7° Capítulo

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Trovão lambia seu rosto de forma frenética, aos poucos Eduardo recobrava a consciência. Estava sentado em uma cadeira com as mãos e pernas amarradas.— Para, Trovão! — Sua ordem foi logo atendida, o cão sentou ao seu lado e ficou o observando.— Ah! Vejo que acordou. — Falou a garota surgindo por trás deles, afagando com carinho as orelhas do cachorro, que não demonstrou querer atacá-la. Estavam em um barracão de uma antiga mecânica, era noite, Eduardo não sabia dizer quanto tempo permaneceu desacordado.— Me solta! O que pensa que está fazendo? Está junto daqueles malucos? Como sabe meu nome? E meu amigo, ele está bem? — A lembrança do som da granada o fez chorar, sabia a resposta para a pergunta.— Não estou com eles, e seu amigo, bem... Ele não conseguiria sobreviver de qualquer forma, sinto muito. Não ache que eu gosto de te amarrar...— Então me solta! — Interrompeu. — Eu só quero ir embora, você não precisa se preocupar, não quero nada que é seu, e não vou tentar te atacar.— Não posso fazer isso. Não podemos perder tempo, vamos começar o processo. — Ele olhou desconfiado. Ela se distanciou para buscar uma espécie de maleta, removeu alguns sensores, e com cuidado, colocou no corpo de Eduardo. Apertou um botão que fez um som agudo ao ligar.— Se você mentir eu vou saber. — Advertiu. — Qual seu nome? — Eduardo ficou em silêncio, ainda tentando entender o que estava acontecendo.— Qual o seu nome? — Perguntou colocando mais entonação na voz.— Eduardo. — Respondeu. O sensor apitou e marcou a resposta como verdade. — Por que está fazendo isso?— De que ano você é? — A pergunta intrigou Eduardo. O que ela queria dizer com isso, será que teria relação com a data do celular, como ela poderia saber disso. Pensou.— Sou de dois mil e dezoito. — O que quer dizer de que ano eu sou? Vai responder alguma coisa?— Você já foi para o passado?— Passado? O que você está falando? Não faz sentido para mim. — Eduardo estava com a cabeça fervilhando.— Você já foi para o passado? — Ela o olhava nos olhos de forma fixa.— Eu... Eu não sei, eu acordei um dia e tudo estava assim. — Mais uma vez o sensor marcou, verdadeiro.— O que significa esse "G" na minha jaqueta.— Não sei! — O sensor apitou e marcou falso. Eduardo se sentiu confuso, realmente não lembrava. — Essa sua máquina está errada, eu não sei, não sei mesmo.— Vou perguntar, apenas mais uma vez, se mentir para mim vou embora e ficará aqui. Terá sorte se algum monstro te encontrar e acabar com sua vida. O que significa esse "G" na minha jaqueta?Ele demorou a responder, ficou tentando lembrar de algo que o ajudasse na resposta, mas não lembrava, sentiu-se frustrado.— Eu só sonhei com esse símbolo, contudo não sei o que significa. — A máquina demorou dessa vez, uma pausa desconfortável. — Apitou, marcou como inconclusivo. Ela se afastou novamente, dessa vez trouxe uma bateria. Removeu os sapatos dele, e as meias, colocou um pouco de água abaixo de seus pés. Ele estava assustado, tentou se soltar mas estava bem amarrado, mal se moveu na cadeira.— O que você vai fa.... — O choque percorreu seu corpo, apertou os dentes e quase mordeu a língua. Agora já não estava mais amarrado, o local era todo pintado de branco, com muitas luzes, a sala era toda de vidro, tinha uma pequena cama, a esquerda e a direita seguiam diversas outras salas como essas, cada uma com uma pessoa. Eduardo olhou em volta, e uma garota sorria para ele, era ela, agora começava a lembrar, mais um choque percorreu seu corpo.— Sigam o treinamento, falava o homem enquanto engatilhava uma pistola. Atirem! O homem olhou para ele. Muito bem, continue assim, sua mira está melhorando muito. O terceiro choque o levou para um refeitório.— Não temos tempo de terminar nosso treinamento, eles dizem que alguns poderão lembrar do que aconteceu aqui, outros irão esquecer de tudo.— Se eu esquecer, vai me fazer lembrar, Jane? — Eduardo sorriu para ela.— Nosso sucesso depende disso, você sabe. Você é um dos únicos aqui que conseguirá resolver o problema sem mudar tanto o tempo e espaço.— É! — Suspirou. — Não sei se estou pronto para tanta responsabilidade. E se tudo isso causar um efeito borboleta e piorar tudo?— Vamos dar um jeito, eu sei que vamos...Eduardo aos poucos recobrava os sentidos.— Jane, seu nome é Jane. — Falou meio confuso. — Somos da operação Gattaca. — Ela sorriu e o abraçou.— Estou tão feliz! Você lembrou, tinha receio que estivesse falando com sua versão errada, seria catastrófico, eu não queria te machucar, mas precisava ter certeza. — Ela o desamarrou enquanto oferecia um pouco de água e comida.— E agora?— Você precisa descansar, amanhã temos um grande dia. — Jane estava séria agora. — Essa parte do treinamento nós não tivemos, mas estamos a dois quilômetros de Contrell. Não recebi muitas informações sobre esta cidade, mas sei que existe um campo de força em volta dela e que o tempo lá não se comporta como aqui, vamos até a usina. Eu realmente estou com medo do que vamos encontrar lá. Descanse! Já passou por muito hoje, amanhã iremos entrar numa cidade com muitos perigos, e pode significar o nosso fim.

Operação GattacaOnde histórias criam vida. Descubra agora