CAPÍTULO 2

333 30 17
                                    

Seyfert como planeta não era tão grande como a Terra. Em termos de comparação, ele poderia facilmente ter o mesmo tamanho escalonado de Mercúrio.

Contudo, bastou uma olhada na superfície daquele lugar, e já era possível observar as semelhanças – e diferenças – apontadas por Eros com àquele lugar que fora, durante séculos, o seu lar.

A atmosfera ali era mais agradável, o clima mais ameno, provavelmente em decorrência da presença - e prevalência - de vastas e densas florestas, responsáveis por preencher diversos hectares de terra e se estender até onde a vista alcançava. Os únicos intervalos existentes consistiam nos lagos que, a distância, pareciam ser de uma profundidade considerável e, supunha, fontes de água potável.

Druig não duvidava que aquelas matas estivessem cheias de Deviantes. A cobertura quase total do solo e a presença de água mostrava que aqueles territórios seriam um habitat perfeito para a espécie, além de, possivelmente, garantir esconderijos dos mais variados contra os Eternos.

Talvez manter uma quantidade de florestas tão grande não tenha sido muito inteligente por parte de seus semelhantes. A passagem para o transporte de água devia ser complicada e extremamente perigosa, uma vez que estariam totalmente expostos aos perigos de tais seres e, possivelmente, de outros. Porém, ele preferiu guardar a observação para si. Passara tanto tempo com os humanos que, talvez, a vontade de desmatar e devastar a natureza tenha se tornado algo inerente a ele. Druig preferia pensar que a resposta a isso tivesse um teor negativo.

No meio da imensidão verde, erguia-se um muro feito de um material que remetia à pedra, intercalado com diversas espécies de plantas – o que trouxe uma sensação de nostalgia ao Eterno. Lembrava-se da Babilônia. Uma época em que as relações entre os membros de sua família eram menos complicadas e nebulosas.

Ou elas sempre foram e ele só percebera tarde demais. Ele, Sersi e os outros.

"A cidade tem um nome?" – questiona Makkari.

Druig nem sequer tinha notado o aparecimento dela e do resto dos ocupantes da Domo. Estivera totalmente imerso admirando a paisagem e perdido em pensamentos para isso.

Não só isso! A verdade era que ele havia perdido a confiança em todos, até em si mesmo.

A descoberta de seu verdadeiro propósito e a confirmação de suas suspeitas mexeram com suas estruturas. Como poderia confiar em qualquer coisa depois de ter sido conivente, mesmo que sem saber, com tantas atrocidades? Como confiar novamente quando havia seguido líderes tão cegamente durante séculos, antes de sequer questionar se o que fazia era certo ou errado? Ele amara Ajak. Mas nunca a perdoaria pela dúvida que hoje o corroía por dentro.

Então o distanciamento dele era proposital e Makkari sabia disso.

Thena também.

- É Ironwyn. A capital de Seyfert. – Eros informa. Algo como mágoa marcava suas feições. – A responsabilidade pelo equilíbrio dela é papel de Amaa. – ele se afasta do observatório. – Além desta, existem Lakeburn e Seyoln, cada uma posta a cargo de um membro diferente dos Eternos Seyfertianos. Não há muitas cidades porque fica mais difícil cobrir muitos territórios de uma vez... Vocês sabem, em caso de ataques.

- Em contrapartida, há maior fartura aos Deviantes. – Thena afirma. Aquele havia sido o mesmo pensamento de Druig. Menos territórios, mais pessoas.

Mais pessoas, maior o jantar.

- Eles são eficientes na defesa de suas cidades, Thena. Pode acreditar. – ele falara com tanta certeza que era difícil contestar aquilo. – Ouçam, não pousaremos na cidade. Para falar a verdade, o mais indicado seria deixar a Domo pairando acima de Ironwyn.

OMPHALIC | DruigOnde histórias criam vida. Descubra agora