3 meses atrás – Nova York
Kara estava de volta em casa. Cinco anos haviam se passado, mas seu antigo lugar não tinha mudado em nada, nem mesmo o degrau rabiscado no canto por um giz. Colocou os pés no primeiro degrau e ele rangeu, como sempre desde que tinha dez anos.
Abriu a porta com facilidade e entrou sorrateira em casa. Observação de semideusa: treinar com um filho de Hermes tinha seus prós. Nunca foi tão fácil assaltar uma casa.
Caminhou pela sala passando a mão por todos os móveis sentindo a poeira acumulando em seus dedos finos sem se importar com a sujeira.
Na estante, vários porta retratos com fotos de Kara e Alura juntos estavam postos lado a lado enfeitando o lugar além dos livros.
Sem perder mais tempo em lembranças, Kara foi até a cozinha preparar um pequeno café da manhã para sua mãe sem fazer muito barulho. Se ainda fosse igual, Alura acordaria as 07:00h em ponto para começar o dia. Kara tinha aproximadamente uma hora.
Panquecas, torradas, geleia e uma xícara de café com duas colheres de açúcar, do jeito que Alura gostava. Sorriu satisfeita e subiu as escadas seguindo para a primeira porta a esquerda.
Segurou a bandeja com uma só mão e com a outra desocupada abriu devagar a porta do quarto revelando sua mãe dormindo tranquilamente com as janelas fechadas.
Depositou o objeto na mesa ao lado da cama e caminhou até as cortinas levantando-as devagar, porém sua mãe se remexeu resmungando algo incompreensível e Kara parou no mesmo segundo. Não estava iluminado, mas também não estava tão escuro.
Assim que sentou na poltrona perto da janela, o despertador de sua mãe tocou fazendo a mesma resmungar.
- Eu não me lembro de você ser tão rabugenta assim de manhã. – Kara falou ao ver Alura quase quebrar a pequena máquina.
Ainda grogue, Alura olhava estranho para a figura sentada em seu quarto. Esfregou os olhos para tirar o resquício de sono e então pôde ver perfeitamente que a pessoa ali era sua filha. Sua filha que não dava notícias há cinco anos. Sua filha Kara.
Sem se importar com o resto das coisas, Alura se jogou contra o corpo de sua filha que a agarrou no mesmo instante. A mais velha chorava compulsivamente molhando toda a camisa da filha, mas não se importava. Era Kara ali. Ela estava de volta. E apenas isso importava.
Kara levantou carregando sua mãe como se pesasse apenas uma folha e a sentou na cama cuidadosamente.
- Você voltou! – Alura disse por fim. Ainda chorava, mas tentava se acalmar.
- Sim, mamãe. Eu estou aqui agora.
Alura continuou chorando por uma hora e Kara se manteve ao seu lado. Sua mãe apenas se acalmou quando a loira disse que tinha muita coisa pra contar e que queria aproveitar o resto do dia na companhia da mesma.
(...)
Alura observava a filha arrumar a louça do café e notou diferenças bem perceptíveis no corpo e no modo de agir da loira.
Agora sem a jaqueta de couro preta ela via os músculos nos braços se tencionar toda vez que fazia força ou como ela era ágil em guardar os pratos no armário. O cabelo estava preso em um coque mal feito, mas ela percebeu a mecha cinza e como isso o deixava rebelde.
Kara já não era mais uma garotinha indefesa que a procurava depois de ralar o joelho. Soltou um pequeno riso ao pensar que agora era Kara que faria outras crianças chorar.
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A Retaliação dos Esquecidos - SUPERCORP/KARLENA
Fiksi PenggemarPor debaixo da nevoa do mundo real, criaturas, magia, vilões, heróis, lendas, semideuses e deuses vivem por lá. Pode uma criança ser ingênua o bastante para acreditar? Ou um adulto cético o bastante para ignorar uma diferente realidade? Uma realidad...