Beleza Aprisionante - História dos Quatro Reinos

Capítulo 12

Após a conversa no salão especial do castelo secundário do Reino da Pedra, os reis se dividiram. 

Stevan foi direto para seu quarto descansar um pouco depois de todo o trabalho que teve para analisar um mísero pó. Alexander foi com Henrique ver como Philip estava. O rei Philip era velho e seu vigor já estava bem reduzido, por isso ele teve que dormir por muito mais tempo do que Charlotte para recuperar as forças, mesmo que ela tivesse usado bem mais poder do que ele durante a batalha.

Charlotte pensou em ir com os dois reis para também checar o estado de saúde do pai de Henrique, afinal ela ainda se sentia culpada de tê-lo posto na cama por causa de seu ataque falho. Contudo, havia outro trabalho que a rainha do Gelo tinha que fazer naquele momento: eliminar os espinhos gelados na cidade abaixo da colina.

Os espinhos que Charlotte havia produzido no dia anterior ainda não tinham sumido do local.

- Eu sempre achei que essas coisas derreteriam sozinhas depois de um tempo – Charlotte comentou já em frente à uma pilha de enormes espinhos de gelo que se entrelaçavam no meio de uma das ruas da cidade.

- Esse Gelo é o poder de uma rainha agraciada pelos deuses ancestrais. É claro que ele não vai derreter sozinho, Rainha Charlotte – Richard comentou ao seu lado, usando uma voz racional e com as mãos atrás das costas.

O poder de um rei não era algo que se extinguia sozinho.

Ou o próprio rei cancelava seu poder ou um outro rei de outra nação poderia utilizar seu poder real para isso, como por exemplo o Fogo de Richard.

Só que queimar a cidade para fazer o Gelo derreter não era uma boa opção se considerar a perda material que os cidadãos teriam, já que mesmo que Richard pudesse escolher seus alvos, a precisão não era tão boa assim em um cidade inteira e ainda haveria perdas muito maiores que as de agora.

Por isso, todos concordaram que a melhor opção era a própria Charlotte derreter os espinhos de Gelo, mas com o auxílio e supervisão de Richard, é claro. Ficou meio que comprovado que ele era o melhor professor para ela. E se fosse sozinha, a rainha do Gelo poderia acabar aumentando ainda mais o problema do Gelo em vez de se livrar dele.

Agora, os dois se encontravam juntos em uma das ruas da cidade. Nathaniel ainda estava exausto, por isso não pode ir com sua rainha. Mas alguns soldados tanto do Reino do Gelo quanto do Reino do Fogo acompanharam Richard e Charlotte nessa ida até a cidade. Eles ficaram um pouco mais atrás enquanto os dois reis realizavam o serviço bem na frente dos espetos.

Richard explicou a Charlotte que quando ele queria diminuir suas chamas, pensava nas coisas mais frias que já havia sentido, como neve ou uma geada. Assim, usando o raciocínio inverso, Charlotte só precisava pensar em coisas opostas ao frio para que o gelo derretesse. Ou seja, coisas quentes.

Charlotte já havia conhecido muitas coisas quentes em sua vida, de diferentes formas, algumas até bem terríveis. Mas o calor que usou como referência para que o gelo derretesse foi o calor suave e aconchegante que sentiu quando estava nos braços de Richard. O calor que emanava do corpo dele.

Isso se provou bem efetivo, uma vez que logo de primeira Charlotte conseguiu derreter o Gelo de uma rua inteira até que virasse vapor e sumisse completamente. Richard ficou bem impressionado, mas pediu que ela tivesse cautela ao usar seus poderes, uma vez que derreter Gelo também gastava energia (mesmo que muito menos do que fazê-lo). Assim, os dois foram andando pela cidade durante a tarde inteira para descongelar os espetos. Foi um trabalho duro e Charlotte ficou bem cansada no fim.

Percebendo o cansaço da jovem rainha, Richard sugeriu que eles jantassem ali mesmo na cidade, agora livre dos espetos de Gelo. Charlotte ficou bem tímida, porém, como estava cansada e não havia comido nada a muito tempo, resolveu que era melhor se alimentar direito antes de encarar uma subida para cima da colina onde o castelo se encontrava. Os dois reis pediram para alguns soldados irem buscar comida no castelo e se sentaram em uma mesa que estava na calçada de uma das ruas e que não parecia estar muito danificada.