente como se fossem duas crianças que haviam aprontado algo.

E algumas horas depois, lá estavam eles. Cada um em sua cama, o clima lá fora parecendo ainda frio, a janela aberta deixando a luz natural iluminar o quarto e lembranças agradáveis da noite passada.

Era estranha a forma que Jeongguk se sentia confortável perto de Yoongi. Ele até mesmo se sentia estúpido por pensar nisso. Havia o conhecido ontem e já estava o considerando muito — o que, definitivamente, não poderia acontecer.

[🥀] a maldição de epifaniaOnde histórias criam vida. Descubra agora