Eight

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"A felicidade perderia seu significado se ela não fosse equilibrada pela tristeza."

- Carl Gustav Jung.

Você já ouviu aquela teoria de que tudo isso é só um sonho? Tudo o que temos e vivemos, nossa família, nossos amigos. Tudo parte de algo criado pela nossa mente.

Sendo mais específico, a teoria diz que estamos em um coma profundo, deitados em uma cama de hospital, inertes, afundando em nossos pensamentos. Essa teoria bizarra também conta que quando escutamos uma voz familiar, seja de um ente querido ou alguém que já perdemos, significa que as pessoas do lado de fora estão tentando nos acordar deste coma. Tentando nos reanimar, nos trazer de volta para casa.

Faz um pouco de sentido, se você pensar bem. Quer dizer que somos importantes para alguém, que fazemos a diferença na vida de algumas pessoas.

Mas... Trazer alguém de volta nem sempre é fácil, não basta apenas chamar, gritar seu nome, implorar. Na maioria das vezes, isso requer bem mais do que um som, um choro angustiado. Noites em claro, imaginando se as coisas seriam diferentes de alguma forma, se ter optado por uma noite de filmes em casa ao invés de sair para ir até a farmácia ou o supermercado, faria tudo mudar...

O som dos monitores é o que mais intriga. O barulho repetitivo, invadindo a nossa mente, indo cada vez mais fundo, inundando nossos pensamentos. A cada vez que o som ecoa pelo quarto frio, um tremor silencioso percorre meu corpo, subindo pela espinha e se instalando incômodo na nuca. A dor da perda com certeza é uma das piores no mundo, entretanto, a dor de não saber o que fazer quando a vida de uma pessoa que você ama está nas suas mãos, é ainda pior.

Ainda me sinto culpado, ainda sinto como se tudo isso pudesse ter sido evitado. Se eu não estivesse doente, se não precisasse de remédios, toda essa merda não estaria acontecendo.

Sim, é tudo culpa minha. Ninguém pode me fazer mudar de ideia sobre isso. Já aceitei minha sentença, já me decidi sobre o desfecho final desta história. Está tudo bem, nós ficaremos bem.

- Ele parece morto. - uma das gêmeas comenta, parada ao lado da porta do quarto. Johannah, de pé ao seu lado, cutuca seu ombro de leve, repreendendo-a. Observo a cena pelo canto dos olhos, sem energia alguma para me fazer presente.

- Ele não está morto, pare de falar besteiras. - Lottie responde baixinho, segurando a mão da irmã menor. Sinto vontade de sorrir, mas é cansativo demais.

Morto. Essa palavra me faz sentir uma dor tremenda nos ossos, me faz ter vontade de gritar e socar as coisas.

Me mantenho parado, olhando para a cama, olhando para ele, deitado nela como se estivesse em paz.

Deveria ser eu ali, naquela cama, sob aquele lençol, com aqueles fios ligados ao meu corpo. Deveria ser eu, não ele.

- Eu não estou falando do Lou, estou falando do Harry. - a pequena diz um pouco mais alto dessa vez, olhando para mim, que me encontro imóvel na poltrona encardida ao lado da cama. Meus olhos focados em meu marido desacordado e pequeno feito uma criança doente. O verde esmeralda dos meus olhos, uma vez luminoso e cheio de vida, agora opaco. Escondido sob as olheiras e um vermelho profundo feito sangue.

- Ele está morrendo. Por dentro. - Fizzy divaga. Ela abaixa a cabeça e fecha os olhos, tentando reprimir as lágrimas. - Lou é o coração dele. Ninguém vive sem um coração.

Ela está certa, Lou é o meu coração, minha alma, ele é tudo. Sem ele eu jamais conseguiria seguir em frente, eu morreria feito um peixe fora d'água.

- Já chega, meninas! - Johannah repreende as filhas. Os olhos cheios de lágrimas entregam o quanto ela se sente triste com tudo isso. - Vamos lá para fora, vamos deixar o Harry sozinho com o Lou, ele precisa de um tempo para assimilar as coisas. - ela complementa, empurrando as filhas para fora do quarto.

We'll Be Alright [☆ls fanfiction☆] ⚠️EM HIATUS⚠️Onde histórias criam vida. Descubra agora