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Rosamaria

Cheguei em casa, hoje era um dia que teria a tarde de paz. Motivo ele não vem pro almoço hoje. O remédio que Carol me deu foi muito bom, não estava mais com febre e nem com tanta dor no corpo. Eu achei muito fofo da parte dela, ter se preocupado comigo.

  Fui pro meu quarto tomar banho, lavei bem as marcas que estava na minha coxa. Eu precisava dar um jeito de comprar uma pomada, porque tem umas que estão inflamadas. Depois do banho, vesti um short e uma blusa regata.

   Fui pra cozinha preparar alguma coisa pra comer, enchi três garrafinha de água e coloquei pra gelar. Eu sempre guardava as garrafinha é um pacote de bolacha de sal no meu quarto, se ele me trancar no quarto sem alguma refeição, eu tinha pelo menos água e bolacha.

  Uma vez ele me trancou no quarto, por motivo de não ter gostado do almoço, Eu fiquei dois e uma noite, quando acordei no outro dia ele estava jogando água no meu rosto pra eu acorda, já era tarde, eu percebi que tinha era desmaiado de fome,  só não fiquei com sede porque tomei água na pia do banheiro. Depois disso eu escondo a água e bolacha no quarto.

  Terminei de preparar meu almoço, arroz com feijão e bife, comi rápido, eu percebi que com o medo dele me deixar sem comida eu sempre comia rápido, era como se a qualquer momento ele vai tomar minha comida. Terminei meu almoço. Estava lavando a louça quando escutei o barulho do carro dele. Merda não erra um bom sinal. Peguei minhas garrafinha e a bolacha e corri pra esconder no meu quarto. Quando voltei dei de cara com ele.

- Faz meu almoço- falou bravo, dava pra sentir o cheiro de álcool de longe.

- Já estou indo - corri pra cozinha pra preparar algo rápido. Como tinha arroz e feijão pronto, fui fazer um bife pra ele, ja estava terminando quando ele chegou perto.

- Não tem a porra de uma salada nesta casa - bateu a mão no meu braço o que me causou um bela queimadura no meu pulso.

- Aí aí - choramiguei, fui até A pia e joguei um pouco de água.

- Para de chorar e termina o meu almoço- me puxou pelo ombro- AGORA - gritou me assustando.

- Já estou terminando - falei tentando não chorar. Fui até a geladeira peguei alguma coisa pra fazer a bendita salada. Coloquei a comida no prato e entreguei pra ele.

- Deixa eu ver seu braço - na onde queimou tinha um grande bolha de água, estendi meu braço com medo - Isso é pra você presta mais atenção- apertou bem em cima da bolha, que estourou saindo a pele. Fiquei com o grito de dor preso na garganta, senti as lágrimas descendo pelo meu rosto - Por não ter prestado atenção, vai ficar sem janta de novo - soltou meu braço- Vai pro seu quarto.

  Abaixei a cabeça e fui pro meu quarto. Fechei a porta, sentei escorada nela. Porque eu não morre naquele acidente também? Porque eu acordei uma semana depois, daquele acidente e descubri que minha vida tira mudado pra sempre.

- Mãe era tão bom quando era só nos duas - falei baixinho- Você me prometeu - falei chorando- Que nunca ia me deixar sozinha - limpei as lágrimas que insistia em cai- Porque você me deixou? - fechei meu olhos - Ele não presta mãe - levantei do chão deitei na minha cama - Eu quero morrer.

Eu chorei, chorei por ter perdido minha mãe, chorei por ele ter entrado na minha vida do nada, e chorei porque eu não tinha mais motivo pra vive.

(...)

Fui pra escola, mais a vontade era de não ter ido, eu estava com olheiras, com fome, e com dor no braço, em falar em braço sai correndo de casa que não fiz um curativo e nem peguei um moletom pra esconder isso. A vontade era nem entrar na escola. Entrei na escola de cabeça baixa, pra não precisar fazer contato visual com ninguém.

- Aí- reclamei de dor quando senti uma mão aperta meu braço queimando.

- Desculpa- falou Carol assustada- O que foi isso- olhava meu braço com os olhos arregalados.

- Queimei fazendo almoço- falei

- Passou alguma coisa aqui - ela  encarava meu braço. Neguei com a cabeça- Temos que passar alguma coisa- soltou meu braço e procurou alguma coisa na mochila- Droga não tenho nada aqui - falou frustrada.

- Tá tudo bem Carol- tentei acalmar ela.

- Não Rosa - falou digitando algo no celular numa velocidade que fiquei até tonta - Isso pode inflamar- levou sua mão na minha testa - Você está bem - eu tava sentindo que eu iria cair.

- Eu não sei - segurei no seu braço.

- Você está gelada - tirou uma garrafa de água da mochila- Toma um pouco - Tirou um sanduíche também- Come - ela foi andando comigo até num banco no pátio da escola - Come devagar pra não passar mal - passou a mão pela minha testa tirando uns cabelo dali.

- Desculpa- falei comendo mais devagar.

- Não precisa pedir desculpa - levou de novo a mão na minha testa- Com febre você não está - falou

- O remédio que você me deu foi bom - bebi mais um pouco de água- Obrigada pelos remédio.

- E a garganta como está- fiquei confusa por um momento até que lembrei da minha mentira.

- Tá um pouco melhor - vi ela me encarando com um olhar de preocupação- Não estava nem conseguindo comer direito - menti, pra justificar meu quase desmaio.

- Logo você vai ficar boa - o sinal tocou- Você está melhor pra entrar?

- Não muito mais vou ficar - falei desanimada.

- E se a gente não entra na sala - falou animada.

- Tá doida - falei assustada, se meu pai descobri tô ferrada.

- E sério Rosa vamos? - ela parecia uma criança animada.

- Mais pra onde? - eu ainda estava com medo.

- Vamos no parque - falou- A gente toma sorvete - falou com os olhos brilhando- Come cachorro quente- falou- Vamos fazer coisa de gente jovem - coisa de gente jovem, eu nem sabia o que era coisa de gente jovem, mais a animação dela era tanta que eu já tinha me convencido - Vamos?

- Vamos - ela comemorou animada.

- Vem antes que eles fecham o portão- segurou na minha mão e saiu correndo, me puxando pra fora da escola. Espero que nada de errado aconteça.



Continua...

You showed me love  (Rosattaz)Onde histórias criam vida. Descubra agora