CAPÍTULO 10

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- Ótimo! Não tem problema. Só vou perguntar a Druig se ele se lembra do envolvimento romântico entre vocês dois.

*

Uma desvantagem imensa de se ter Aurelle como melhor amiga era que ela a conhecia como a palma da mão e, infelizmente, isso a dava o poder de saber exatamente o que dizer para deixar Mneme sem reação – além de ter o conhecimento daquilo que a afetava e, para falar a verdade, como a manipular também.

- E então? – pressionou.

- Não tenho tempo para isso, Aurelle. – Mneme responde, massageando a têmpora na tentativa de afastar o que era o início de uma bela enxaqueca. – Temos coisas mais importantes a tratar.

- Sim, temos e eu nunca disse o contrário! – retruca. – Mas isso não significa deixar isso para lá! Não consigo entender o motivo de você evitar esse assunto.

- É só que não sei o que pensar sobre. – responde, sinceramente. – Não esperava por isso!

- Que vocês tivessem tido algum tipo de relacionamento eras atrás?

- Exatamente.

- Mas não era você que dizia sentir uma conexão com o Druig? – Aurelle questiona. – Agora sabemos o porquê!

- Sim, mas...

- Mas o quê? – a Eterna de pele prateada interrompe. – Por tudo que se pode considerar sagrado, Mneme! Qual a dificuldade de aceitar a realidade: você e o Druig se gostam, há eras, aparentemente.

- A questão é que, para além de mim e Druig, nós os conhecíamos. Todos eles! E Daina não falara nada. Deve haver uma razão para isso, não acha? Provavelmente, mesmo que estivéssemos juntos, não éramos compatíveis ou... 

- Na verdade, não acho que exista uma razão para isso. Acho que estás com medo.

- Medo? - Mneme ri. - Medo de quê, exatamente?

- Medo de admitir que não tem mais desculpas que façam com que não sigam com isso. Então, está tentando, de forma patética, devo dizer, arrumar algo mirabolante para não ir atrás do que você quer... Sejamos sinceras, toda a história de estar sendo influenciada por Eros acabou de cair por terra. O que faz com que você não tenha mais nenhum motivo plausível para evitar estar com o Druig. – Aurelle para, analisando-a, até que diz: - A menos que tenha medo dele não sentir o mesmo.

Bingo!

Porque a verdade era exatamente aquela. Mneme estava com medo de ser rejeitada. De não ter seu sentimento correspondido. Sim, ela e Druig haviam flertado. Bastante, inclusive. Mas aquilo não significava que o que ele sentia era algo verdadeiro ou que desejava ter algo romântico com ela.

Era mais fácil fingir que nada tinha mudado. Era mais fácil continuar defendendo a ideia de que Eros estava usando os dois. Era mais fácil reprimir aquilo e seguir em frente, não correr riscos. Afinal, ela não havia feito isso a vida toda? Evitado seguir qualquer sentimento romântico para não quebrar a cara como quebrara com Eros?

Mas aquilo não era justo, era? Aquilo seria estar agindo do mesmo modo que Daina agira, escondendo tudo de todos, negando parte de suas histórias... E o pior, era negar a si mesma a possibilidade de ter aquilo que queria.

E ela queria Druig.

Por isso, ela pergunta a Aurelle: - E o que acha que devo fazer?

- Falar com ele. – responde, como se fosse óbvio.

- Sério, gênia? Nunca imaginaria... – ela retruca, com ironia. – Não sei como o fazer e, sinceramente, não sei se quero ter uma resposta para isso. Não uma negativa, ao menos.

OMPHALIC | DruigOnde histórias criam vida. Descubra agora